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Marcela Ceribelli comemora novo livro e participação na Flip

Escritora e podcaster do Bom Dia, Obvious, fala sobre a turnê de lançamento e como foi voltar a escrever após um best-seller

Por Luana Machado
1 ago 2025, 15h39
marcela-ceribelli
Marcela durante uma sessão de autógrafos  (Breno da Matta/Divulgação)
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Em turnê com o récem-lançado Sintomas — e o que mais aprendi quando o amor me decepcionou (Harper Collins Brasil, 2025, 224 páginas), Marcela Ceribelli, 35, comemora o segundo livro e o primeiro ano na programação oficial da Festa Literária de Paraty (Flip), que começou nesta quarta-feira (30) e se encerra no domingo (2).

A paulistana., filha da jornalista Renata Ceribelli, desembarcou na cidade histórica na quarta para se preparar para a agenda intensa, que inclui uma mesa na Casa Estante Virtual sobre a exaustão e vivência das mulheres, ao lado de Iana Villela e Ryane Leão, nesta sexta (1º), desde às 15h, uma conversa com Bruna Beber e Bethânia Pires Amaro sobre Miranda July, na Casa Record, no sábado (2), às 14h30, e para encerrar, no mesmo dia, uma sessão de podcast na Casa Motiva com Vera Iaconelli, às 16h30.

Depois da circulação na Flip, a escritora não vai parar, viajando para Recife, Salvador, Fortaleza e Belém nos próximos meses para divulgar o lançamento, no qual mergulha nas vivências femininas sobre o amor romântico.

No meio disso tudo, Marcela ainda realiza as gravações do seu podcast Bom Dia, Obvious, a todo vapor reunindo especialistas em diversas áreas para falar sobre temas contemporâneos, e retorna para a capital paulista com a turnê em uma data que ainda será divulgada.

Confira a entrevista abaixo:

Como está a expectativa para a participação na Flip, ainda mais levando seu segundo lançamento?

É um momento muito novo. A minha expectativa é ouvir e aprender. Claro que eu estou nessas mesas para falar, mas eu também estou com companhia nessas mesas, que é uma honra poder ouvir a perspectiva delas sobre literatura. Também vou participar de algumas mesas como ouvinte e é muito precioso estar em uma cidade tão bonita e tão histórica, com tantas pessoas dedicadas e apaixonadas pela literatura. Eu cheguei na quarta e tenho certeza que quero vir todos os anos. 

A primeira mesa que participa é sobre comunidades literárias. Como tem sido a experiência no clube Atlas Feminino, que mantém em parceria com a TAG Livros. Tem impactado na sua escrita?

Falamos muito de construção de comunidade nas plataformas digitais, mas elas acontecem muito no off-line. Eu estava almoçando e vieram três pessoas falar que são do clube, então já tem um lugar de pertencimento muito legal acontecendo. A leitura adquire um outro significado quando existe troca. Por exemplo, em Girlhood (Bloomsbury Publishing, 2021, 336 páginas) que estamos lendo agora, da Melissa Febos, ele foi lançado exclusivamente no clube. Quando estou lendo no Kindle aparece os trechos sublinhados e eu sei que são as meninas, então é mágico. E a gente teve uma primeira temporada, o primeiro mês do clube, lendo Sintomas e é muito valioso. Primeiro, porque a gente dá rosto para coisas que parecem muito soltas e distantes em, por exemplo, um review da Amazon. Quando você tá perto do leitor você entende as nuances. Mas, claro, são muitas pessoas e vivências próprias e, no fim, você tem que estar muito comprometido com a sua verdade. Não existe unanimidade. Às vezes, o trecho mais banal para uma pessoa é o mais importante de outra.

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Como tem sido circular com a turnê tendo contato direto com as ouvintes e leitoras?

Eu já devo ter assinado mais de 1000 livros até agora. E, na turnê, você vai vendo os perfis dos leitores, porque o Brasil é muito grande. Eu estive em Porto Alegre na quarta passada e no sábado no Rio de Janeiro, são totalmente diferentes. Mas, a minha rotina não tem mudado muito, é tentar encontrar um espaço para escrever mesmo. Normalmente, tenho escrito no dia seguinte ao encontro com as leitoras, elas me dão muito combustível. E são muitas histórias que eu escuto, eu já sou conhecida por demorar com cada pessoa, porque eu gosto de ouvir. Isso me dá mais vontade de jogar no papel. 

E já está jogando algo novo no papel?

Pior que eu já estou! Mas, está muito no início. 

Em Aurora: O Despertar da Mulher Exausta (Harper Collins, 2022, 288 páginas) você parte muito do questionamento de estereótipos que definem nossa experiência enquanto mulheres em vários âmbitos da vida. E agora como foi esse novo olhar para vivências amorosas, a pesquisa e o processo de escrita foi muito diferente?

Um segundo livro é diferente em vários lugares. O livro que você escreve depois de ser best-seller, finalista do Jabuti, claro que você sente uma pressão. Mas, eu me libertei muito quando percebi que assim: eu já tive um best-seller, já tive uma indicação, então eu vou apenas escrever. E Aurora é um grande diagnóstico: se estamos todas exaustas, quais são os campos da nossa vida que nos deixam mais cansadas? Sintomas é uma continuação em algum grau, porque é uma lupa sobre o amor. O porquê o amor e os relacionamentos viraram uma fonte muito mais de exaustão e de desesperança do que aquilo que deveriam ser. A diferença principal é que o primeiro livro foi muito uma consequência dos anos de podcast e o novo de uma pesquisa bem mais pessoal, que me colocou em um lugar muito mais vulnerável. Eu tive mais coragem de escrever em primeira pessoa. É um amadurecimento natural do tempo, mas também da escrita. 

Seus livros destrincham uma perspectiva real e muitas vezes dura, mas ainda assim suas considerações não são amargas. Como você definiria sua visão?

É quem eu sou. Na minha família, em momentos difíceis a gente respira e enfrenta, temos um humor meio tragicômico também. Mas, eu gosto da ideia de que podemos trazer luz para problemas sem deixar que eles nos afundem. Não acho que estar consciente necessariamente nos torna pessoas amargas. Eu acho libertador ter conhecimento, saber que algo é estrutural e não pessoal, saber a origem de algo que está dentro da gente. A libertação é uma boa notícia. Me perguntam muito se eu ainda tenho esperança no amor, e eu tenho muita! Vou ser eternamente romântica nas relações de amizade, família, na comunidade. 

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Tem algo que você aprendeu durante esse processo que te fez repensar sobre suas experiências no final do livro?

Dá para ver ao longo do livro, porque ele é um registro da minha investigação. No capítulo ‘O amor que herdamos’, eu falo sobre como muitas vezes nos atraímos pelo familiar e não necessariamente pelo que nos faz bem. E foi uma explosão de cabeça. Porque, muito se fala sobre repetição de padrões, mas por que fazemos isso? E eu abro o livro com ‘Sintomas de engano’, justamente tudo que veio antes da gente, o que é estrutural e tá no nosso pensamento do que é o amor romântico. Nossa visão muda quando entendemos que o final feliz é uma construção de uma demanda da sociedade. Por que as comédias românticas dão um boom em momentos de grandes crises? Então, eu adoro fazer um paralelo com movimentos culturais e momentos socioeconômicos. Não é à toa que hoje os adultos estão com livros de colorir. A gente tá querendo voltar a ser criança, porque traz um pouco de alegria, é um escape e não há nada de errado nisso. 

Quais são os livros que te guiaram no começo da pesquisa?

Tem três livros-chave. Um dos pontapés iniciais veio desses livros que possuem o mesmo título: The End of Love. A gente tem uma perspectiva da Eve Illouz, uma socióloga israelense que tem visões muito duras do amor em tempos de capitalismo, a conexão dela é muito com nosso formato econômico e como capitalizamos nossas relações. Tem a Sabrina Strings, que faz um recorte de classe e raça, que foi essencial para a pesquisa. E a Tamara Tenenbaum, que é argentina e traz uma perspectiva contemporânea. Teve também a Marcela Lagarde com o Los Cautiverios de Las Mujeres (Siglo Ventiuno, 1900), no qual ela discute como somos definidas como mãe ou esposa de alguém e não chegamos a ser quem somos. E a Rita Segato com a A Pedagogia da Crueldade (Prometeo Libros, 2018, 102 páginas) que fala sobre como somos ensinadas a aprender com o sofrimento, então se um relacionamento é doloroso é porque te ensina algo. Mas, quando acaba esse sofrimento?

Você e a Vera compartilham uma mesa sobre mulheres e psicanálise na Flip. Dentro dessa temática que autoras e pensadoras te inspiram, quais estão na sua mesa de cabeceira?

Eu acho que, sem querer puxar a sardinha para o meu lado, o Bom Dia, Obvious faz muito isso. Justamente, porque durante esses seis anos eu trouxe os recebo os maiores psicanalistas do país para debater temas contemporâneos. Mas, não posso deixar de citar a professora Valeska Zanello com a A Prateleira do Amor: Sobre Homens, Mulheres e Relações (Appris, 2022, 144 páginas).

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