Fora da Globo, Eriberto Leão vive nova fase na carreira
O artista interpreta um astronauta em solo, estrela seu primeiro musical da Broadway e grava dois filmes em São Paulo
“Estou falando tudo o que eu gostaria de dizer como artista e cidadão do planeta neste espetáculo”, diz Eriberto Leão sobre O Astronauta, que chega a São Paulo nesta sexta (9), no Teatro Nair Bello, após temporada no Rio. No monólogo escrito por Eduardo Nunes e dirigido por José Luiz Jr., o ator vive um astronauta enviado para o espaço após chamado de uma civilização extraterrestre desconhecida. Fora da Globo desde outubro do ano passado, Leão respira novos ares, com espetáculos e filmes em produção no estado de São Paulo.
A encenação bebe de referências aos clássicos da ficção científica, como o filme de Stanley Kubrick 2001 — Uma Odisseia no Espaço (1968), e à contracultura, com performances de Leão das músicas de David Bowie Starman e Space Oddity. “A peça mostra a relação entre a vida extraterrestre e a contracultura, movimento que é uma das minhas paixões. Tenho estudado sobre isso desde os 17 anos, quando descobri o The Doors”, conta.
Foi como Jim Morrison, vocalista da banda de rock americana, que o artista se apresentou nos palcos paulistanos pela última vez. O espetáculo Jim (2013) fez temporada por aqui em 2016. Apesar de ter nascido em São José dos Campos, no interior do estado, a infância e a juventude vividas na capital antes de se mudar para o Rio atestam, segundo ele, sua identidade paulistana. “Tenho muita vontade de voltar para São Paulo. Frequentava muito os bares e as casas de show da Augusta, que foi onde formei minha primeira banda. Sou um cara do rock ‘n’ roll paulistano”, resume.
Além do solo, o fim do hiato de quase sete anos vem com um novo desafio. Em agosto, o ator estreia seu primeiro papel em um musical da Broadway. Ele interpreta Nicky Arnstein, esposo da protagonista, em Funny Girl (1964), cuja versão brasileira recebe direção de Gustavo Barchilon e abre temporada no Teatro Porto. “Não sou da Broadway, as peças musicais que fiz eram ‘off off off off-Broadway’”, brinca. “Quando recebi o convite do Barchilon, a primeira pergunta que fiz foi: ‘Vou poder cantar do meu jeito ou vai ter que ser do jeito da Broadway?’. Quando ele disse que seria do meu jeito, eu topei”, revela.
“Costumo convidar para meus musicais atores de outras áreas. Para o Nicky, precisava de um cara que fosse um lorde, um galã, e logo pensei no Eriberto”, conta Barchilon, que também traz ao Teatro Porto, na próxima sexta (16), o musical Alguma Coisa Podre, com Marcos Veras e outros novatos do gênero musical no elenco.
Na seara de novos trabalhos, o ator começa a rodar dois longas em São Paulo, um deles com roteiro do escritor paulistano Reinaldo Moraes e outro baseado em uma história real de um menino paraibano que superou um tumor no cérebro com a ajuda do futebol.
Publicado em VEJA São Paulo de 14 de junho de 2023, edição nº 2845.