Artesã paulistana borda ultrassonografias à mão
A confecção leva cerca de quinze horas e utiliza 8 metros de linha
Na infância, Suzana Moreira adorava observar sua avó Maria Regina bordar na máquina. Apesar de ter facilidade com a linha desde menina, a técnica foi deixada de lado e substituída por outras paixões. Foi só em novembro de 2019, após uma demissão, que a radialista de formação decidiu se dedicar ao bordado profissionalmente. A ideia de reproduzir ultrassonografias de bebês partiu do pedido de uma cliente e foi necessário muito estudo até chegar a um resultado que agradasse a bordadeira. O trabalho da artesã Veselka Bulkan, de Munique, na Alemanha, é sua principal referência. “O processo é bem mais difícil, devido à quantidade de detalhes necessários. Eu uso praticamente uma meada inteira, com oito metros de linha, o que nunca acontece em outros trabalhos”, explica Suzana. De acordo com ela, outra dificuldade é a base feita com tecido preto, que cansa a visão mais rapidamente e dificulta o traçado.
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Um ultrassom leva cerca de 15 horas para ser bordado à mão, cinco a mais do que a média. Primeiro, ela imprime a fotografia e cria um esboço em papel vegetal até chegar ao desenho ideal, que é transferido para o tecido com papel carbono branco e posteriormente bordado. Suzana considera que qualquer fotografia pode ser reproduzida, até as mais abstratas, desde que a imagem tenha uma boa qualidade. A exceção fica para a ultrassonografia 3D, que não funciona bem no formato. “Eu acho que o momento em que uma mãe vê o filho pela primeira vez no ultrassom é um dos mais especiais da gravidez, quando tudo se torna mais real. O bordado funciona como um registro afetivo”, explica. São três tamanhos possíveis, medidos com base no diâmetro do bastidor (espécie de moldura circular, geralmente de madeira): 10 centímetros por 290 reais; 12 centímetros por 350 reais e 14 centímetros por 390. Eles saem um pouco mais caro do que os outros bordados da artesã, que começam em 16 centímetros por 290 reais. Durante a quarentena, ela continua recebendo encomendas por meio do seu Instagram (@_suzanamoreira_).
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 1º de julho de 2020, edição nº 2693.