Melhor dia de shows do Lollapalooza Brasil 2025 tem encerramento decepcionante com Justin Timberlake
Apesar das grandes qualidades de performer, astro pop escolheu picotar seus hits

O Lollapalooza Brasil 2025 chegou ao fim neste domingo (30), no que foi o dia com a melhor sequência de shows do festival.
Uma dobradinha de apresentações do pop mais fresco e vintage do momento, respectivamente, com a dupla Ca7riel e Paco Amoroso e a banda Parcels, seguida da nostalgia indie do Foster The People e de dois showzaços de rock pauleira, com Tool e Sepultura, ia fechando muito bem a 12ª edição do evento.
A dupla argentina Ca7riel e Paco Amoroso foi o som mais contemporâneo que passou por Interlagos. Uma mistura apoteótica de funk (aquele do James Brown), jazz, pop e trap, com um contraste muito original: o auto-tune das vozes dos vocalistas com a maravilhosa banda de instrumentos orgânicos. Uma sonzeira que levou o público à loucura.
Outra apresentação memorável foi a da banda de rock americana Tool. Foi uma estreia brasileira inusitada, pela aparente desconexão do grupo com a dinâmica de festival, mas que entregou o esperado: uma performance impecável.
Já o Foster The People trouxe um ar nostálgico a um Lollapalooza dominado por novos nomes. Eles se apresentaram na primeira edição do festival, em 2012, e passaram pelo evento mais uma vez em 2015 (estiveram em São Paulo pela última vez no Summer Break, em 2018). O clima de saudade e merecida exaltação, após tantos anos de estrada, predominou no Palco Budweiser e na plateia. Com um repertório misto, o público saiu do chão e fez coro nos clássicos “Call It What You Want” e “Pumped Up Kicks”.
A atração principal do dia, Justin Timberlake, encerrou o festival com um show no Palco Budweiser, cuja transmissão pela televisão foi barrada.
“Obrigado por fazer o sonho deste garoto do Tennessee virar realidade”, disse o cantor, em tom de discurso de superação, em certa altura. “Eu e os músicos da banda estamos muito animados. Amo vocês, São Paulo.” Em um momento, ele parou o show para dar um autógrafo para um fã.
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Com postura de estrela, o artista passou o intervalo entre canções olhando para a plateia e convocando gritos e aplausos. A atitude vem como contraproposta às controvérsias em que ele se envolveu nos últimos anos, em defesa do seu caso.
Para completar, Timberlake exibiu movimentos de dança sincronizados com a batida e um estilo à la Michael Jackson, numa tentativa de reivindicar o título de “showman”. Trouxe também novos arranjos e versões estendidas.
Era eficaz, mas não superava a animação pelos hits, como “What Goes Around… Comes Around”, “Give It To Me” e “4 Minutes”, que foram apresentadas em versões reduzidas, em uma escolha inoportuna.
Antes de cantar “SexyLadies”, pediu para o público vibrar pelas artistas femininas na banda. Propositalmente ou não, soou como mais um argumento contra a fama recente, marcada por polêmicas com Britney Spears e Janet Jackson.
Merecem elogios os músicos da banda, principalmente os outros vocalistas de apoio.
Perto do fim, mas enquanto ainda rolavam hits como ‘Until The End Of Time’, o público (que já era o menor entre os shows principais do Palco Budweiser nos dias anteriores, com Shawn Mendes e Olivia Rodrigo) começou a debandar. Era possível chegar relativamente próximo do palco sem precisar se apertar na multidão.
O catálogo primoroso de hits de Justin Timberlake impede que um show seu seja desanimado, mas essa saída precoce do público mostra que o show pode ter sido divertido, mas não vingou.
Tanto que, mesmo Shawn Mendes, que não é um performer como Timberlake e não tem hits na mesma prateleira, conseguiu prender muito melhor o público na noite anterior.
Apesar do ótimo dia de shows, o grande encerramento do Lollapalooza Brasil 2025 com Timberlake deixou a desejar.