Disque-poesia: Projeto Dial-A-Poem distribui versos por chamada telefônica

Maria Bethânia e Arnaldo Antunes são algumas das 54 personalidades que lêem poemas na linha telefônica

Por Laura Pereira Lima
4 mar 2025, 08h00
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Mostra a coleção moraes-barbosa ficará em cartaz até 15 de março (Ding Musa/Divulgação)
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Já pensou em discar um número no celular e ouvir a voz de ninguém menos que Maria Bethânia? Ter uma ligação atendida pelo Arnaldo Antunes? Calma, ainda não vazaram o telefone pessoal desses artistas, mas agora é possível escutá-los ao pé do ouvido graças ao projeto Dial-A-Poem. É simples assim: basta teclar o número 5039-1344 para ter sua ligação direcionada, aleatoriamente, para um dos 181 poemas de autores como Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e Hilda Hilst (1930-2004), gravados por 54 músicos, poetas, pesquisadores e escritores brasileiros.

A ação é inspirada na arte de John Giorno (1936-2019), que, em 1968, estabeleceu uma linha telefônica nos Estados Unidos que permitia ao interlocutor ouvir poemas lidos por astros como Patti Smith e John Cage (1912-1992). Depois da morte de Giorno, o projeto começou a ser reproduzido em vários países e agora chega ao Brasil em uma parceria entre a coleção moraes-barbosa e a Vivo. “Ele estava interessado em fazer uma experimentação da palavra não só no impresso, trazendo a poesia para outros canais”, conta a curadora Marcela Vieira.

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Telefone fixo: nostalgia e poemas (Ding Musa/Divulgação)

O fio condutor da versão brasileira é o erotismo, a partir do qual os intérpretes puderam escolher seu repertório com total liberdade. “Abordamos o tema em um sentido amplo, com poemas amorosos, outros mais sensuais. Alguns não são necessariamente eróticos, mas, dentro do contexto do projeto, ficaram”, explica Marcela.

Outras personalidades que emprestaram sua voz foram Ava Rocha, Fabrício Corsaletti e Zahy Tentehar. Alguns leram poemas curtos, de poucos segundos, outros, histórias que ultrapassam os oito minutos. “Também abrimos para línguas indígenas, porque era uma intenção do trabalho ouvir outros sotaques e outra compreensão do que pode ser o erótico”, aponta a curadora. Igualmente diverso é o repertório, que vai de obras do poeta barroco Gregório de Matos (1636-1696) à rapper MC Carol. Há ainda textos inéditos, como o de Deize Tigrona, escrito especialmente para o projeto.

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Além do telefone oficial, há uma seleção gratuita (e mais restrita) disponível no número 0800-01-76362. Outra forma de acessar o material é usar os telefones instalados na coleção moraes-barbosa na exposição Sit in My Heart and Smile (Sente-se no meu coração e sorria, em tradução livre), que aborda a vida e obra de John Giorno. O 0800 ficará disponível só até o fim da exposição, mas o 5039-1344 seguirá ativo por tempo indeterminado.

coleção moraes-barbosa. Travessa Dona Paula, 120, Higienópolis. Seg. a sex., 11h/19h; sáb. 15h/19h. Grátis. Até 15/3.

Publicado em VEJA São Paulo de 27 de fevereiro de 2025, edição nº2933

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