Conheça a produtora que transforma memórias familiares em filmes de cinema
Empresa foi fundada por cineasta que decidiu registrar memórias da própria avó
Há pouco mais de dez anos, a cineasta Cecilia Engels enfrentou um difícil momento na família com o adoecimento da avó. Acompanhando a internação de perto, ela lidou com a possível perda da matriarca e, com ela, o apagamento de inúmeras histórias familiares que nunca tinham sido passadas. “Na época, ainda não existia smartphone. Então, comecei a gravar com ela algumas memórias ainda no hospital. Quando ela se recuperou, fiquei ainda mais estimulada”, lembra a paulista.
A partir das gravações, surgiu um filme que foi exibido em uma grande comemoração na família. Conforme foi compartilhando o feito com os amigos, surgiu o interesse de alguns para também terem um registro assim. “Eu entendi ali que tinha uma preciosidade na mão mesmo. Porque as pessoas se veem resgatando memórias. Isso traz um valor da presença delas no mundo, entendimentos de quem somos, de onde viemos e os frutos que deixamos para as futuras gerações”, compartilha a cineasta, que tem especialidade em documentários.
Assim, em 2024, surgiu oficialmente a Filme de Família, uma produtora com expertise em documentários de curta a média duração que capturam vivências e memórias familiares através de uma metodologia própria com foco na coletividade do processo, ou seja, colocar os próprios personagens na produção.
Com a profissionalização do negócio, que era apenas uma diversão entre amigos, a irmã de Cecilia, Marina Engels, topou uma parceria para alavancar o serviço. “Estamos nesse momento de expansão, formatamos uma nova marca e um novo site. Queremos que mais pessoas possam usufruir desse trabalho, porque todas as famílias têm histórias dignas de filme”, afirma Marina, que é formada em gestão ambiental e agora amplia o escopo da produtora para empresas familiares.
A metodologia começa com uma reunião de roteiro junto com os clientes para entender os desejos e possíveis personagens da narrativa. “Às vezes, nos procuram com objetivos muito específicos. Por exemplo, uma família nos procurou porque a casa que tinham crescido e o avô construiu tinha sido vendida por uma incorporada. Na última semana antes da demolição, eles nos ligaram para registrar o lugar, que carrega muitas memórias. Eles revisitaram as árvores, a cozinha onde faziam geleia de goiaba com a avó. Foi uma tarde mágica”, conta Marina.
Identificando a essência da família, elas partem para a proposição de locações e situações que podem ser gravadas, como cozinhar uma receita tradicional, coisa que as irmãs fizeram no próprio documentário. Depois, a dupla parte para a captação com uma equipe contratada, o que inclui acompanhar os clientes por um tempo de mais de um mês e resgatar arquivos antigos junto com eles.
“É muito bom quando encontramos materiais de foto raros. Uma vez, a família achou um filme de película que a gente passou para eles e gravamos a reação. Outras vezes, partimos de perguntas subjetivas para alcançar esse lugar do afeto: quais são os cheiros da sua infância, como você descreveria a presença de um determinado familiar”, compartilha a cineasta.
Ao todo, já foram cerca de vinte filmes entregues que custam em média 12 000 reais e podem ser exibidos em cinemas, caso a família queira. “Uma família fez uma sessão no Museu da Imagem e do Som. Eles tinham nos procurado para registrar a avó, que estava fazendo cem anos. Foi muito bonito ver ela contando a visão de mundo dela e todos vendo na telona”, lembra Marina.
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