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“No Coração do Mundo” é uma versão bem-sucedida da obra Tony Kushner

O drama apresenta um novo e melhorado formato de uma peça fracassada

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 16h31 - Publicado em 7 dez 2012, 20h37

Lançada pelo dramaturgo americano Tony Kushner em 2001, a peça Casa/Cabul trouxe à tona conexões e colisões entre as culturas do Oriente e do Ocidente. O espetáculo ganhou o palco simultaneamente aos conflitos que aterrorizaram o planeta. Em maio do ano passado, o diretor paulista, de Sorocaba, Zé Henriquede Paula e os atores do Núcleo Experimental apresentaram uma desastrosa versão do texto. A montagem trazia atores inseguros e em diferentes registros, e o peso político, aliado às três horas de duração, tornava o programa fatigante. Não deixa de ser surpreendente verificar que o mesmo grupo faz uma revisão do projeto.

+ Leia entrevista com o diretor do Núcleo Experimental

Rebatizado de No Coração do Mundo, o drama se mostra mais que uma tentativa bem-sucedida de encenar a obra de Kushner. É principalmente uma prova de humildade de Zé Henrique de Paula em reconhecer um fracasso e transformá-lo em algo melhor para oferecer ao espectador. Chris Couto, Herbert Bianchi, Eric Lenate,Alexandre Meirelles, Thiago Ledier e Fábio Redkowikz, todos do elenco original, atuam aqui junto de mais seis atores.

Agora, a ação está mais voltada para o intimismo do que para a visão política. Chris Couto interpreta, desta vez com firmeza, uma dona de casa inglesa afogada no tédio e domada por antidepressivos. Durante a leitura de um guia sobre o Afeganistão, ela mergulha nas tradições de um território tão devastado quanto a sua rotina. O público pega carona na viagem e, em outro ambiente do teatro, vê a cidade de Cabul em meio a fumaça, tiros e pessoas amedrontadas. Lá, o marido da protagonista (papel deTony Giusti) e sua filha (a atriz Renata Calmon) investigam o que teria acontecido com ela.

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Alçada ao plano central, a Sra. Ceiling vivida por Chris vaga pelo cenário, e sua depressão equipara-se ao conflito bélico. Um coro afegão e a atriz e cantora Nábia Vilela apresentam temas que remetem àquele povo e também sucessos de Frank Sinatra. No elenco central, Renata Calmon não exibe a mesma segurança dos colegas. Do time coadjuvante, mais uma vez o ator Eric Lenate — o único destaque de 2011 — impressiona com sua caracterização e Herbert Bianchi cresce na confusão mental do personagem.

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