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Ana Carolina volta com disco pop e beija homens e mulheres em clipe

Turnê de <em>#AC</em> estreia no Citibank Hall nesta sexta (31) com DJ no palco e sucessos repaginados

Por Mayra Maldjian
Atualizado em 17 Maio 2024, 15h11 - Publicado em 31 jan 2014, 13h27

Uma das maiores vendedoras de CDs e DVDs do mercado brasileiro — são cinco milhões de cópias em quinze anos de carreira —, a cantora e compositora Ana Carolina volta aos palcos com o sexto álbum de inéditas, #AC. A nova turnê estreia na cidade, em duas noites no Citibank Hall, sexta (31) e sábado (1º), antes de rodar o Brasil e partir para Angola e Portugal.

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Conhecida pelas baladas melosas, a intérprete surpreende ao se entregar a uma sonoridade mais pop e atual. O disco traz, por exemplo, scratches do DJ e produtor Cia, nome de destaque da cena hip-hop, e intervenções eletrônicas. É mais acessível em comparação ao anterior, N9ve, recebido com certo estranhamento pelo público. Apesar disso, ela arrisca de novo. Com DJ no palco, o baiano Mikael Mutti, cujo currículo inclui produções com Stevie Wonder e John Legend, o novo espetáculo promete ser uma surpresa para os fãs. Os hits-chicletes que a consagraram, como Garganta e Quem de Nós Dois, devem vir com outra roupagem, revezando-se com boa parte das faixas do novo trabalho. A banda tem ainda Pedro Baby (guitarra), Edu Krieger (baixo), Carlos Trilha (teclados) e Leo Reis (bateria e percussão).

A produção de  #AC  é assinada por ela e por Alê Siqueira, e traz preciosas parcerias com Chico Buarque, em Resposta da Rita, Guinga, em Leveza de Valsa, e a italiana Chiara Civello, em Um Sueño Bajo El Agua. A lista de duetos da cantora é, inclusive, de fazer inveja: Tonny Bennett, Esperanza Spalding e Gilberto Gil, para citar alguns. 

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Insaciável, Ana Carolina esquentou a semana com o clipe da inédita Libido, com o qual volta a afirmar sua postura sexual, assumida em 2005 na capa de Veja: “Sou bi. E daí?”: ela beija homens e mulheres em diversas cenas. “Já faz um tempo desde que Renato Russo dizia que gostava de São Paulo e de São Sebastião, de meninos e meninas. O ser humano é homem e mulher, somos feitos dos dois aspectos”, afirma. Leia abaixo um breve bate-papo com a artista:

 

VEJASAOPAULO.COM –  #AC surpreende com uma pegada mais pop e atual, tanto nas letras (Pelo iPhone, por exemplo) quanto na sonoridade (os scratches do DJ Cia, só para citar). O que te levou isso?

Ana Carolina – Quando se trata de música, o melhor é se permitir sair da tal “zona de conforto”. Não devo pertencer a uma prateleira, um filão ou a um modelo específico e a música me dá infinitas possibilidades, o importante no processo é justamente não se repetir e experimentar. #AC  traz o reflexo do tempo em que vivemos, entre máquinas, gadgets, computadores, mensagens, torpedos, emoticons, vida rápida, emoções virtuais. A sonoridade tem sim um sotaque pop, mas equilibra melodias mais acessíveis a outras rebuscadas, gosto de buscar o equilíbrio no contraste.

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No videoclipe de Libido você beija meninos e meninas. Por quê? E por que não? Esse é outro reflexo do nosso tempo, a queda de tabus e dogmas comportamentais. Já faz um tempo desde Renato Russo dizia que gostava de São Paulo e de São Sebastião, de meninos e meninas. É possível gostar do calor sem abdicar do frio, o ser humano é “homem e mulher”, somos feitos dos dois aspectos. A libido é comum a ambos os sexos e está em toda parte. Todo mundo tem dentro de si.

Como surgiu a parceria com Chico Buarque em Resposta da RitaA Maria Bethânia me deu a ideia de criar respostas da personagem de A Rita, canção de Chico, e gostei do desafio. Gravaríamos juntas, mas foi na época que Dona Canô faleceu e Bethânia me sugeriu gravar com Chico. Ele gostou da ideia e me deu a honra.

Tonny Bennett, Esperanza Spalding , Gilberto Gil e, agora, Chico Buarque estão entre os grandes duetos da sua carreira. Qual é a parceria musical dos seus sonhos? Prefiro não sonhar e seguir, cantar ou compor com o Tony Bennet, Chico, Gil, Bethania, Tom Zé e tantos outros que admire… São, sem dúvida, realizações de sonhos, mas também fruto do respeito que o trabalho musical me dá. Prefiro sonhar menos e compor mais, uma hora aparecerá outro bom e novo parceiro. Se fosse para sonhar, John Lennon estaria no topo da lista. Quem sabe na próxima.

Você vendeu mais de cinco milhões de cópias de seus discos. Por que, a seu ver, sua música vende tanto? Não faço música para vender, não penso em cifrão, mas em cifras do meu violão. Mas me sinto realizada quando alguém me diz que a música marcou seu casamento ou sua separação, que tem um significado especial em sua vida. Talvez venda por ter muita gente que se identifique com elas, mas não é calculado, não existe uma fórmula. Se eu descobrir uma eu vou patentear e vender (risos).

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