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Ana Moura e Criolo dividem o palco no Festival de Fado

Cantora lisboeta e rapper paulistano se encontram no HSBC Brasil na sexta (16); ainda há ingressos

Por Mayra Maldjian
Atualizado em 5 dez 2016, 15h43 - Publicado em 13 ago 2013, 17h14
Ana Moura Gilberto Gil
Ana Moura Gilberto Gil (Divulgação/)
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Quando veio ao Brasil pela primeira vez, em 2011, a cantora portuguesa Ana Moura, uma das belas vozes da nova geração do fado, dividiu o palco com o compositor baiano Gilberto Gil. “Ele faz parte do meu universo musical desde criança. Uma das músicas que mais marcou minha infância foi o Sítio do Pica-Pau Amarelo”, lembra. 

De lá para cá, também participou de um show de Milton Nascimento, em Lisboa, e do disco-tributo ao aniversário de 70 anos de Caetano Veloso. “A minha relação com a música brasileira sempre foi muito próxima. Caetano, Chico Buarque, Milton Nascimento, Elis Regina, Ney Matogrosso, Tom Jobim, sempre fizeram parte das minhas referências, e me sinto muito realizada de ter colaborado com alguns deles.” 

De volta ao país, a intérprete de timbre grave receberá agora o rapper e cantor paulistano Criolo, ícone da nova safra da música popular brasileira, durante a primeira edição do Festival de Fado, que tem como proposta estreitar os laços culturais entre Brasil e Portugal. Nesta terça e quarta, o Tom Jazz é transformado na Casa de Fado, com shows de Cuca Roseta. Na quinta e na sexta, o HSBC Brasil recebe os porta-vozes do novo fado Mariza, Ana Moura e António Zambujo, além de uma exposição com objetos vindos do Museu de Fado de Portugal.

Fã de rap, Ana Moura conta que acompanha o trabalho de Criolo há algum tempo. “A forma como ele brinca com as palavras, sem deixar de ser profundo e incisivo nas ideias, me encanta. E nas suas músicas, a sua essência como MC, a sempre evidente raiz brasileira e essa mistura de samba, afrobeat e reggae. É excepcional”, elogia. Os temas escolhidos para o dueto, diz, são “surpresa”.

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Por aqui, apresenta seu quinto disco, Desfado (2012), no qual gravou temas de compositores de sua geração, como Manel Cruz e António Zambujo. “Desfado não tem nada de negação ao fado. Tem, sim, de desconstrução, porque traz elementos da música tradicional do Norte de Portugal e também um pouco de jazz”, explica.

Esse “pouco” de jazz, no caso, está nas mãos de Herbie Hancock. O pianista norte-americano (ele também toca na cidade neste mês) assina os acordes de Dream of Fire, cuja letra foi composta pela própria cantora. “Quando estávamos em estúdio em Hollywood, o produtor Larry Klein ligou para o Herbie Hancock para comentar que estava gravando uma cantora portuguesa. Por absoluta coincidência, Hancock disse que estava ouvindo uma cantora portuguesa, que era eu. Surgiu o convite, inesperado, e ele aceitou imediatamente”, conta.

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Com um Globo de Ouro no currículo, a intérprete transita livre pela tradição, à qual acrescenta elementos musicais absorvidos desde criança, nas rodas de cantoria da família Moura. “Eu me interessei pelo fado através dos meus pais e nessas rodas de amigos tão frequentes aos fins de semana. Ambos cantam muito bem e o meu pai toca guitarra. Cantei o meu primeiro fado aos seis anos. Mais tarde fui convidada para me apresentar numa das mais emblemáticas casas de fado de Lisboa [quando adolescente, teve bandas covers de estilos variados], e foi aí que percebi que esse seria o meu futuro.”

Sem pestanejar, ela cita como referências as conterrâneas Beatriz da Conceição e Amália Rodrigues (1920-1999), símbolo de vanguarda do fado. Mas também elege os ícones da música negra americana Etta James e Nina Simone, Otis Redding e Marvin Gaye como influências. Vez em quando passeia pelo universo pop –já tocou com Prince e os Rolling Stones, e também regravou em seu último disco A Case of You, de Joni Mitchell. Essa pluralidade, porém, soa homogênea quando traduzida em canto por seu timbre grave e aveludado, imediatamente associado ao fado. 

“O fado é um gênero que caracteriza a personalidade do povo português, profundo, introspectivo e que valoriza muito a poesia. Normalmente está muito associado à tristeza, mas expressa essencialmente a alma do intérprete.” A alma de Ana Moura você pode ver e ouvir aqui: www.youtube.com/user/anamourafado.

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Festival de Fado

Terça (13) e quarta (14)

  • Cuca Roseta (Tom Jazz), com participação especial de Mariana Aydar e Miguel Capucho

Quinta (15)

  • Mariza (HSBC Brasil)
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Sexta (16)

  • António Zambujo (HSBC Brasil)
  • Ana Moura (HSBC Brasil)
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