Por uma década, o artista japonês Hiroshi Sugimoto reproduziu a experiência dos idos de 1700 de Isaac Newton que estabeleceu a distância entre as estrelas (e deu origem à expressão “a anos-luz”). No ateliê de tóquio, Sugimoto estancou um prisma de cristal e deixou a luz do sol atravessá-lo e se decompor num arco-íris. Com um espelho, projetou os raios coloridos numa parede, concentrando no reflexo as variações preferidas de azul, vermelho e amarelo. Registrou com uma Polaroid o resultado. Ele via o vermelho-laranja-verde-amarelo-azul-marinho-roxo de Newton, mas discernia inúmeros tons intermediários. “Por que a ciência insiste em limitar as cores a sete?”, questiona o artista, inspirado por Goethe (o escritor alemão defendeu, no século XIX, a existência de nuances infinitas, ditadas pelo olho e pelas emoções humanos). Os degradês estampam agora uma edição de lenços Hermès. Com 140 unidades (140 cm x 140 cm) — sete para cada uma das vinte estampas eleitas entre 200 Polaroids, numa referência marota ao limitado arco-íris —, os recortes de seda Couleurs de l’Ombre (cores da sombra) se distinguem de qualquer carré produzido em 75 anos pela grife francesa. Os “quadrados” encontrados nas lojas (90 cm x 90 cm) são feitos com base em um desenho copiado a mão, serigrafado e tingido em até 45 cores, entre os 75 000 tons disponíveis no ateliê de Lyon. Isso não foi suficiente para capturar a sutilezadas imagens de Sugimoto. a Hermès investiu, então, numa seda mais fina, translúcida, e numa impressora a jato de tinta, adaptada ao formato do tecido.
Couleurs de l’ombre por Hiroshi Sugimoto (7 000 euros). hermes-editeur.com