Fernando Grostein Andrade filmará história de Suzane von Richthofen
Depois de obras como o documentário <em>Quebrando o Tabu</em> e a ficção <em>Na Quebrada</em>, diretor se prepara para a história da criminosa
Como ocorre na vida de muitos adolescentes, Fernando Grostein Andrade penou nessa época para encontrar um caminho, em meio a tantas possibilidades e áreas de interesse. Estudante do Colégio Santa Cruz, chegou a flertar com o jornalismo, editando o periódico da escola. Fez também uns bicos de promoter e de DJ, antes de frequentar as aulas de administração na Fundação Getulio Vargas. Alimentou paralelamente uma antiga paixão, o cinema, fazendo cursos na área em Los Angeles, nos Estados Unidos.
+ Deborah Secco quer interpretar Suzane von Richthofen no cinema
O seu trabalho de conclusão de curso na faculdade definiu o futuro rumo profissional. Era um curta-metragem sobre a fantasia de um casal de namorados de transar em uma banheira com geleia de morango. Esse “cartão de visita” chegou às mãos da empresária Paula Lavigne, que o convidou para dirigir o videoclipe de Lisbela e o Prisioneiro, de Caetano Veloso. Em seguida, acabou contratado para registrar os shows do cantor e compositor baiano no bar Baretto para o DVD A Foreign Sound. O foco foi ampliado e Andrade o filmou nas turnês de Nova York e Japão. Nasciam aí o documentário musical Coração Vagabundo e a promissora carreira atrás das câmeras.
Hoje, aos 33 anos, ele é um respeitado diretor de publicidade e vem se firmando também como um dos nomes mais talentosos da nossa nova geração de cineastas. Ao lado de outros três sócios, comanda a produtora Spray. Da empresa, sediada em um sobrado de 1 000 metros quadrados no Jardim Paulista, surgiram fitas que obtiveram boas críticas e repercussão, caso do documentário Quebrando o Tabu (2011), a respeito da descriminalização dos usuários de drogas. A obra até ganhou uma versão para o mercado estrangeiro, Breaking the Taboo, vendida para 22 países, e lhe abriu as portas para dar palestras sobre inovação e empreendedorismo em locais como a Universidade Harvard.
+ “Levantar dinheiro para realizar filmes no Brasil é um horror”, diz o diretor de Na Quebrada
Seu filme mais recente, a ficção Na Quebrada, teve personagens inspirados em adolescentes da periferia de São Paulo. A pré-estreia do longa, ocorrida em outubro aqui na capital, reuniu autoridades como o governador Geraldo Alckmin e o prefeito Fernando Haddad. Entre os projetos futuros, quer filmar um dos casos criminais de maior repercussão na história do Brasil. Para isso, comprou recentemente os direitos do livro Richthofen — O Assassinato dos Pais de Suzane, de Roger Franchini. “Quero tentar entender se as pessoas nascem ou se tornam más”, conta.
No momento, o profissional prepara o roteiro do filme com ajuda de Franchini. As filmagens devem começar em 2015. O cineasta é filho do jornalista Mario Escobar de Andrade (1945-1991), diretor da revista PLAYBOY de 1978 a 1991, e de Marta Grostein, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. “Fernando tem uma capacidade ímpar de realizar”, elogia o meio irmão Luciano Huck. O apresentador virou um dos maiores incentivadores da carreira dele, ajudando a bancar Quebrando o Tabu e Na Quebrada.
Apesar da força e das boas conexões proporcionadas pela família, Andrade tem orgulho de não ter dependido apenas disso para o sucesso. “Gosto de trabalhar duro”, afirma ele, que chega a engatar até catorze horas de trabalho por dia. Solteiro, mora próximo à produtora. “Uso a bicicleta até para ir às reuniões com clientes”, conta. O refúgio contra o agito do dia a dia ele costuma encontrar em dois lugares: no Parque do Ibirapuera, para andar de skate, e, nas férias, nas montanhas do Colorado, nos Estados Unidos, onde pratica snowboarding.