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Mostra reúne olhares diversos para a moda

‘Artistas do Vestir: uma Costura dos Afetos’ expõe no Itaú Cultural face excludente do universo fashion e dá voz a artistas com novas visões sobre o tema

Por Vanessa Barone
27 nov 2024, 16h30
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As curadoras Hanayrá Negreiros e Carol Barreto: moda vista de dentro para fora e atenta às relações de poder (Leo Martins/Veja SP)
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Um olhar expandido para a moda brasileira. É isso que propõe a dupla de curadoras Carol Barreto e Hanayrá Negreiros, responsáveis pela seleção dos participantes da mostra Artistas do Vestir: uma Costura dos Afetos, que abre hoje (27), às 19h30, no Itaú Cultural. “A proposta é observar a moda de dentro para fora, com as suas relações de poder e hierarquias sociais”, resume a baiana Carol Barreto, que é artista visual, designer de moda autoral, pesquisadora, figurinista e curadora. “É um convite para conhecer trabalhos que atravessam o Brasil”. Já Hanayrá Negreiros é pesquisadora e curadora de moda, doutoranda em História pela PUC-SP, mestre em Ciência da Religião pela mesma instituição e bacharel em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi.

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Parte da exposição de moda brasileira que fica em cartaz até fevereiro, no IC (Leo Martins/Veja SP)

Até 23 de fevereiro, a mostra ocupa três andares do IC, com obras de mais de setenta artistas, entre estilistas e designers de diferentes vertentes. “Escolhemos pensar a moda não somente atrelada ao vestuário, mas a todos os objetos vestíveis, como veículos para se estar no mundo”, explica Hanayrá. Cada piso será dedicado a uma “família artística”. O piso 1, batizado de Ancestralidades, reúne criações que destacam saberes antigos. Aí estão trabalhos como o de Aline Motta, que combina diferentes técnicas e práticas, como fotografia, vídeo e instalação. “Ela utiliza tecidos como suporte e faz um resgate de memórias”, explica Hanayrá.

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Trabalho fotográfico em tecido de Aline Motta, que faz parte da exposição: resgate de memórias (Aline Motta/Divulgação)

Dividem o mesmo piso, trabalhos de estilistas como Lino Villaventura, Fernanda Yamamoto, Isa Silva, Karlla Girotto e as Bordadeiras do Curtume do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, entre outros. “A intenção é mostrar outras modas possíveis”, completa Hanayrá. O artista baiano Alberto Pitta, que se dedica à estamparia têxtil há mais de quarenta anos, também participa do andar Ancestralidades, criando um diálogo entre a arte e as festas populares. Entre os seus trabalhos mais conhecidos, estão estampas para o Olodum, o Filhos de Gandhy e o seu próprio bloco, Cortejo Afro.

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“Em um percurso que leva a conhecer diversas formas de criar moda, reverenciamos as mãos que costuram tecidos e histórias. Neste espaço, moda é memória, resistência e arte”, comenta Carol, que também espera que a exposição levante reflexões sobre o quanto o ambiente fashionista pode ser excludente e racista. “Como curadoras, escolhemos falar sobre o tema como uma linguagem central nas relações humanas”

A ala dedicada à família das Contemporaneidades apresenta trabalhos que remetem a questões políticas, de gênero, raça, sexualidade e classe. Localizada no primeiro subsolo, essa parte da mostra reúne obras de designers como Fause Haten, Walter Rodrigues, Alexandre Herchcovitch, Márcia Ganem, João Pimenta e Dudu Bertholini, entre outros.

O segundo subsolo, a ala dos Fazeres Contínuos se destina a aproximar o público do universo dos ateliês, onde o ato de desenhar e costurar está em constante fluxo. “Aqui, o ateliê não é apenas um local de trabalho, mas uma extensão da própria arte”, diz a curadora Hanayrá. Entre os artistas e designers a ocupar o espaço, está Gustavo Silvestre, do Projeto Ponto Firme — que levou o crochê para dentro de penitenciárias masculinas, em 2015. A intenção do projeto — que hoje existe na forma de escola — é promover a transformação social através da moda. A curadora Carol Barreto justifica a seleção desse e de outros trabalhos com impacto social: “Se a moda é um espaço de segregação, é nela que precisamos construir um lugar de transformação”.

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Foto de oficina do projeto Ponto Firme, de Gustavo Silvestre: crochê para os presídios (Danilo Sorrino/Divulgação)

Itaú Cultural. Avenida Paulista, 149. Ter. a sáb., 11h/20h. Dom. e feriados., 11h/19h. Grátis. Até 23/2/2025

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