O jovem pintor Felipe Góes exibe telas com paisagens imaginárias
A partir de sábado (2), o paulistano de 29 anos expõe seu trabalho na Galeria Transversal
A recente geração de jovens pintores, caso de Rodrigo Bivar, Marina Rheingantz, Regina Parra e Bruno Dunley, é composta sobretudo de ex-estudantes de artes visuais. Surgido um pouco depois dessa fornada (e igualmente talentoso), o paulistano Felipe Góes, de 29 anos, traçou um percurso distinto: formou-se em arquitetura e, durante o curso, interessou-se por pintura ao mergulhar nos livros sobre o tema na biblioteca da faculdade. Mais tarde, reforçou o gosto em uma visita a museus da Europa.
Agora, ele exibe doze telas em A Aparência da Memória, em cartaz na Galeria Transversal a partir de sábado (2). Góes reconhece a importância de ser arquiteto para sua percepção estética, apesar de admitir que o racionalismo intrínseco à profissão dá lugar a um processo criativo mais subjetivo e ligado à sensibilidade, nunca premeditado.
As obras reunidas na mostra ficam entre a abstração e a figuração. Imagens etéreas semelhantes a nuvens, árvores e mares quase desaparecem em meio a tons delicados de verde, amarelo e lilás. “Essas paisagens nem sempre surgem de um lugar que existe de verdade. São uma mistura de lembranças e experiências”, explica o artista, influenciado por Mark Rothko, Henri Matisse e Alfredo Volpi, três ícones no trato com as cores. Como na produção desses pintores, os quadros de Góes demandam paciência e disposição do público para mergulhar neles, um desafio considerável em tempos tão imediatistas. “Hoje em dia, por causa dos meios de comunicação, há uma disputa pela imagem mais impactante, pela mensagem expressada da maneira mais eloquente”, diz ele. “Quero fugir disso. Prefiro ver meus trabalhos se desvendarem aos poucos para o espectador.”