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Juca Ferreira adianta seus planos de cultura para São Paulo

O atual secretário municipal de Cultura inaugura o programa #existediálogoemSP, para ouvir as demandas da população. A próxima edição será em março

Por Livia Deodato
Atualizado em 16 Maio 2024, 18h21 - Publicado em 6 fev 2013, 20h17
Juca Ferreira no encontro #existedialogoemSP
Juca Ferreira no encontro #existedialogoemSP (Sossô Parma/)
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A Secretaria Municipal de Cultura inaugurou na terça (5) um programa que promete abrir espaço para a construção colaborativa de políticas públicas na área. Intitulado #existediálogoemSP (alusão às hashtags do Twitter), o encontro aberto ao público foi conduzido pelo atual secretário, Juca Ferreira, e por seu chefe de gabinete, Rodrigo Savazoni. Este foi o primeiro de muitos, segundo eles.

“Diálogo é um instrumento importante, civilizado, que possibilita que uma cidade complexa como esta negocie processos para o desenvolvimento cultural ao alcance de todos”, disse o ex-Ministro da Cultura, ao abrir o evento, às 19 horas, no Centro Cultural São Paulo (CCSP).

Não houve muita divulgação desse primeiro encontro aberto, pelo fato de ter sido decidido em cima da hora, de acordo com a organização. Ainda assim, a lotação da Sala Adoniran Barbosa ultrapassou o limite, com muita gente de pé. A fila de interessados – das mais variadas ocupações, de gestores culturais a ativistas e artistas – se estendia até quase a entrada da estação Vergueiro do metrô. Aproximadamente 1 000 pessoas marcaram presença dentro e fora do palco de arena, onde havia um telão. Também houve transmissão ao vivo pela internet, o que certamente vai ocorrer também nos próximos encontros.

Ferreira apresentou as principais diretrizes de seu governo para 2013/2014, entre elas, a criação de um gabinete aberto e digital, baseado em diálogos permanentes; a instalação de um novo Conselho Municipal de Cultura, que propicie articulações entre diversos setores; a elaboração de um Plano Municipal de Cultura, para discussão e lançamento de políticas públicas pelos próximos dez anos; e a incorporação das demandas públicas da cultura no processo de revisão do Plano Diretor.

Depois disso, o secretário mais ouviu do que falou. As demandas foram muitas (o encontro acabou às 22h10) e os temas variaram bastante. O orçamento para a Cultura este ano será de 0,9%. No entanto, Ferreira disse ter tido uma reunião com Haddad e frisado que há uma demanda de, pelo menos, 2%. “E o prefeito disse que vai honrar.”

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A seguir, algumas das ideias lançadas por ele e pelo público, além da posição do secretário para cada uma delas:

OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS

Para Ferreira, esse é um tema latente. “É preciso reconquistar os espaços públicos para promover eventos culturais”, afirmou. “Outro dia, liguei para o Gil [o músico e ex-Ministro da Cultura, Gilberto Gil, de quem foi secretário-executivo] e contei a ele que a turma aqui ainda apanhava [da polícia] por querer brincar o carnaval.” Ferreira  pretende pensar políticas culturais especialmente para a noite de São Paulo que, em sua opinião, resume-se muito em “bares para tomar cerveja”. “Nada contra [a cerveja]. Mas precisamos colocar em prática atividades práticas culturais por toda a cidade. O Estado tem uma responsabilidade imensa nessa questão”, disse, arrancando risos e aplausos da plateia.

PRAÇA ROOSEVELT

Dentro desse contexto, Ferreira destacou a Praça Roosevelt. Ele acredita que o atual embate entre skatistas e moradores do entorno da praça é legítimo. “Isso só está acontecendo porque faltam espaços públicos revitalizados em toda a cidade, desde o Centro até a periferia.” O secretário também citou a Praça das Artes e o futuro Complexo Cultural da Luz, que será sede da São Paulo Cia. de Dança, como lugares que serão tratados com atenção para potencializar ainda mais a prática cultural em toda São Paulo.

VIRADA CULTURAL

“A Virada Cultural é um patrimônio da cidade”, disse Juca, para depois complementar que “cabem eventos assim durante o ano todo em São Paulo”. Ao retomar o tema da ocupação dos espaços públicos, Juca acrescentou sobre a importância de se promover a música brasileira. “A vocação de São Paulo não é só dar espaço para músicos internacionais. É também promover um encontro da cultura brasileira. Quase não se falou do centenário de Luiz Gonzaga, por exemplo.”

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CARNAVAL

Ferreira garantiu que o carnaval de 2014 será grande, “para ninguém botar defeito”, com um bom planejamento para os blocos de rua. A ideia é organizar um grupo de trabalho entre Secretarias para o Carnaval. “O prefeito eleito [Fernando Haddad] nos pediu transversalidade, ou seja, comunicação e ações conjuntas entre as demais Secretarias. É isso que vamos fazer”, afirmou. Um dos exemplos claros da necessidade dessa transversalidade foi quando uma das presentes levantou a questão sobre a escassez de transporte público, após as 23 horas, para quem mora na periferia da cidade e não tem como acessar a cultura disponível invariavelmente no Centro expandido. Ferreira concordou e aplaudiu, junto à plateia, a sugestão de mudança na área de Transportes.

CEUS (Centros de Educação Unificada)

Fazer bom uso dos equipamentos que já existem na cidade também é um dos focos do governo de Ferreira. Os CEUs são exemplo disso, ainda que tenham sido projetados pela Secretaria de Educação. O programa de formação de público, uma das principais diretrizes do projeto que levou complexos educacionais para a periferia, continua no topo da lista das prioridades.

TEATRO MUNICIPAL

Na avaliação de Ferreira, equipamentos que têm corpo estável, como o Teatro Municipal (orquestra e balé), não podem ser geridos sob regime de administração direta, pois “não garantem o sucesso”. A solução, para ele, é oferecer a gerência às OS (Organizações Sociais). “Creio que assim ajudaremos a democratizar o acesso ao equipamento”, disse, sem precisar se colocará ou não em prática.

O próximo encontro deve acontecer em março, com data, horário e local a definir.

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