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Marca faz sucesso com esculturas de orixás, bruxas, magos e Buda

A Camasi Guimarães virou referência no país em estátuas religiosas: “Só não faço símbolos católicos, porque há séculos artistas se dedicam a eles", diz dono

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 24 jan 2020, 14h16 - Publicado em 24 jan 2020, 06h00
Carlos Magno da Silva em ação (Divulgação/Divulgação)
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Até o bairro tem nome de santo: Recreio São Jorge, em Guarulhos. Lá, em uma chácara de 3 000 metros quadrados, um antigo terreiro, mora e trabalha Carlos Magno da Silva, 54, dono da Camasi Guimarães, referência no país em estátuas religiosas.

Por mês, ele faz 800 esculturas à base de resina epóxi, que são vendidas no site camasiguimaraes.com.br e em lojas físicas especializadas. Há Buda, bruxas, magos e, principalmente, orixás. Iemanjá e Oxum são os que mais saem. Os produtos custam de 2 a 1 400 reais. “Só não faço símbolos católicos, porque há séculos artistas se dedicam a eles. As culturas oriental e africana acabaram sendo deixadas de lado, e, por isso, comecei a estudá-las.”

O encanto de Silva pelo “outro mundo” surgiu na infância. Ele nasceu em Baependi, Minas, conhecida como berço da beata Nhá Chica, e estudou catolicismo. Por volta dos 10 anos, a família com cinco irmãos se mudou para uma comunidade alternativa em São Tomé das Letras, point místico. “Não gosto muito de falar sobre isso, mas sempre vi duendes e magos”, confessa Silva.

Aos 21 anos, ele migrou para a capital paulista. Aqui, estudou teatro e entrou no experimental grupo Os Satyros. Em 1992, pediu para trabalhar nos bastidores. Ali, descobriu seu talento como artista plástico.

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Casado com uma ex-cliente, Erica Evaristo, de quem é sócio, Silva administra hoje uma fábrica de estátuas com 37 funcionários. “Apenas dois são do candomblé, a maioria é evangélica e católica. Não há preconceituosos”, garante.

Para não privilegiar nenhuma religião, não rolam rituais por lá. “Meu irmão é pai de santo, sou filho de Oxóssi, a divindade das florestas, mas brinco que virei candomblecista não praticante. Meu lema é fé na arte.” Mas ele passou por experiências esotéricas. Quando começou a produzir estátuas de Exu, intermediário entre homens e deuses, teve pesadelos e não conseguia esculpir o rosto da entidade. “Meu irmão explicou que Exu estava zangado comigo, porque comecei por Iemanjá e ele é sempre o primeiro. Depois que fizemos as pazes, o negócio deslanchou.”

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 29 de janeiro de 2020, edição nº 2671.

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