Marina Person recomenda série com cafetões, prostitutas e feminismo
'The Deuce' é a indicação da cineasta e apresentadora para a seção "Eu Recomendo"

Uma das séries que eu mais gosto de ver atualmente, talvez a melhor desde Mad Men (a minha favorita), é The Deuce. Hoje, temos uma boa oferta de seriados com um formato de audiovisual moderno e muitos envolvem algum tipo de violência. E eu tenho problemas com violência porque costumo assistir a eles antes de dormir e isso me deixa perturbada.

Breaking Bad, por exemplo, abandonei no meio porque tinha pesadelos. The Deuce tem certa relação com Mad Men porque retrata uma época bem particular: são os anos 70 nos Estados Unidos, mais especificamente em Nova York, numa área central de Manhattan então conhecida como “the Deuce”. Era uma região em que rolava muita prostituição e o seriado traz à tona histórias das garotas de programa, dos cafetões e do universo do sexo que, posteriormente, se tornaria a indústria do cinema pornográfico.
Além do timing, da pegada cinematogrática, ela é muita calcada nas relações entre os personagens, com bons diálogos e caracterizações impecáveis. Uma curiosidade: é produzida pelos atores principais, Maggie Gyllenhaal e James Franco – ele, inclusive, faz dois papéis: o do irmão trabalhador e honesto e o de jogador e trapaceiro. São personagens antagônicos, porém unidos por laços de amor. James Franco arrasa na dupla atuação e Maggie Gyllenhaal está absolutamente maravilhosa, ainda mais que a personagem exige muito da atriz em cenas em que aparece nua e envolvida em sequências fortes.
Outro aspecto importante é que a série trata do cotidiano de garotas oprimidas pelos cafetões, mas há uma abordagem muito direta das questões feministas. Recomendo fortemente The Deuce: é muito bem dirigida, tem produção ótima, ambientação perfeita e elenco incrível.
> The Deuce está disponível na HBO pelo NOW ou na HBO GO
Marina Person é cineasta e apresenta o programa Magazine NYT, no canal Arte 1.