Capital ganha novas salas bancadas por atores e diretores

Viradalata, de Alexandra Golik da Cia. Le Plat du Jour, é um exemplo dessa safra

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 1 jun 2017, 17h47 - Publicado em 28 mar 2013, 19h05
Teatro do Núcleo Experimental
Teatro do Núcleo Experimental (Lucas Lima/)
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Em 1954, Maria Della Costa abriu as cortinas do teatro que leva seu nome e, por mais de duas décadas, recebeu seus espetáculos. No mesmo bairro da Bela Vista, nove anos depois, a atriz e produtora Ruth Escobar construiu uma sala para encenar suas montagens. Esses dois palcos continuam ativos, sob outra gestão e — mesmo que em nada lembrem a fase áurea — representam uma época em que era comum o artista bancar o sonho da autonomia. Nos últimos tempos, atores e diretores da capital retomaram a tradição de criar e administrar espaços próprios para viabilizar as temporadas. A iniciativa teve um impacto significativo na multiplicação de palcos por aqui. Nos últimos dez anos, pelo menos dezessete companhias abriram sedes. No mesmo período, surgiram na metrópole apenas sete teatros convencionais, todos localizados em centros comerciais, hotéis ou livraria, no caso do Eva Herz.

A mais nova dona de seu tablado é a atriz e diretora Alexandra Golik, uma das fundadoras da Le Plat du Jour. Na sexta (5), ela inaugura o Teatro Viradalata, em Perdizes, protagonizando a comédia Vilcabamba com o ator Roberto Camargo. É uma produção adulta da companhia codirigida por Carla Candiotto. A sessão de sexta (5) é para convidados. No sábado (6) e no domingo (7), o espetáculo poderá ser visto pelo público. A casa não tem nada a ver com os velhos endereços alternativos, tão acanhados quanto desconfortáveis. O palco italiano com duas aberturas de cena mede 395 metros quadrados. De um lado, uma sala com plateia e mezanino recebe 273 espectadores. De outro, há 150 cadeiras espalhadas em 38 mesas para shows. Fruto de um investimento de 6 milhões de reais, o lugar ainda oferece ao público um café e, futuramente, abrigará um restaurante com área ao ar livre. “Eu me sentia como um dentista sem consultório”, compara Alexandra. “Cada peça vinha seguida de uma batalha para encontrar um local para apresentá-la.”

Teatro e Bar Cemitério de Automóveis
Teatro e Bar Cemitério de Automóveis ()

A maioria dos outros endereços surgidos nos últimos anos oferece lotação um pouco menor que a do Viradalata — entre quarenta e 100 lugares. Muitos deles também têm locais para ensaios e armazenamento de cenários e figurinos. O objetivo é dispor de um espaço próprio para fugir da disputa por datas nos teatros privados e do preço do aluguel cobrado, que varia de 20% a 30% da bilheteria ou é fixado por mês um valor que dificilmente é pago com a receita. Outro que descobriu o sabor da independência foi o diretor Zé Henrique de Paula, do Núcleo Experimental. Em um ano, o teatro localizado na Barra Funda exibiu oito espetáculos do grupo — três deles com dias gratuitos —, que permanecem em cartaz de acordo com a procura. São, no mínimo, sete sessões semanais para as montagens adultas, além das infantis.

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O imóvel foi alugado por 7.000 reais mensais e outros 150.000 reais se destinaram a obras de estrutura e à compra de equipamentos. A realização de cursos colabora para levantar a receita. “No passado, já interrompi temporadas com casa cheia porque, na semana seguinte, o local onde atuávamos estava comprometido. Quando conseguia uma nova data, meses depois, a repercussão da peça não era a mesma. Esse problema acabou”, comemora Zé Henrique.

A possibilidade de uma atividade permanente levou o dramaturgo Mário Bortolotto e a produtora Danielle Cabral a se associarem no Teatro e Bar Cemitério de Automóveis, na Rua Frei Caneca. Durante o ano passado, o grupo homônimo exibiu as peças de repertório no então chamado Estação Caneca, uma cafeteria que tinha uma sala para quarenta espectadores. Diante do fechamento do espaço, em novembro, Bortolotto e Danielle abraçaram a despesa fixa de 4.900 reais mensais para ocupar o local. “Ter uma sede nos obriga a trabalhar sem parar, porque precisamos pagar as contas. Com isso, estamos sempre em cartaz”, diz Danielle. “Já teve teatro pedindo 18.000 reais por um mês de temporada.” O espetáculo Mulheres foi visto por 1.200 pessoas desde janeiro e não fixa um valor para o ingresso. O público paga espontaneamente antes da sessão. Muitas vezes, a contribuição fica entre 30 e 50 reais.

O MAPA DA CENA

Dezessete sedes com atividade constante

Armazém XIX – Vila Maria Zélia. Rua Mário Costa, 13, Belém, telefone 2081-4647.

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Casa Livre. Rua Pirineus, 107, Santa Cecília, telefone 3257-6652.

Casa e Teatro Grupo Gattu. Rua dos Ingleses, 182, Bela Vista, telefone 3791-2023.

Club Noir. Rua Augusta, 331,Consolação, telefone 3257-8129.

Companhia do Feijão. Rua Doutor Teodoro Baima, 68, Consolação,telefone 3259-9086.

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Espaço Cia. de Revista. Praça Franklin Roosevelt, 108, Consolação, telefone 3255-0829.

Espaço Cultural Pinho de Riga. Rua Conselheiro Ramalho, 599, Bela Vista, telefone 99637-3709.

Espaço dos Fofos. Rua Adoniran Barbosa, 151, Bela Vista, telefone 3101-6640.

Espaço Parlapatões. Praça Franklin Roosevelt, 158, Consolação, telefone 3258-4449.

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Espaço Redimunho. Rua Álvaro deCarvalho, 75, Bela Vista, telefone 3101-9645.

Espaço dos Satyros Um e Dois. Praça Franklin Roosevelt, 134 e 214,Consolação, telefone 3258-6345.

Espaço Sobrevento. Rua Coronel Albino Bairão, 42, Belém, telefone 3399-3589

.■ Galpão do Folias. Rua Ana Cintra, 213,Santa Cecília, telefone 3361-2223.

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Núcleo Experimental. Rua Barra Funda,637, Barra Funda, telefone 3259-0898.

Sede Luz do Faroeste. Rua do Triunfo,301, Luz, telefone 3362-8883.

Teatro e Bar Cemitério de Automóveis. Rua Frei Caneca, 384, Bela Vista, telefone 2371-5783.

Teatro Viradalata. Rua Apinajés, 1387,Perdizes, telefone 3868-2535.

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