“Ela me chama de amor”: a fórmula do sucesso dos meninos da AL9
Dupla de irmãos da Grande São Paulo se destaca no rock iê-iê-iê
Os longos cabelos e as camisas com estampas extravagantes podem levar o espectador a pensar que a dupla que bate palmas e repete um refrão de cinco palavras incessantemente na tela do celular talvez esteja um pouco descolada do momento. Matheus, 25, e Thiago Khouri, 23, apesar de exalarem a estética de décadas passadas, encontraram no que existe de mais contemporâneo a receita para colocar em alta um estilo musical que não encontra há algum tempo novas figuras: o rock iê-iê-iê.
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Os irmãos, de Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, formam a banda AL9 e tocaram em bares de música independente da capital paulista, parques e até postos de gasolina antes de viralizarem. Eles juntam acordes desde a infância e, em 2017, começaram a postar covers de Beatles e Elvis Presley até lançarem as primeiras autorais, em 2018.
Em 2022, veio o salto com uma estratégia de divulgação trabalhosa e, ao mesmo tempo, simples. “Martelamos a nossa música na cabeça das pessoas”, explica Thiago. As postagens são frequentes — ao menos, seis por dia. “Começamos a participar de trends, como vídeos substituindo o refrão da nossa música Ela Me Ligou pelo nome que alguém sugere nos comentários (Mariana me ligou, eu acho que é amor…)”, conta Matheus. No TikTok, onde hoje eles juntam quase 1 milhão de seguidores, são dezenas de vídeos da mesma canção. A dupla fechou 2022 com postagens que passaram de 12 milhões de visualizações. “Nos inspiramos no Luan Pereira (cantor sertanejo). Ele lançava uma música e fazia oito vídeos por dia com a mesma canção”, lembra Thiago.
Em agosto de 2023, veio o álbum Amor É a Lei. Entre as composições, o maior hit, Chama de Amor, repetido incessantemente em vídeos em que os irmãos batem palmas enquanto cantam o refrão. O som chegou aos ouvidos do DJ Steve Aoki, que apresentou um remix da música no Tomorrowland Brasil, em outubro, com os irmãos no palco.
Nos últimos meses foram os primeiros shows-solo na capital e no interior. Os dois começam a ver o retorno financeiro, com cachês que chegam, por enquanto, a 20 000 reais. “A galera do sertanejo, funk e trap está apoiando mais a gente do que o pessoal do rock nacional”, diz Thiago. “É curioso ver que a nossa primeira parceria foi com alguém do eletrônico”, conta Matheus. “Queremos concretizar o nosso público. Usamos o TikTok para divulgar nossas músicas, mas não somos tiktokers”, afirma Matheus. No dia 21 de janeiro, eles tocam no Teatro Gazeta, na Avenida Paulista.
Publicado em VEJA São Paulo de 8 de dezembro de 2023, edição nº 2871