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Oxente, mano: a febre da bregadeira, que mescla ritmos do Nordeste e de SP

É a mistura de pisadinha, arrocha e batidas eletrônicas do funk; conheça alguns destaques do som que toma conta das paradas e paredões

Por Juliene Moretti Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 Maio 2024, 20h31 - Publicado em 19 mar 2021, 06h00
Tanto Boyzinho (à esq.), e Petter Ferraz posam para as fotos
Tanto Boyzinho (à esq.), quanto Petter Ferraz vieram do Nordeste para a capital paulista para produzirem mais músicas e alavancarem a carreira na bregadeira (Divulgação/Divulgação)
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Boyzinho, o Rei da Bregadeira

Rosemildo Duarte, 33, é o produtor musical conhecido como Boyzinho, o Rei da Bregadeira. Um dos pioneiros, vindo de Camaçari, na Bahia, ele explica que o estilo surgiu lá, em 2013, como uma resposta ao funk ostentação paulistano. O som mistura de tudo — arrochadeira, pisadinha, pagode baiano e batidas eletrônicas. “É o funk da Bahia, tocado nos paredões. Costuma ser gravado em casa com os kits eletrônicos, e não com banda ao vivo.”

Segundo ele, o primeiro disco a ter o nome do novo gênero foi Mariazinha, de sua autoria, lançado naquele ano. Em seguida, outras faixas ganhariam destaque, como O Som do Solinho, gravado por Wesley Safadão. “Hoje temos cantores entrando na bregadeira e abrindo mais vertentes, como Kevinho e o Tierry”, diz ele. Nas explorações da sonoridade que a bregadeira pode proporcionar, ele foi além. Em Trip do Boyzinho, juntou a faixa Malemolência, da Céu, e incluiu batidas da música eletrônica progressiva. Virou um dos seus sucessos.

Foi a proximidade com o funk que o trouxe para a capital paulista no ano passado. “Muitos funkeiros daqui estão interessados nesse som, e os estilos conversam muito bem. Desembarquei aqui para fazer feats.” Ele se instalou na Zona Sul e montou dois estúdios, um em casa, para receber o filho, Thalles, de 7 anos, que já domina a arte da produção, e outro em Paraisópolis. Ali, a ideia é dar oportunidade aos meninos da comunidade. “Já encontrei muita voz boa por aqui, e as músicas que estão pegando são aquelas que misturam os ritmos e os sotaques: é pôr o ‘oxente’ e o ‘mano’ juntos”, explica. “É preciso quebrar o preconceito. Tem uma garotada que está fazendo até bregatrap.”

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Petter Ferraz

“Escolher entre o amor e a cachaça é uma dúvida que todo mundo tem”, diverte-se Petter Ferraz, ao tentar explicar a boa repercussão de Amor ou o Litrão, gravada com Menor Nico. A música arrebentou durante o verão e no TikTok tem mais de 2,5 milhões de vídeos produzidos pelos usuários. João Paulo Oliveira, o Petter, de 25 anos, saiu do interior da Bahia para São Paulo ainda criança. Aos 13, precisou substituir músicos da banda de forró da sua irmã, Ana Paula. “Meu pai me deu três dias para aprender a tocar teclado.” dividia os trabalhos na noite com o de empacotador de mercado, padeiro e marceneiro. Só em 2019 dedicou-se exclusivamente como produtor. A aproximação com o bregafunk e a bregadeira veio com os remixes que fazia. “Mesmo morando em São Paulo, nunca deixei de acompanhar o que acontece no Nordeste.”

No ano passado, vídeos do Menor Nico cantando pipocaram no seu celular, em especial a faixa Litrão, de Matheus e Kauan. “Fomos de van para a Bahia gravar com o garoto.” Convocou o MC EZ, compositor de outros hits do funk, para ajudar na letra. “Peguei o vuc vuc do funk com a bregadeira e soltei Amor ou o Litrão na internet.” Essa abriu espaço para outras faixas, como Minha Crush Me Bloqueou e Saudade Tá em Alta, de que também participa. Apesar das letras, ele diz que não passou pelos bloqueios das ex-namoradas. “Casei com a primeira e hoje temos um filho, o João Miguel, de 3 anos.” A próxima dobradinha Petter-Nico é Esqueminha, recém-lançada.

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Playlist do Paredão

Rogerinho – O artista do Ceará faz a linha romântica da bregadeira. Estourou no ano passado com Só Você. Seu clipe tem mais de 15 milhões de visualizações. Já a versão com Léo Santana e o funkeiro Kevinho ultrapassa a marca de 40 milhões. A Deezer ainda aponta Cheirosa como outro destaque.

rogerinho posa para a câmera
Rogerinho (Divulgação/Divulgação)

Menor Nico – A voz marcante do hit Amor ou o Litrão é do garoto de apenas 14 anos, do interior da Bahia. Com a música, ele se tornou o artista mais novo a chegar ao topo do Spotify no Brasil. Seu mais recente sucesso é O Golpe Tá Aí, em parceria com Matheuzinho.

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Menor Nico no clipe de “O Golpe Tá Aí”, produzido pelo KondZilla (Divulgação/Divulgação)

Jeff Costa e MC Danny – Outro sucesso do verão, Xerecard tem Jeff Costa e MC Danny dando voz ao refrão. A moça reforça a onda funk dentro da bregadeira e no mês passado gravou o clipe Não Pode se Apaixonar, com Xand do Avião e DJ Ivis.

jeff costa e mc danny em clipe
Jeff Costa e MC Danny (ambos ao centro) em clipe de “Xerecard” (Divulgação/Divulgação)

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MC Mari – Na pegada de batidão, MC Mari é um dos destaques do bregafunk. A moça de Itabuna, na Bahia, lançou Senta Concentrada, com Wesley Safadão. O áudio dessa faixa no YouTube tem mais de 60 milhões de execuções. Léo Santana entrou na jogada em seguida e o clipe do trio, de novembro, soma mais de 5 milhões de visualizações.

mc mari cantando com Léo Santana e MC WS
MC Mari em clipe de “Senta Concentrada”, junto de Léo Santana e MC WS (Divulgação/Divulgação)

Tierry e Kevinho – Para entrar na bregadeira, o funkeiro paulista Kevinho juntou forças com Tierry, músico baiano apelidado de Tiehit. A união deu certo com a faixa Bruninha. O videoclipe lançado em dezembro contabiliza mais de 19 milhões de visualizações.

Kevinho e Tierry
Kevinho e Tierry no clipe de “Bruninha” (Divulgação/Divulgação)

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Publicado em VEJA São Paulo de 24 de março de 2021, edição nº 2730

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