Chope Ashby vence o Brahma em teste cego
A revanche do colarinho<strong> </strong>ocorreu após polêmica que chegou a fechar o tradicional Bar Léo, no centro

Vingança é um prato que se come frio… ou uma tulipa que se bebe gelada? Em março de 2012, um escândalo no tradicional Bar Léo, no centro, chamuscou a imagem (até então, quase inexistente) de uma pequena cervejaria de Amparo, a 133 quilômetros da capital. O alvoroço foi causado pela denúncia de que o chope vendido no local como Brahma era, na verdade, o desconhecido Ashby, no que seria uma desonesta estratégia dos proprietários para reduzir custos. O constrangedor episódio provocou o fechamento do estabelecimento — que reabriu em agosto do ano passado sob a direção do grupo Bar Brahma — e deu fama de “adulterado” e “vagabundo” ao Ashby.
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O caso levou embora a paz interiorana dos donos da fabricante da bebida, o casal de empresá-rios Anelise Marques e Scott Ashby. “Virou um inferno, recebemos uma enxurrada de ligações de pessoas que queriam saber o que havia acontecido”, lembra Anelise. Pois a história sofreu uma reviravolta durante a edição deste ano da Brasil Brau, uma das principais feiras do setor, em junho.
Para celebrar os vinte anos da cervejaria, o casal encomendou um teste cego que comparou as versões pilsen dos chopes da Brahma e da Ashby. Foram selecionados 144 frequentadores do evento, que ocorreu no Transamérica Expo Center, no bairro de Santo Amaro. As “cobaias” não sabiam quais marcas estavam em avaliação. No fim, 55% escolheram o líquido da Ashby, enquanto 38% preferiram o produto da Ambev.
Outros 5% aprovaram ambos e 2% não gostaram de nenhum. “Mantivemos as duas amostras nas mesmas condições de armazenamento”, explica Yumi Gosso, analista da empresa de pesquisa e análise de mercado Razões e Motivos, responsável pela execução da prova. “Estamos muito orgulhosos”, diz Anelise. “Eu sabia da qualidade do nosso produto, até porque ele ficou à venda por quase dois meses no Bar Léo sem que os clientes percebessem a diferença para o da Brahma”, completa. Atualmente, o Ashby é oferecido em cerca de cinquenta pontos da capital. “Está cada vez mais fácil vender, pois eles ganharam relevância”, afirma Célia Oliveira, dona da Bali Beer, uma das catorze distribuidoras da bebida por aqui.
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O consumidor pode encomendá-la diretamente em um serviço de delivery, que inclui barris com capacidade entre 10 e 50 litros por preços que variam de 70 a 350 reais. Nas mesas de bar, os resultados são igualmente positivos. “A clientela gosta muito e com frequência o pessoal me pergunta detalhes sobre a marca”, diz Edgar Busin, dono do Puleiro, na Vila Mariana, que vende cerca de 180 litros por mês. Entre a crítica, os elogios são menos entusiasmados. “Não é um produto de altíssimo nível, mas cumpre bem o seu papel”, comenta Eduardo Passarelli, beer sommelier do bar Aconchego Carioca, nos Jardins.

Ex-hippie, o americano Scott Ashby conheceu a paulistana Anelise em uma viagem pela África, nos anos 80. Os dois se apaixonaram e viveram por um tempo nos Estados Unidos, onde ele fez curso de mestre cervejeiro. Em 1992, decidiram se mudar para o Brasil. Um ano depois, surgia a Ashby. Escolheram a cidade de Amparo pela qualidade de sua água. Agora, a dupla promete uma novidade para celebrar a boa fase. “Vamos relançar até o fim deste ano nossa primeira receita, uma pale ale que será vendida em garrafinhas charmosas”, adianta Anelise.
Barril cheio
Alguns números da cervejaria de Amparo
› Fundação: 1993
› Produção: 400 000 litros por mês
› Tipos de chope: pilsen, black, weiss e porter
› Preço médio do litro: 7 reais
› Pontos de venda na capital: 50
› Número de funcionários: 63
› Faturamento: 8 milhões de reais