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Cirque du Soleil estreia espetáculo no gelo

Com elenco formado por artistas e patinadores profissionais, 'Crystal' promete diversão e acrobacias de tirar o fôlego

Por Vanessa Barone
Atualizado em 5 jul 2024, 18h33 - Publicado em 5 jul 2024, 09h37
Cena no palco de gelo
A trupo em ação: acrobacias de tirar o fôlego (Divulgação/Divulgação)
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As impressionantes acrobacias executadas pela trupe canadense Cirque du Soleil acabam de ganhar mais um grau de complexidade. Isso porque em Crystal — espetáculo que estreia nesta sexta (5) e fica em cartaz até o dia 6 de outubro no Parque Villa-Lobos — a companhia une os desafios da dança e das artes circenses aos movimentos de patinação no gelo. Tudo isso embrulhado por música pop e projeção de imagens que ajudam a contar a história da personagem Crystal em sua viagem de autodescoberta pelo “mundo invertido” sob o gelo. Lá, ela reenquadra a realidade e encontra-se consigo mesma, enquanto aprende a olhar a vida por outros ângulos.

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A personagem Crystal em acrobacia aérea (Divulgação/Divulgação)

O papel da jovem que submerge no lago congelado é interpretado pela patinadora profissional canadense Hjordis Lee, que integra o elenco da superprodução há cinco anos, mas já soma três décadas de experiência com o esporte. Sem problemas em se movimentar na superfície gelada, portanto, Hjordis admite que o seu maior desafio foi atuar no que chamou de “aventura emotiva”. “Não foi fácil viver uma adolescente que está se descobrindo”, diz a artista de 39 anos. “Apesar disso, tem sido um trabalho gratificante”.

Antes de desembarcar em São Paulo, Crystal passou pelo Rio de Janeiro, depois de rodar 21 países e ser visto por mais de 2 milhões de pessoas. Criado em 2017 por Shana Carroll e Sebastien Soldevila, o espetáculo é o 42º do grupo, que está completando quarenta anos de existência, e segue o padrão de produções anteriores, repletas de superlativos como cenários monumentais, elencos numerosos, técnica perfeita e altas doses de adrenalina.

A tenda que abriga a nova apresentação, por exemplo, é a maior já vista pelo público brasileiro: da altura de um edifício de sete andares, ela cobre uma área de 6 300 metros quadrados e tem capacidade para 3 582 espectadores. Para se ter uma ideia do que isso significa, basta dizer que essa megaestrutura ocupa 45 containers e precisa de trinta dias para ser completamente instalada no local das apresentações. Outras quinze horas de trabalho são necessárias para colocar de pé toda a parte cênica, mecânica e técnica.

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Cena do espetáculo com artistas e patinadores
Patinadores e artistas formam o elenco do espetáculo (Divulgação/Divulgação)

Segundo Roberto Larroude, relações públicas sênior do grupo, este é o primeiro show do Cirque du Soleil no gelo. Também é o primeiro a utilizar neve de verdade. A performance nesse ambiente gelado exigiu bastante do elenco. “As acrobacias acabam tendo um risco adicional”, admite o RP. Para garantir movimentos seguros e perfeitos, o grupo juntou artistas circenses a patinadores artísticos, que receberam treinamento para adaptar as suas aptidões às necessidades do espetáculo. Durante as duas horas da atração (que inclui vinte minutos de intervalo entre o primeiro e o segundo ato), projetores de imagens criam diferentes cenários para os números. Os figurinos possuem sensores infravermelhos que controlam a distância 36 holofotes, garantindo que a luz acompanhe os movimentos em cena. Movimentos, aliás, sustentados pelos oitenta pares de patins que completam o figurino do show — sendo quatro para cada artista, por apresentação.

Todo esse investimento em excelência, soluções tecnológicas e surpresas imagéticas tem por objetivo cativar o espectador dos dias atuais, cuja atenção é cada vez mais fluída e dividida entre telas. São adultos, jovens e crianças com pouca tolerância a eventos de longa duração e que não podem ser acelerados como um vídeo da internet ou um filme do streaming. E para atendê-los, diz Larroude, o mundo do entretenimento ao vivo — onde o Cirque du Soleil é um dos mais famosos — precisou se adaptar, com novas tecnologias, como telões de alta resolução, e recursos visuais variados.

Efeitos especiais, gelo e neve no palco
Cenografia composta de muito gelo, neve e efeitos especiais (Divulgação/Divulgação)

 

Uma realidade bem diferente da época em que surgiu, em 1984, com um pequeno grupo de artistas se apresentando nas ruas de Montreal. De lá para cá, o Cirque du Soleil já foi visto por mais de 400 milhões de pessoas, nos seis continentes, e emprega mais de 4 000 funcionários, incluindo 1 200 artistas de oitenta nacionalidades, entre palhaços, músicos, cantores, dançarinos, atletas, acrobatas e atores. Só a turnê de Crystal envolve 97 profissionais, de 25 nacionalidades diferentes. Este é o nono espetáculo que o grupo traz para o Brasil, onde esteve pela primeira vez em 2006, com Saltimbanco. Em sua última estada no país, em 2022, apresentou Bazzar, peça que revivia suas raízes.

Agora, mais contemporâneo do que nunca, o grupo promete cativar novamente o público brasileiro. Se o que vale no final é garantir um bom registro para as mídias sociais, o Cirque du Soleil, com suas acrobacias de tirar o fôlego, artistas extraordinários e efeitos grandiosos, entrega com louvor.

Parque Villa-Lobos. Avenida Queiroz Filho, 1315, Vila Leopoldina. Qua. e qui., 21h. Sex. e dom., 16h e 20h. Sáb., 17h e 21h. Até 6/10. R$ 190,00 (meia entrada) a R$ 820,00 (área Vip Experience by Porto). Vendas na bilheteria do Parque Villa-Lobos, no Shopping Market Place (Avenida Chucri Zaidan, 902, Vila Cordeiro) ou no site eventim.com.br/cirquecrystal. ■

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Publicado em VEJA SÃO PAULO de 05 de julho de 2024, edição número 2900

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