Em ano agitado, Laura Castro é atriz em musical mais nova a ser indicada ao Bibi Ferreira
Atriz concorre pela personagem Cady Heron de 'Meninas Malvadas: O Musical' e está em cartaz com 'Dreamgirls: Em Busca de Um Sonho'

A atriz mais nova a receber uma indicação na categoria Melhor Atriz em Musical do Prêmio Bibi Ferreira, um dos mais importantes da indústria que acontece no dia 15 de outubro, Laura Castro, 22, está tendo um ano extremamente movimentado.
Até junho, estava em cartaz com Meninas Malvadas: O Musical, no Teatro Santander, interpretando a protagonista Cady Heron, papel com o qual concorre na premiação. Logo depois, estreou uma nova temporada com Dreamgirls: Em Busca de um Sonho, cuja montagem também está no Santander. Ela estrela ao lado de Letícia Soares e Samantha Schmütz, dando vida ao trio de estrelas Deena Jones, Effie White e Lorrell Robinson, respectivamente.
Com a agenda lotada no teatro musical, Laura, que concorreu no The Voice Kids aos 14 anos e integrou a girl band BFF Girls, afirma sentir falta do seu lado vocalista. Porém, continua botando a voz no mundo nos espetáculos e exercendo seu lado musical, que começou a ser desenvolvido ainda na infância quando morava na França com os pais, através da composição. Confira a entrevista abaixo.
Laura, o começo da sua trajetória na música foi ainda na infância com o piano. Como surgiu esse interesse?
Meu pai sempre gostou de cantar e cantava comigo. Cantar karaokê era minha brincadeira favorita, antes mesmo de falar! Teve um dia que a gente estava escutando a Whitney Houston e ele me disse ‘olha, ela é parecida com você’. E eu disse para ele que quando crescesse ia cantar que nem ela. Foi quando ele comprou para mim um teclado no meu aniversário de cinco anos e me presenteou com aulas de piano. Tudo partiu dessa paixão e brincadeira também.
Você já passou por várias mudanças de países, dos Estados Unidos, onde nasceu, para a França e depois para o Brasil. Como foi construir uma carreira musical em meio a isso?
Eu vivi muitas experiências diferentes ao longo da vida. Mas, isso foi muito positivo para eu entender o tipo de artista que eu sou e quais coisas me movem. Só acrescentou meu repertório.
Essas experiências influenciaram seu interesse na dublagem?
Com certeza. Eu sempre tive muito interesse em entender quem eram as vozes por trás dos personagens que marcaram minha infância. E, conforme eu fui trabalhando no meio, eu tinha vários amigos que dublavam e eles foram compartilhando a experiência e eu me apaixonei mais ainda. Então, comecei a estudar.
Como foi construir a personagem Cady Heron [Meninas Malvadas: O Musical] sendo a primeira atriz negra a interpretá-la em adaptações?
Foi uma honra imensa poder originar essa personagem aqui no Brasil. É uma obra que marcou muitas gerações, inclusive a minha. Ela existe no imaginário de muita gente. Então, ao mesmo tempo foi um grande desafio e responsabilidade, porque as pessoas têm uma expectativa e uma imagem dela formada na mente. Mas, a Cady do filme é diferente da Cady do musical. No geral, foi muito especial me conectar a uma memória afetiva e usar ela como combustível para criar algo novo.
É uma personagem que também tem uma relação de amor e ódio com o público. Qual foi o maior desafio na construção dessa Cady?
A gente, normalmente, tem essa inclinação a defender o nosso personagem. E isso foi uma coisa que o diretor [Mariano Detry] falou para mim: “Para de ter medo que as pessoas não gostem da sua Cady. É importante as pessoas terem um ranço dela em algum momento da história, porque ela é uma personagem que se corrompe”. Isso faz parte da narrativa e de levar as pessoas nessa jornada. A Cady também se odeia em determinados momentos, ela se pergunta ‘o que é isso que me tornei’. E o público precisa questionar a mudança dela para essa história impactar. É um desafio mesmo interpretar personagens corrompidos, mas é muito rico porque você consegue trazer várias camadas.
Falando em Meninas Malvadas, como recebeu a indicação ao Prêmio Bibi Ferreira na categoria Melhor Atriz em Musical, sendo a mais jovem a ser indicada?
Eu fiquei tão feliz! Foi uma emoção muito forte. É um prêmio muito celebrado e reconhecido, então quando eu comecei a estudar teatro musical era algo que eu presenciava os artistas indo para a premiação. E eu sempre quis apenas assistir, estar na plateia, porque era muito distante ser indicada. Então, foi uma reconexão com essa memória. Eu vou para a cerimônia com o coração cheio de alegria, ainda mais com um musical tão especial com 12 indicações! Mas, não estou com expectativa de ganhar, nem nada disso. Essa indicação é mais uma comprovação do quão importante foi esse espetáculo, essa construção coletiva. É sobre celebrar a nossa arte.
Está sendo realmente um ano bastante movimentado para você. Agora, emendou um musical no outro e está em cartaz como a Deena Jones em Dreamgirls. Quanto tempo de preparação teve?
Graças a Deus, está sendo um ano de muitos trabalhos. E desafios, claro, entrando em um universo completamente diferente da Cady. Eu tive que me transformar e explorar novas partes de mim como ser humano e atriz. Sair de uma adolescente para uma adulta que passa dos trinta, sabe. E eu tive somente um mês entre uma temporada e outra. A construção de todo o espetáculo foi feita em cinco semanas, um tempo curtíssimo para um musical tão grandioso. Mas, eu sempre amei tanto o filme quanto o musical e era realmente um sonho interpretar a Deena. Foi mais sobre encontrá-la dentro de mim.
E como funciona sua rotina e cuidados com a saúde durante temporadas tão agitadas?
É uma das partes mais difíceis trabalhando com teatro musical. Em especial, com personagens que exigem tanto fisicamente e vocalmente. A Cady quase não sai de cena, então tem que ter resistência. A Deena tem coreografias supercomplexas e também fica muito em cena. Porém, eu sempre priorizei a minha saúde e técnica vocal. Nunca fico rouca, por exemplo. Eu fico em completo silêncio quando saio do espetáculo. Final de semana mantenho meu corpo em descanso. Estou sempre fazendo lavagem nasal, indo no otorrino, no professor de canto, evito beber, ir às festas. É sacrificar mesmo um lado da vida, porque é um cuidado constante.
Como está sendo dividir o palco e construir essa relação de tensões no palco com a Letícia Soares e a Samantha Schmütz?
Está sendo uma honra trabalhar com elas e com o Toni Garrido e o Robson Nunes, artistas que são monstros da nossa indústria. É um aprendizado enorme. Em especial elas duas, é muito legal observar como ambas trabalham e lidam com o dia a dia. Apesar da relação das três ser complexa no espetáculo, nós tivemos uma relação de admiração e carinho desde o começo.
E quais outros artistas também considera referências para o seu trabalho?
Minhas principais são artistas pretas. Entre as cantoras, sou apaixonada pela Whitney Houston, a Diana Ross e a Beyoncé. Do Brasil, sou apaixonada pela Iza, a Taís Araújo, enfim são várias. Mas, quando vejo uma mulher preta conquistando protagonismo, ela já se torna uma referência para mim.
Falando em música, você está cozinhando alguma coisa nova na sua carreira musical?
Eu tenho muita vontade de voltar a explorar meu lado cantora. Como compositora, estou escrevendo para outros artistas. Essa semana saiu uma que fiz com a Zaynara [Eu Não Gosto de Errar], que foi muito legal. E logo mais vão surgir outras composições.
Laura, você disse que não costuma sair. Mas, o que você gosta de fazer em São Paulo?
Eu gosto de sair para comer. Adoro conhecer restaurantes e livrarias novas. Sou uma jovem senhora. Estou agora vendo lugares para fazer cerâmica.