Bailarina oferece bolsas de estudo em dança a jovens de baixa renda
Projeto Fazendo Arte na Ponta dos Pés, criado por Adriana Assaf em 2008, já levou alunos ao Prix de Lausanne, na Suíça
Em 2006, a bailarina e diretora de dança Adriana Assaf, de 45 anos, foi chamada pela Embaixada da Espanha para montar o espetáculo Don Quixote, como parte das comemorações dos 400 anos do clássico de Cervantes. Para o elenco de 26 artistas, era preciso achar doze homens. “Tive de completar o casting recorrendo a várias escolas”, lembra.
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Dois anos depois da apresentação, Adriana criou o Fazendo Arte na Ponta dos Pés. O projeto apadrinha jovens promissores, em especial do sexo masculino, que queiram se tornar dançarinos profissionais. Além da bolsa de estudos integral para formação técnica, a iniciativa oferece moradia, alimentação e transporte. “Sempre vi muito rapaz com talento não ter condições de seguir em frente, e resolvi mudar isso”, explica.
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Atualmente, são 23 beneficiados — dos quais, dezessete são homens. Para manter a atividade, ela desembolsa em torno de 120 000 reais por ano. Em temporadas de apresentações, esse custo dobra, podendo chegar a 300 000 reais, devido a custos como cenários e despesas de viagem. Tudo é bancado com a renda da escola de balé de Adriana, no Tatuapé (ali, em um prédio alugado de 800 metros quadrados, ocorrem também as aulas gratuitas). “Já vendi até carro para conseguir pagar as contas”, diz a professora.
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Apesar das dificuldades financeiras, os aprendizes têm ganhado destaque no cenário nacional. Em 2014, o espetáculo O Lago dos Cisnes, composto de onze jovens do projeto (de um total de trinta pessoas em cena), foi o vencedor da categoria melhor grupo no festival de Joinville, o principal do país. No início de 2015, dois estudantes acabaram selecionados para disputar o Prix de Lausanne, na Suíça, uma das maiores competições internacionais de balé.
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Marcelo Ferreira, de 16 anos, voltou de lá com uma bolsa integral para se aprimorar na Alemanha. “É um sonho realizado”, diz ele, filho único de um policial militar. Além de conquistar os prêmios, o projeto conseguiu encaminhar dez pupilos para o mercado de trabalho. “São como filhos da vida para mim, faço de tudo por eles”, conta Adriana.