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Criadas há dois séculos para impressionar, as rodas-gigantes oferecem aventura e serviços cada vez mais caprichados — além da vista privilegiada — nas grandes cidades do mundo. Históricos ou high-tech, os exemplares de Singapura, Londres, Paris e Viena acabam de ganhar uma concorrente na China
O singelo brinquedo nasceu com uma grande pretensão. Símbolo de desenvolvimento e avanço tecnológico, a primeira roda-gigante da história foi a estrela da Exposição Universal de Chicago em 1893. Desenhada pelo construtor de pontes George W. Ferris (daí o nome em inglês, ferris wheel), foi a “arma” dos americanos para rivalizar com certa torre parisiense que Gustave Eiffel havia erguido para a edição anterior do evento, em 1889. Mais de dois séculos depois, as rodas-gigantes voltam a ser objeto de disputa entre grandes cidades do mundo. Criada para celebrar a virada do milênio, em 2000, a London Eye disparou uma corrida pelo modelo mais-mais. Singapura hoje tem a sua versão high-tech. Guangzhou, na China, acaba de inaugurar a mais alta, com 450 metros. Outras estão por vir, com o calendário atrasado pela crise econômica global: em Dubai, em Orlando, em Berlim. Projetos megalomaníacos à parte, as rodas-gigantes mais emblemáticas elevam a diversão à última potência, para ver o mundo girar devagarinho — e a seus pés.
A MAIS ALTA
Bubble Tram, em Guangzhou
No topo da Canton Tower — a torre de TV em Guangzhou que, com 600 metros, é o prédio mais alto da China e o quarto maior no mundo —, gira, desde o ano passado, a Bubble Tram. Trata-se da roda-gigante mais gigante do planeta, com 450 metros (pouco mais do que o Pão de Acúcar, no Rio de Janeiro). Isso significa que o passageiro estará a mais de 1 quilômetro do chão — o equivalente a ver o mundo da cobertura de seis prédios como o Edifício Itália, em São Paulo. Empilhados, é claro. Além da elevação vertiginosa, as dezesseis cabines transparentes giram sobre um trilho inclinado a 15 graus. A sensação de flutuar sobre uma metrópole de 13 milhões de pessoas dentro de algo que parece uma bolha de sabão é algo que não se vive todos os dias. A aventura dura em média vinte minutos.
Bubble Tram. 222, Yuejiangxi Road, Guangzhou, ☎ 86 (20) 8933-8222, cantontower.com. A partir de 15 dólares
A MAIS ANTIGA
Riesenrad, em Viena
Ela não foi a primeira, mas é a mais antiga do mundoem funcionamento. Construída em 1897, para celebrar o jubileu de ouro do imperador Franz Josef I, é a principal atração do parque temático Wienner Prater, em Viena. Quinze cabines giram lentamente, permitindo uma vista de 360 graus sobre os telhados de uma das cidades mais belas do planeta, a uma altura de quase 65 metros. Embarcar em uma de suas cabines de madeira é uma viagem aos tempos do Império Austro-Húngaro — melhor ainda, com jantar regado a champanhe e cabine enfeitada com os cristais Swarovski, prata da casa.
Riesenrad. Riesenradplatz, 1, ☎ 43 (1) 729-5430. De 12 a 523 dólares (com jantar para dois)
A MAIS ROMÂNTICA
La Grande Roue, em Paris
Enquanto os londrinos celebraram a virada para o terceiro milênio com a futurista London Eye, os parisienses preferiram uma volta no tempo, erguendo uma roda-gigante à moda da belle époque. Com 60 metros, La Grande Roue enfeitou a Place de la Concorde até 2002 e, hoje em dia, tem vida efêmera no mesmo ponto: só é montada para as celebrações de Natal e Ano-Novo. Iluminada por 50 000 lâmpadas, dispõe de 42 gôndolas, que comportam até oito pessoas. Poucas experiências são tão românticas quanto vislumbrar Paris, em festa, ao anoitecer.
La Grande Roue. Place de la Concorde, Paris. paris.fr. A partir de 6,50 dólares
A MAIS REVOLUCIONÁRIA
London Eye, em Londres
A maior roda-gigante da Europa (até a concorrente de Berlim sair do papel) foi inaugurada em 2000. Na margem sul do Tâmisa, a estrutura é hoje uma das silhuetas mais marcantes do horizonte londrino e visitada por 3,5 milhões de pessoas ao ano. As 32 cápsulas completam a volta em trinta minutos e chegam a 135 metros de altura. A viagem pode ser ciceroneada por um aplicativo para smartphone e tablet ou por um audioguia gravado por um anfitrião a sua escolha: o ecologista David de Rothschild, o escritor Geoff Dyer ou o fotógrafo Stuart Henry. Na metrópole campeã de índice pluviométrico, um dia de sol significa filas enormes para aproveitar a vista, que alcança até 40 quilômetros e passeia por lugares como o Palácio de Buckingham e o Big Ben. Existem cápsulas privativas, abertas depois do funcionamento para o público. Uma das opções, a 8 000 dólares (o equivalente a cerca de 17 000 reais), inclui jantar para até oito convidados e três voltas.
London Eye. Westminster Bridge Road, ☎ 44 (0) 871781-3000, londoneye.com. A partir de 26 dólares
A MAIS HIGH-TECH
Singapore Flyer, em Singapura
Inaugurada em março de 2008, é parte do complexo futurista Marina Bay (onde também está o hotel Marina Bay Sands), na região mais nobre do centro de Singapura, a Nova York do Sudeste Asiático. As 28 cápsulas panorâmicas alcançam 165 metros de altura. Para uma experiência ainda mais sublime, pode-se incluir no pacote uma garrafa de Moët & Chandon ou um coquetel. Ou, ainda melhor, fretar uma cápsula inteira com direito a garçom. Em meia hora, a vista alcança não só todos os bairros emblemáticos da cidade (Chinatown, Little India, Raffles Place, Boat Quay) como a densa floresta tropical que cerca a metrópole e as ilhas dos arredores, já parte dos países vizinhos, Malásia e Indonésia.
Singapore Flyer. 30, Raffles Avenue, ☎ 65 6333-3311, singaporeflyer.com. 25 dólares (bilhete simples) ou 1 625 dólares por uma cápsula privada com champanhe