Exibições de orquestra na Zona Oeste chamam a atenção do público geek
Os espectadores vão ao teatro acompanhar trilhas sonoras de grandes sucessos pop do cinema
Mais de 4 000 pessoas já foram ao acanhado Teatro da Universidade Mogi das Cruzes, na Vila Leopoldina, Zona Oeste, nos últimos dois anos para acompanhar trilhas sonoras de famosos longas-metragens executadas pela orquestra SP Pops Symphonic Band. Entre composições eternizadas na cabeça dos fãs de ficção científica, como o tema principal de Star Wars, e delicadas canções infantis, como as do filme Frozen, o maestro Ederlei Lirussi rege cinquenta músicos que revivem a nostalgia de um blockbuster em semana de estreia. O projeto, que começou em 2017, chegou no domingo (11) a sua 35ª edição. Professor do Conservatório Villa Lobos, em Osasco, e regente da Orquestra Municipal de Metais, de Campo Limpo Paulista, Lirussi é o idealizador da SP Pops, que costuma preencher boa parte dos 290 lugares do teatro. A ideia de apresentar trilhas sonoras geek surgiu em 2002, quando o músico paulistano assistiu a um DVD comemorativo dos vinte anos do filme E.T. — O Extraterrestre. Na produção, o compositor John Williams, autor de trilhas de filmes como Harry Potter, comanda a orquestra Boston Pops na execução do tema do longa-metragem, sincronizada com as cenas. “Por que não fazer algo parecido por aqui?”, pensou Lirussi. Na época regente da orquestra de Campo Limpo, ele começou a tocar algumas trilhas com os músicos por volta de 2006. “Na região, a maior cidade é Jundiaí, mas não havia tanta repercussão”, lembra.
A iniciativa começou a dar frutos em 2014, quando Lirussi usou a batuta para fazer o mesmo na orquestra do conservatório de Osasco. Dois anos depois, em 2016, ao executar trilhas de filmes da Marvel, passou pelo teatro na Leopoldina. “Depois do concerto, o Nelson Martins (administrador da casa) pôs o dedo na minha cara e disse que queria esse projeto lá (no UMC).” Veio a ideia então de montar uma orquestra dedicada aos revivals musicais dos filmes que bombam na cultura pop, e assim nasceu a SP Pops. “No começo projetávamos trechos dos filmes, mas a Disney veio atrás da gente (risos)”, lembra.
O foco agora é na execução das trilhas completas, o que é permitido desde que haja destinação de uma parte da bilheteria ao Ecad, órgão responsável pelo repasse aos compositores originais. No último domingo (11), o grupo levou Space Wars: um Concerto In tergalático ao Teatro UMC. São dezesseis faixas de Star Wars. Entre uma canção e outra, com composições como A Marcha Imperial executadas fervorosamente pelos instrumentistas de percussão e sopro, os fãs da saga vibram. Cerca de 130 pessoas, a maioria com camiseta dos filmes, aproveitam a leitura à risca das partituras originais. Outro formato é Sinfonia para Crianças, em que a orquestra toca canções de filmes como Aladdin, Moana e Piratas do Caribe.
Pelo menos uma vez por mês o grupo se apresenta no espaço da Vila Leopoldina. Apesar dos bons números de frequência de público, quando o cachê da exibição é dividido, sobra pouco para cada músico. “É uma vitrine para a gente, pois começaram a surgir convites do Sesc e apresentações no interior, que dão algum dinheiro a mais”, conta Lirussi. O primeiro convite de peso para a SP Pops apareceu em janeiro de 2019. Ao lado da cantora mineira Maria Alcina, a orquestra gravou um DVD ao vivo com seus grandes sucessos. “Tocamos também na Jedicon (evento que reúne elementos do universo Star Wars), e temos convites em Minas Gerais e no Rio de Janeiro”, diz o maestro.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 21 de agosto de 2019, edição nº 2648.