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Jogo airsoft simula ações militares em florestas da capital

Segundo a federação paulista da modalidade, a cidade ganhou ao menos 5 000 adeptos nos últimos quatro anos

Por Felipe Neves
Atualizado em 1 jun 2017, 16h44 - Publicado em 11 jul 2015, 00h00
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airsoft-serra-cantareira (Rodrigo Dionísio/)
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Camuflados em meio à vegetação fechada, cerca de vinte homens fazem tocaia a poucos metros de uma casamata de madeira. Calçam coturnos, vestem roupa verde-oliva, usam capacete e um colete robusto, no qual penduram apetrechos como granadas e facas, e carregam pistolas automáticas, submetralhadoras e fuzis. Causam espanto a quem chega desavisado ao local: parecem soldados prontos para uma missão no Delta do Mekong em plena Guerra do Vietnã. A tropa, no entanto, é formada por profissionais como microempresários e advogados, e a “batalha” na Serra da Cantareira, na Zona Norte, consiste em um treino de airsoft.

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O jogo simula ações militares — é uma espécie de paintball para barbados — e tem conquistado espaço na cidade, em áreas florestais e fábricas abandonadas. Segundo a federação paulista da modalidade, a capital ganhou cerca de 5 000 adeptos somente nos últimos quatro anos.

Inventada no Japão na década de 70, a brincadeira demorou quase quatro décadas para chegar ao Brasil. Em cada partida há uma tarefa específica, inspirada em situações de guerra, como invadir o quartel-general “inimigo”, resgatar um refém ou eliminar os adversários.

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Durante a ação, os praticantes correm, rastejam e gritam em meio a um frenesi de tiros, semelhante a um treinamento do Exército. Elétricas ou a gás, as armas disparam esferas de plástico com 6 milímetros de diâmetro. Os projéteis não deixam marcas no alvo e a “morte” precisa ser autodeclarada. Ao agitar um pano vermelho ou levantar as mãos, o participante informa aos outros que está fora de combate. Ou seja, todos contam com a honestidade alheia. “Nosso maior princípio é a honra, não há espaço para espertinhos”, diz o gerente de recursos humanos Lindolfo Sousa, fundador da equipe B.I.R.D.S., que se reúne quinzenalmente.

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As balas só causam ferimentos quando atingem locais descobertos do corpo. “Além da roupa resistente, usamos óculos e máscara para proteger o rosto”, explica Sousa. Acidentes, no entanto, acontecem. São comuns os hematomas na pele dos jogadores assíduos, e há até episódios mais graves em momentos de descuido. “Levei um tiro quando estava de boca aberta e acabei perdendo um dente. Foi azar”, conta o empresário Levon Sevzatian.

Quem quiser “alistar-se” nos grupos precisará se dispor a gastar. Um bom loadout, como os praticantes chamam o kit que utilizam nos jogos, não sai por menos de 6 000 reais (confira o preço de equipamentos abaixo). Há opções para todos os gostos, a exemplo de réplicas da pistola austríaca Glock (800 reais), do rifle americano M4 (2 000 reais) e do clássico fuzil russo AK-47 (1 800 reais). Bazucas são comercializadas por até 8 000 reais.

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A popularização do airsoft fez surgir um mercado na área. Desde 2011, foram abertas pelo menos dez lojas na região metropolitana dedicadas à modalidade. Em apenas uma delas, a Try Vendas, em São Caetano, são vendidas 200 armas por mês — quatro vezes mais do que na época da inauguração, quatro anos atrás. O movimento representa um faturamento mensal de 200 000 reais. “Também oferecemos o serviço de manutenção, que chega a custar até 1 000 reais”, diz o gerente Eduardo Tóffuli. Há quem prefira trazer os equipamentos do exterior, onde há maior oferta — entre os itens procurados está a metralhadora M60, imortalizada no filme Rambo, com Sylvester Stallone.

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Quem regula a entrada e o comércio dos artigos no Brasil é o Exército, e apenas maiores de 18 anos podem comprá-los. De março a maio deste ano, cerca de 15 000 armas do tipo desembarcaram no país por importação. Todas devem ter a ponta laranja, simbolizando que se trata de um item destinado ao esporte. Porém, ainda que as réplicas tenham essa característica, é comum que praticantes de airsoft precisem se explicar em delegacias e aeroportos sobre o porte delas. “Já fui parado pela Polícia Federal”, relata o empresário Felipe Darín. “A prática é novidade e surpreende até mesmo quem lida com segurança.”

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