Hot Yoga ganha a primeira academia na capital
A modalidade praticada em salas aquecidas promete queimar até 1 000 calorias por sessão
Quando desembarcou em Beverly Hills, em Los Angeles, no início da década de 70, o indiano Bikram Choudhury sacou do turbante uma forma diferente de praticar o sistema de exercícios físicos mais conhecido de sua cultura. Ao investir em uma série de posições que deve ser feita dentro de salas com os termômetros marcando 40 graus (ou seja, simulando um dia de verão em Calcutá), a Bikram Yoga ganhou notoriedade com a promessa de desintoxicar o corpo, graças ao estímulo da transpiração, além de ajudar na flexibilidade, no realinhamento da postura e no fortalecimento dos músculos. De quebra, por tornar mais fácil fazer sequências bastante intensas, poderia derreter até 1 000 calorias em uma hora e meia (mais que em uma hora de prática de squash, o rei da queima de gorduras entre os esportes).
Em São Paulo, o primeiro endereço criado especialmente para a prática foi aberto no sábado (21), na Vila Madalena. O estúdio Hot Yoga São Paulo, do casal Julien Brierre e Andrea Wellbaum, tem turmas de 37 praticantes de segunda a sábado. As aulas ocorrem dentro de um espaço de 82 metros quadrados, climatizado com a ajuda de um aquecedor a gás. Elas duram noventa minutos (50 reais por aula), são ministradas por Andrea e seguem à risca o procedimento aprendido pessoalmente com o guru, que não tem participação no negócio. Cada sessão compreende 26 movimentos, realizados duas vezes cada um. Nos cinquenta minutos iniciais, as atividades são focadas em trabalhar o equilíbrio. Nos outros quarenta, quando as roupas estão encharcadas, entram em cena as séries desafiadoras para a força. “O calor incomodou no início, mas saí de lá revigorada”, conta Juliana Aagaard, professora de educação física, que estava na aula inaugural. Nas primeiras semanas, o desafio maior é mesmo se adaptar ao ambiente. Para minimizar a perda líquida de 1 litro e meio por atividade, é obrigatório ter à mão uma garrafa (das grandes) de água.
Aos interessados, alguns alertas: a atividade é inapropriada para gestantes, menores de 12 anos e pessoas com problemas de pressão. Hidratar-se apenas com água não é recomendável, alertam os médicos. “É importante tomar isotônico, pois a falta de nutrientes liberados pelo suor pode causar cãibras e arritmia cardíaca”, explica o ortopedista e especialista em medicina do esporte Roberto Ranzini. Para ele, o calor é um bom aliado, não faz milagre pela elasticidade, mas torna a ioga menos penosa. “A temperatura alta até deixa o corpo mais flexível, mas o que favorece de fato a formação das posições é o alívio da dor.” Hoje com 67 anos, o responsável pela criação da hot yoga vive uma fase conturbada nos Estados Unidos. Desde março, cinco alunas apresentaram queixa de crimes sexuais contra ele. O caso está em julgamento. Esse episódio, no entanto, não perturbou o andamento do seu negócio. Só da rede que leva seu nome, há cerca de 650 unidades espalhadas pelo mundo, fora as muitas concorrentes, inclusive no Brasil. No Rio, onde há duas unidades, as atrizes Bárbara Paz e Fernanda Vasconcellos estão entre as adeptas. Já a lista internacional inclui Lady Gaga, Madonna, George Clooney e, para quem julga ser frescura executar a posição do gafanhoto em uma sauna seca, Daniel Craig, o James Bond, que já se tornou fã do estilo.