Mostra reúne telas de Manabu Mabe pintadas nos anos 50 e 60
Trinta e seis trabalhos do pintor japonês, contemporâneo de Tomie Ohtake, serão exibidos na galeria Pinakotheke
Na metade do século XX, a arte brasileira presenciou o surgimento de uma tríade de pintores japoneses radicados no país: a quase centenária Tomie Ohtake, Flávio-Shiró e Manabu Mabe (1924-1997). Esse último ganha, a partir de quarta (27), uma relevante reunião de 36 trabalhos das décadas de 50 e 60 na filial paulistana da galeria carioca Pinakotheke.
A mostra será acompanhada do lançamento de um livro com um ensaio do crítico Paulo Herkenhoff. Mabe imigrou para o Brasil com a família em 1934 e foi ajudar na lavoura de café no interior de São Paulo. Interessado por pintura, veio para a capital, onde se converteu em figura primordial do nosso abstracionismo informal, a ponto de receber o prêmio de melhor pintor nacional na 5ª Bienal de São Paulo, realizada em 1959.
A individual atual tem importância fundamental. Em janeiro de 1979, um acidente aéreo destruiu parte considerável das obras do artista, e a produção anterior ao desastre acabou ficando mais rara. A influência da cultura oriental pode ser notada nas telas, sobretudo pelas alusões caligráficas e pelo interesse de Mabe pelo budismo.
Manchas de tamanhos variados aparecem envolvidas por intensas camadas de cor, em uma força gestual de dar inveja até mesmo aos expressionistas abstratos americanos Jackson Pollock e Willem De Kooning. O equilíbrio entre emoção e sutileza, expressividade e intimismo desafia também o rigor matemático dos concretistas, então em voga no cenário artístico.