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Conheça Marianna Brennand, brasileira premiada em Cannes com Nicole Kidman

Diretora brasiliense acaba de lançar o filme 'Manas' e foi reconhecida com o Women in Motion Emerging Talent Award no festival francês

Por Mattheus Goto
Atualizado em 22 Maio 2025, 16h36 - Publicado em 22 Maio 2025, 16h15
Marianna Brennand e Nicole Kidman no prêmio Women in Motion em Cannes
Marianna Brennand e Nicole Kidman no prêmio Women in Motion em Cannes (Vittorio Zunino Celotto/Getty Images)
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Em seu primeiro longa de ficção, Marianna Brennand, 45, desponta como um dos grandes talentos do cinema brasileiro contemporâneo. A brasiliense vem trilhando uma trajetória de sucesso com Manas. Começou em Veneza, onde ela ganhou o título de melhor direção na Giornate degli Autori, seção independente de novos cineastas, e se tornou a primeira brasileira a vencer na categoria.

Agora, mais de vinte prêmios internacionais depois, a nova honraria aconteceu em Cannes, com o Women in Motion Emerging Talent Award, uma premiação do conglomerado Kering para celebrar mulheres com trajetórias promissoras e longevas na sétima arte. Ao lado de Marianna, estava a atriz Nicole Kidman.

“Depois de anos de dedicação, tem sido muito gratificante”, afirma a diretora. “A recepção do público vem sendo muito parecida pelo mundo. As pessoas se conectam, se emocionam e vêm me agradecer por fazer o filme.”

Marianna Brennand: vencedora do Women in Motion Emerging Talent Award em Cannes
Marianna Brennand: vencedora do Women in Motion Emerging Talent Award em Cannes (Daniele Venturelli/Getty Images)

Sobre Cannes, relata orgulho em representar o cinema brasileiro. “É um prêmio muito simbólico, por fortalecer a carreira de mulheres. Até hoje, apenas três diretoras ganharam a Palma de Ouro.”

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Manas narra a história de Marcielle (Jamilli Correa), uma jovem de 13 anos, moradora de uma comunidade ribeirinha na Ilha de Marajó. Uma realidade brutal e desumana esconde-se por entre palafitas, isoladas devido ao caudaloso curso do Rio Tajapuru. A jovem decide confrontar o sistema, pensando no destino da irmã mais nova.

A ideia surgiu há dez anos, em uma conversa com a cantora Fafá de Belém, que lhe contou sobre a exploração sexual de crianças na região. “Meu primeiro ímpeto foi fazer um documentário de denúncia, mas seria eticamente impossível levar as vítimas para a frente das câmeras e fazê-las recontar.”

Marianna Brennand, nas gravações de 'Manas', com operadora de câmera e Jamilli Correa
Marianna Brennand, nas gravações de ‘Manas’, com operadora de câmera e Jamilli Correa (André Prata/Divulgação)
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Uma decisão significativa, que acompanha o projeto desde o início, foi não apresentar cenas explícitas de abuso. “Como mulher, era importante para mim que, nessa representação, pudesse praticar o respeito, contar sem impor mais violência e mostrar como gostaria que nossos corpos fossem apresentados.” A preocupação com a empatia comoveu atores consagrados (como Dira Paes e Rômulo Braga) a participar.

Outro ponto essencial foi proteger as crianças do elenco. “Uma das abordagens foi não mostrar o roteiro para elas”, diz Marianna. “As atrizes sabiam sobre o que era o filme, os pais autorizaram, mas eu não falava para elas quando era uma cena de abuso. Passávamos o conteúdo antes de filmar. Houve um processo muito delicado de trocas, experimentação, brincadeiras, para não trazer uma densidade.”

Nascida em Brasília, em 1980, Marianna é sobrinha-neta do renomado artista recifense Francisco Brennand (1927-2019). “Vivi em um ambiente muito artístico. Meu bisavô, pai do Francisco e do meu avô, foi um grande empreendedor, colecionador, apaixonado por arte”, relata.

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Marianna Brennand, talento do cinema brasileiro contemporâneo
Marianna Brennand, talento do cinema brasileiro contemporâneo (Leo Aversa/Divulgação)

Após estudar cinema na Universidade da Califórnia, seguiu a veia documental e elegeu o tio-avô como tema do documentário Francisco Brennand (2012). Também ganhou destaque com O Coco, a Roda, o Pnêu e o Farol (2007). “Me formei em cinema porque queria dirigir filmes, não sabia que tinha habilidade para produzir histórias.”

Com a estreia nacional de Manas no último dia 15, a diretora deu início a uma campanha de exibição do longa em cidades sem cinema, com altos índices de violência, para promover a discussão. “O filme pode ser uma ferramenta de transformação social.”

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Apesar da agenda ocupada, também com os compromissos como presidente do conselho da Oficina Francisco Brennand, ela já pesquisa para um próximo projeto de ficção.

Publicado em VEJA São Paulo de 23 de maio de 2025, edição nº 2945

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