“Pagode virou grande negócio”, afirma Péricles
Cantor participou de palestra no Rio2C ao lado de Belo e Ferrugem; "Vivemos o melhor momento do samba"

Péricles, Belo e Ferrugem trouxeram o clima de samba e pagode para a Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, em uma palestra no Rio2C na tarde desta quarta-feira (28). Em vez de cantar, os três artistas subiram ao palco para falar da música pela perspectiva de criação, negócio e mercado.
“Eu sei hoje o que eu não quero. A partir disso, o olhar fica melhor para direcionar para qual caminho seguir, tendo a óptica do negócio”, afirmou Péricles. “No começo, era samba por amor, depois foi maneira de sobrevivência e hoje virou um grande negócio”. O cantor define a si e aos dois colegas hoje como empreendedores de suas marcas.
Os três artistas defendem que não há diferença entre samba e pagode e que a nova geração de músicos, como Ferrugem, colhem os frutos do trabalho dos antecessores. “Turnês como Tardezinha, de Thiaguinho, Numanice, da Ludmilla, e Serenata da GG, da Gloria Groove bebem da água do Fundo de Quintal e Exaltasamba”, analisou Belo.
Para ele, a cena atual é motivo de celebração. “Vivemos o melhor momento do samba e pagode”, disse. O cantor carioca ainda falou sobre a fase difícil que viveu na vida e a força do público ajudou-o a continuar e não desistir.
Ferrugem fez questão de reverenciar o trabalho dos dois artistas, que os chama carinhosamente de “papai”, e expressar gratidão pelo que fizeram para a cultura e a ele pessoalmente.
“Quando eu terminei meu segundo álbum, mandei para o Péricles e pedi a opinião dele. Achei que nem ia responder, mas depois de 40 minutos ele me ligou falando: ‘Posso ser sincero? As faixas 2 e 3, não gostei, não combinam com você. A 4 e a 5 também não”, conta, em tom de brincadeira e agradecimento pela honestidade. “Limei todas na hora.” Quanto a Belo, disse que “toda semana ele liga para brigar” com ele. A sensação de gratidão e respeito mútuo entre os três predominou.
A edição deste ano do Rio2C reúne 1.600 palestrantes em 21 palcos simultâneos, em uma agenda que vai até domingo (1°). Sobem ao palco profissionais de áreas como cinema, música, moda, literatura, esporte, games, ciências, meio ambiente, educação, tecnologia e arquitetura.