Coletivo de arte japonês abre exposição nesta terça em São Paulo
Rhizomatiks criou imagens geradas no encerramento da Olimpíada do Rio
Em 2016, no encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, uma série de imagens geradas por computador foi projetada no Maracanã. Com iluminação azulada, os símbolos dos esportes que participariam da Olimpíada seguinte, em Tóquio, foram projetados no Maracanã e pareciam bailar sobre o campo. O trabalho foi desenvolvido pelo coletivo japonês Rhizomatiks, que agora terá obras expostas na Japan House, em São Paulo, na primeira exposição individual na América Latina.
Quatro obras foram selecionadas pela curadoria da Japan House para fazer parte da exposição O Que Não se Vê, que entra em cartaz nesta terça-feira (12) e poderá ser visitada até 2 de outubro. Dois trabalhos são interativos, unindo o que o coletivo japonês faz com muito sucesso desde 2006, quando surgiu: arte, mídia e tecnologia.
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“[O Rhizomatiks] é um grupo que trabalha muito com essa lógica, essa dualidade do mundo real e do mundo virtual”, disse a diretora cultural da Japan House São Paulo, Natasha Barzaghi Geenen, curadora da exposição.
Todas as obras estão sendo apresentadas no térreo da Japan House. “É uma tentativa de mostrar um pouco quais são as frentes que o Rhizomatiks trabalha. Eles têm um trabalho muito amplo e muito diversificado”, disse Natasha, em entrevista à Agência Brasil. “As obras tratam, de alguma maneira, com elementos que a gente não vê.”
A primeira obra apresentada ao público é Sensing Streams 2022 – Invisible Inaudible, de Ryuichi Sakamoto e Daito Manabe, este último, um artista multimídia responsável pela criação do coletivo em 2006. Aqui, o visitante vai encontrar uma grande tela preta, um painel de LED, que projeta imagens produzidas por ondas eletromagnéticas que podem ser geradas pelo barulho dos carros na Avenida Paulista, ou pela proximidade de um celular. O público também pode alterar a frequência da onda, mexendo em uma antena instalada bem na frente do painel. Sons e ruídos acompanham a profusão de imagens.
“É uma obra que trabalha com ondas eletromagnéticas e transforma essas ondas, que a gente não enxerga, em imagem e som. A obra tem um tanto de interatividade, já que as pessoas que forem adentrando a Japan House poderão alterar as frequências com seus próprios aparelhos de celular, que também emitem ondas. Existe um tanto de interatividade de que a pessoa não se dá conta e existe um dispositivo que pode ser acionado para mudar a imagem e a frequência das imagens e sons”, explicou Natasha.
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Na instalação seguinte, Paredes Ópticas, o visitante entra em uma sala escura e se depara com uma neblina e três objetos de luz pairando no ar, de mesmo formato. Os três objetos vão girando e projetando feixes e linhas pelas paredes, criando diferentes formatos geométricos. “É uma obra imersiva, que também aborda as questões do invisível, de certa maneira. Ela cria paredes ópticas por meio de um jogo de luzes. Tem toda essa lógica da percepção sensorial e espacial”, disse a curadora.
A terceira obra é Gold Rush, ou Corrida do Ouro, que apresenta os NFTs (sigla para token não fungível), uma espécie de bem digital único ou mercadorias digitais que as pessoas podem obter por meio de criptomoedas. A instalação dá destaque à venda de uma obra digital do artista norte-americano Beeple, chamada Everydays: The First 5000 Days, que foi arrematada por quase US$ 70 milhões em um leilão realizado em março do ano passado.
A partir daí, o coletivo Rhizomatiks passou a analisar dados de imagens comercializados pela plataforma OpenSea [que negocia os NFTs] no dia em que a obra foi comercializada. Segundo a curadora da mostra, eles conseguiram fazer um retrato de todas as movimentações ocorridas no metaverso no dia da venda. “Depois comprimiram as imagens e transformaram em filme.”