Três perguntas para Andréa Beltrão
A Sueli do seriado <em>Tapas & Beijos</em> estreia a comédia musical <em>Jacinta</em> no Sesc Vila Mariana e tem o desafio de convencer o público de que é a pior atriz do mundo
Como dar credibilidade a uma personagem que é uma péssima atriz?
Eu fiquei preocupada em não cair em uma composição tosca ou exagerada. Conversei muito com o diretor, Aderbal Freire-Filho, e com o autor do texto, Newton Moreno, para fugir do ruim pelo ruim. A Jacinta é uma ignorante no sentido mais puro da palavra e carrega a obsessão de ser atriz. Então trabalhei a obstinação e a ingenuidade dessa portuguesa, uma personagem de fábula. Em comum, existe uma grande paixão pelo teatro que une todos os atores, bons ou ruins.
Acredita que a obstinação de um profissional pode ser maior do que o talento?
Eu sempre duvido muito do talento. Acredito em uma iluminação que faz você escolher um caminho profi ssional, que desperta sua vocação, e talvez isso seja o talento. Mas ele sozinho não vale nada. Precisa vir acompanhado de outras qualidades. Tive de trabalhar muito para chegar a qualquer lugar. E sigo bravamente, assim como fazem as pessoas que admiro. Provavelmente a obstinação seja mesmo muito necessária.
Como se preparou para cantar e treinou o sotaque português?
Estudo canto há catorze anos. Uma vez por semana, faço minha aula para trabalhar a voz. Nunca vou ser uma cantora, claro, mas quis aperfeiçoar esse instrumento e usá-lo da melhor maneira como atriz. Em relação ao sotaque, apanhei muito! Por coincidência, eu viajei para Portugal com minha família pouco antes dos ensaios. E pensei que voltaria de lá arrasando, mas foi pior. Deu um bloqueio. Não conseguia imitar ninguém. Minha salvação foram uns vídeos de um humorista português chamado Raul Solnado. Ele era brilhante, fez muitos shows no Brasil inclusive. Eu fui ouvindo e encontrando o sotaque da personagem.
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