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Marcel Miwa – Sede de Vinho

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Vinhos da semana: La Garelle Solstice Rosé 2012 e Crios Rosé 2012

Quando falei de vinhos rosés, não mencionei opções de rótulos e isso porque a ideia era apenas introduzir o assunto. Para me redimir, esta semana a recomendação será dobrada, com dois vinhos rosés (ou rosados) de diferentes estilos. Em comum, os dois vinhos traduzem a paisagem onde são produzidos. Aliás, dois fatores dizem muito sobre os […]

Por pitadadakg
Atualizado em 26 fev 2017, 23h03 - Publicado em 9 jan 2014, 17h49
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Quando falei de vinhos rosés, não mencionei opções de rótulos e isso porque a ideia era apenas introduzir o assunto. Para me redimir, esta semana a recomendação será dobrada, com dois vinhos rosés (ou rosados) de diferentes estilos.

Em comum, os dois vinhos traduzem a paisagem onde são produzidos. Aliás, dois fatores dizem muito sobre os vinhos de uma região: sua paisagem e a gastronomia local. E não se preocupe caso não conheça estas regiões; os vinhos também estão aí para instigar algum destino turístico para as próximas férias.

O primeiro rosé é da região sul do Rhône, próximo da divisa com a região da Provence. Esta sub-região é chamada Luberon e é onde está o Domaine La Garelle. A região está em um platô elevado de calcário que desce conforme se dirige à Provence.

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Gordes, um dos vilarejos nas encostas calcárias de Luberon (Foto: Marcel Miwa)

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Como os vinhos da região vizinha, espere do La Garelle Cuvée du Solstice Rosé 2012 (R$ 69,00, na Chez France) um rosé clarinho, com tonalidades alaranjadas. Seu aroma lembra cítricos como laranja e limão siciliano, com apenas um toque de morango. Na boca, novamente o vinho está mais próximo de um vinho branco que um vinho tinto, com acidez refrescante, sutil untuosidade e nada de taninos ou amargor. O vinho talvez seja um pouco mais frutado e com maior estrutura que os rosados da Provence, mas isto não incomoda nada e se justifica pela composição, 60% syrah e 40% grenache (a syrah dá um forte aporte frutado) e terroir (conjunto de geografia, geologia, clima e tradição) elevado com solo calcário, condições para maior amadurecimento das uvas.

Para acompanhar, a clássica e local ratatouille (cozido de legumes e vegetais) ou bouillabaisse (cozido de frutos do mar). Se quiser ser mais transgressor, a caponata será uma boa companhia.

O segundo rosé é o Crios Rosé de Malbec 2012 (R$ 39,50, no Empório Mercantil), da Bodega Dominio del Plata. Aqui estamos falando de Mendoza, na Argentina, acima de 1.000 m de altitude e clima quase desértico.

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O Cordón del Plata, cadeia de montanhas dos Andes, é cenário constante dos vinhedos de Mendoza (Foto: Marcel Miwa)

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Para se ter uma ideia, apenas algumas pancadas de chuvas que temos em São Paulo durante o verão correspondem ao índice anual de chuvas por lá. Nestas condições austeras para a viticultura é possível antecipar certa robustez nos vinhos que ali nascem. Normalmente os rosés mendocinos são feitos com a malbec, variedade emblemática argentina, e apresentam teores um pouco mais elevado de doçura, álcool e concentração; são mais próximos aos tintos. Embora o estilo não seja dos meus favoritos, alguns rótulos, como o Crios Rosé, encontram bom equilíbrio dentro da proposta.

Susana Balbo, proprietária da vinícola, merece grande parte do crédito pelo vinho. A enóloga e física nuclear (curioso, não?) nasceu em Mendoza e teve passagens relevantes nas vinícolas em que trabalhou, com destaque para Michel Torino, em Salta, e a conhecida Catena. Pioneira em diversas frentes, Susana foi a primeira enóloga formada na Argentina, a primeira presidente da associação Wines of Argentina (órgão responsável pela promoção dos vinhos argentinos) e a primeira enóloga argentina a assessorar uma vinícola estrangeira.

Voltando ao Crios, seu visual já lembra um tinto clarinho, seus aromas são dominados por frutas vermelhas e negras (morango e cereja) e sutil nota láctica. Mesmo que estruturado e até com taninos discretos, há frescor suficiente para manter a proposta de um vinho leve e descontraído. Apenas cuidado com a temperatura, conforme se aquece o álcool pode se tornar o protagonista no vinho. Até 15°C está tudo ok, mas se for servir como aperitivo vale gelar até a temperatura de vinho branco. Na gastronomia, tive uma boa surpresa quando provei este vinho com uma tagine de legumes. Arriscaria também com pratos com pescados e especiarias, como uma paella ou tartar de atum e até uma salada com roastbeef.

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