Festas que terminam à meia-noite fazem sucesso entre público na casa dos 60 anos
Confira uma lista de eventos voltados para essa faixa etária

“Enquanto tiver pernas e cabeça, vou continuar dançando. Não dá para ficar só em casa vendo TV, senão a gente emburrece”, diz Sônia Braun, 82, que sempre leva as amigas e a filha para curtir a Gudinaite, festa criada há um ano em Porto Alegre e que tem duas edições bimensais em São Paulo. “Os ingressos esgotam com muita antecedência, porque não tem oferta para essa faixa etária”, diz Patrícia Parenza, 54, criadora do evento ao lado de Diego de Godoy, 55.

Voltado para pessoas acima de 50 anos, o agito acaba cedo e toca músicas dos anos 70 e 80. “Sempre terminamos com umas lentinhas, para os casais dançarem juntos”, conta Diego. Milena Ferrari, 59, estava afastada da noite paulistana desde a juventude, mas encontrou na Gudinaite um local para praticar uma paixão: dançar. “Fui envelhecendo e passei a não me achar mais nos lugares. Essa festa é um local de pertencimento para mim.”
Outra opção para os 60+, a Desaniversário reúne um público cativo no restaurante Bubu — sempre até a meia-noite. “A gente queria chamar as pessoas da nossa faixa etária e ficamos muito felizes que, com três ou quatro meses, conseguimos não só firmar esse público, como atrair também gente mais velha”, diz o jornalista Alexandre Matias, 50, criador da festa ao lado de Camila Yahn, Clarice Reichstul e Cláudio Gouvêa. Nas caixas de som, a ideia é ir além do flashback. “A geração mais velha tem aquele discurso: música boa era no meu tempo. E eu sei que tem muita música boa hoje e resolvi jogar essa pauta na discotecagem, misturando tanto antigas quanto novas que têm a ver com a festa.”

“Por meio da dança, a pessoa idosa torna-se mais receptiva a relacionamentos interpessoais e obtém uma melhor qualidade de vida”, afirma Dineia Cardoso, mestre em gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH-USP) e coordenadora do Núcleo de Lazer da Pessoa Idosa da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (SEME-SP). Dineia organiza o Programa Vem Dançar, que promove bailes temáticos gratuitos para idosos. Quando surgiu, em 2007, o projeto promovia um baile por ano. Hoje, são catorze. “É uma porta de entrada para a atividade física”, ressalta a coordenadora.
Os temas incluem São João, Natal, forró e bolero e reúnem em média 1 500 bailantes por dia. A média de idade dos frequentadores é de 71 anos e 97% deles são mulheres. “Há uma feminização do envelhecimento. Por isso, nós trazemos profissionais da dança que estimulam a participação ativa delas nos bailes”, conta Dineia. Em tempo: além da pasta de Esportes, a Secretaria Municipal de Cultura promove os chamados Bailes da Melhor Idade nos equipamentos de cultura da capital. Diversão não falta, nem para os mais maduros.
Próximas festas e bailes para os mais velhos em São Paulo

Gudinaite
Birds House. Rua Amaro Cavalheiro, 168, Pinheiros, 94507-4242. Sex. (18/7), 20h/2h, e sáb. (19/7), 18h/0h. R$ 140,00 (3º lote). sympla.com.br.

Desaniversário
Edição em parceria com a Feira do Livro do Pacaembu. Bubu. Praça Charles Miller, Pacaembu, ☎ 2368-8258. Sáb. (14/6 e 21/6), 19h/0h. R$ 50,00. Ingressos na porta.
Programa Vem Dançar
Baile Junino. Clube Atlético Juventus. Rua Juventus, 690, Parque da Mooca, ☎ 2271-2000. Ter. (24/6), 13h/17h. Grátis. @vemdancar.ofc

Baile da Melhor Idade
Com o grupo Mensageiros da Alegria, que vai tocar muito sertanejo. Casa de Cultura M’Boi Mirim. Avenida Inácio Dias da Silva, s/nº, Piraporinha, 98397-6074. Sex. (30/5), 14h. Grátis.
Publicado em VEJA São Paulo de 23 de maio de 2025, edição nº 2945.