De grão em grão
Pioneira na maquiagem livre de química, a californiana bareMinerals começa a expansão de 100 lojas no Brasil
Toda loja de maquiagem que se preze mantém consultores para auxiliar as consumidoras a escolher um entre dezenas de blushes ou o tom certo de corretivo. Nos novíssimos espaços da californiana bareMinerals dos shoppings Villa-Lobos e Higienópolis, em São Paulo, a tarefa se torna uma aula mais do que necessária. Balcões também estão recheados de bases (vinte tons) a sombras (46 cores). Mas com uma diferença: as fórmulas dispensam corantes, conservantes, perfumes, entre os ingredientes químicos da maioria dos produtos, e se concentram em dióxido de titânio, oxicloreto de bismuto, óxido de zinco — todos minerais — e pigmentos naturais. O resultado é que o conteúdo dos potes produz um efeito mais pesado sobre a pele — e exige mãos leves, movimentos circulares e pincéis variados (há cinquenta tipos no portfólio, 26 disponíveis no Brasil) para aplicar sem parecer uma máscara. O efeito camuflagem eduradouro é tão poderoso que a marca foi adotada por mulheres com problemas de pele. “Até a minha mãe levou algum tempo para se acostumar com meu produto”, confessa a executiva Leslie Blodgett.
Com passagem pela MaxFactor e pela Neutrogena, Leslie entrou para a chamada “maquiagem mineral” em 1994, ao adquirir uma marca de cosméticos de São Francisco à beira da falência, a Bare Escentuals, fundada pela pioneira da beleza em pó natural, Diane Ranger, em 1977. Leslie entendeu que a proposta era perfeita para uma geração com apetite pela riqueza criativa dos produtos Chanel, mas ligada em alimentos orgânicos .E caprichou na linha, que atingirá 380 itens em2013. Em dezoito anos, foram montados 230 lojas próprias e cerca de 6 000 pontos de venda (inclusive a Sephora), com um faturamento anual de 500 milhões de dólares e uma influência histórica. L’Oréal e Revlon lançaram produtos minerais na esteira da bareMinerals. Há dois anos, a marca foi comprada pela Shiseido, por 1,75 bilhão de dólares, e o gigante japonês prevê chegar a 100 endereços no Brasil em cinco anos. No ano passado, o jornal americanoThe New York Times decretou que Leslie era a primeira executiva desde Estée Lauder a mudar a cara da beleza. Como ela comemorou? “Liguei para a minha mãe, emocionada”,diz. E sem borrar a maquiagem, é claro.