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Confrarias femininas se multiplicam por São Paulo

Unidas pelo vinho, mulheres promovem encontros para aprendizado, novas amizades, negócios e, claro, para saborear boas taças

Por Marianne Piemonte
Atualizado em 29 nov 2024, 12h35 - Publicado em 29 nov 2024, 10h05
confraria
Cida Montagner e confreiras na GattoFiga: goles e negócios (Luis Vinhão/divulgação/Divulgação)
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O ano de 2024 tem sido especialmente generoso em relação à safra de confrarias de vinhos em São Paulo. São jantares harmonizados de toda sorte, em ambientes que vão das cadeirinhas de praia em Pinheiros às elegantes mesas nos Jardins. Não que esses grupos sejam uma novidade.

Na França do século XVIII, pré-Revolução Francesa, já havia relatos desses encontros, antes restritos a autoridades e membros da realeza. O que vem chamando atenção por aqui é a proliferação acelerada das confrarias femininas.

Há hoje pelo menos vinte em atividade na capital, reunindo dezenas de fãs que aproveitam essas ocasiões para aprender mais sobre o assunto, fazer novas amizades, fomentar negócios e, é claro, saborear taças dos melhores vinhos.

Mulheres com taças de vinhos na mão
Degustando com Flávia Maia: vinho ruim e ala masculina não entram (Juliana Mayerle/Divulgação)

Uma delas é a organizada por Heloisa Hermann, 44. Os encontros ocorrem a cada dois meses e são realizados na sede da Decanter, no Itaim Bibi, com presença de até 25 mulheres por noite. Filha de Adolar Hermann, o fundador da importadora, Helô, como o pai, trabalhou na indústria têxtil, mas hoje é a diretora de marketing da empresa de vinhos da família.

Adolar criou um dos primeiros clubes de vinhos do país, na década de 80, atualmente, sua confraria reúne sommeliers e profissionais da área em torno de garrafas que são recebidas como objeto de análise num grupo de estudo. Na Confraria da Helô, o clima é diferente.

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Heloisa Hermann
Heloisa Hermann: encontros a cada dois meses na sede da Decanter reúnem até 25 mulheres (Fotos HeavenartBr/Divulgação)

“Não sou sommelière, faço uma abordagem mais casual, falando sobre as histórias dos produtores e dos vinhos”, conta. Entre os temas já houve uma sobre pinot noir de diferentes partes do mundo e agora, em dezembro, será a vez das borbulhas.

Entre as participantes há médicas, advogadas, empresárias, todas com mais de 35 anos (veja no quadro como participar). 

A sommelière carioca Flávia Maia, 44, também conduz mensalmente degustações em um espaço gourmet no Panamby. Ela é a embaixadora da Cabriz, vinícola portuguesa da região do Dão. Um de seus grupos foi formado apenas por odontopediatras, que fizeram as mais diferentes perguntas possíveis.

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“Acho ótimo e incentivo esse tipo de atitude. Também não entendo nada de dente, por que elas têm de saber de vinho?”, brinca Flávia. Engana-se quem pensa que o assunto se restringe a taninos e acidez. Depois da segunda taça, fala-se de menopausa, viagens, procedimentos estéticos… “É muito divertido, já vi surgirem novas amizades aqui”, conta Flávia, que já sugeriu abrir o encontro para a ala masculina, mas sempre ouviu um categórico “não” das participantes.

“Elas dizem que querem vale-night das garotas, assim como eles sempre tiveram o futebol e o chopinho.” A contadora Rosângela Campos, de 33 anos, é uma das que votou pelo veto dos meninos na confraria. Graças aos encontros, já fez viagens para o sul do Brasil e para o Chile, em busca de novas descobertas enológicas. “Hoje, sou uma apaixonada pela chardonnay, principalmente das vinícolas gaúchas”, conta, orgulhosa. 

Mulheres sentadas em mesas e uma mulher em pé
Confraria da Helô: encontros para aprender mais sobre
o assunto (Juliana Mayerle/Divulgação)

Autonomia e independência foram palavras-chave para o surgimento da Confraria Gatto pra Elas, criada pela restauratrice Cida Montagner, 61, sócia da pizzaria GattoFiga, na Vila Mariana. Ela conta que havia se desentendido com o marido, que também é seu sócio no restaurante, e convidou a filha para tomar uma taça de vinho, mas ela furou em cima da hora. “Era uma terça-feira à noite, não havia quem convidar e fui sozinha. Ali, entre um gole do vinho e uma petiscada em uma entradinha, desenhei a confraria”, conta. 

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Na Gatto pra Elas, elas são incentivadas a se apresentar e falar um pouco dos seus negócios ou história de vida. Já nasceram boas parcerias comerciais por ali. Cida tem sempre apoio de um produtor ou sommelier convidado.

Na última reunião, um dos embaixadores da importadora Mistral conduziu uma degustação com taças austríacas Riedel. Muito se fala das propriedades benéficas ou não do vinho para a saúde, mas é indiscutível o quanto essa bebida é uma ferramenta poderosa para promover conexão social e criar senso de comunidade. Então, a essas mulheres e às boas confrarias da cidade, um brinde!

Junte-se às boas: Como participar das confrarias citadas

› Confraria da Helô.
Ingressos pelo site da Decanter. De R$ 100 a R$ 150 (o valor é revertido em compras).

› Degustando com Flávia Maia.
Agendamento pelo Instagram @degustandocomflaviamaia. De R$ 150 a R$ 200, com vinho e acompanhamentos.

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› Gatto pra Elas.
Os encontros são anunciados no Instagram @gattofigapizzabar e os ingressos, vendidos pela plataforma Sympla. R$ 150 a R$ 190

Publicado em VEJA São Paulo de 29 de novembro de 2024, edição nº 2921

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