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Florista “reaprende” a andar de bicicleta e participa de competição em Nova York

Volta e meia a gente abre um espaço no blog pra que os leitores contem suas histórias de gente igual a gente, que aprecia um bom vinho com massa, mas dá um duro danado pra não cair preguiçosamente no abraço do sofá. Quem escreve hoje é Erica Sanches, uma florista de muitos aromas e mão […]

Por Fábio Lemos Lopes
Atualizado em 26 fev 2017, 16h02 - Publicado em 11 jun 2015, 14h56
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A florista Erica Sanches durante a prova de ciclismo em Nova York (Arquivo pessoal)

Volta e meia a gente abre um espaço no blog pra que os leitores contem suas histórias de gente igual a gente, que aprecia um bom vinho com massa, mas dá um duro danado pra não cair preguiçosamente no abraço do sofá. Quem escreve hoje é Erica Sanches, uma florista de muitos aromas e mão cheia, que trocou a bicicleta de cestinha por uma speed de corrida. E o melhor: fez uma prova de ciclismo em Nova York. Calma: ela trabalha igual a gente, tem filho (dois pequenos), marido (isso dá trabalho) e acorda cedo pra treinar. A seguir ela conta um pouquinho de como concluiu seu desafio.

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“Meu marido me deu uma bicicleta speed de presente. Aquelas com pneu bem fininho, cheia de marcha pra trocar. Só tinha andado de Caloi, com cestinha na frente e sem marcha, quando eu tinha uns 10 anos de idade. Depois disso, nunca mais. Comecei a dar umas voltinhas com a bike na Ciclovia da Marginal Pinheiros e peguei gosto pela coisa. Gostei tanto que me deu uma vontade de participar de uma prova de ciclismo.

Fiz uma pesquisa sobre algumas alternativas e os astros conspiraram para que eu fizesse o Granfondo em Nova York (essa prova também acontece em outros países como França, Espanha, Colômbia e Argentina). Uni o útil ao agradável.  O marido já tinha um compromisso profissional agendando em NY na mesma semana da prova. Pronto! É essa. Vou fazer. Tudo lindo: viagem a dois, sem filhos, marido trabalha e eu pedalo.

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Essa prova, em NY, tem dois percursos: um de 100 milhas (160 quilômetros) e um mais curto de 50 milhas (80 quilômetros). Decidi aproveitar o trecho mais curto. Inscrição feita, animadinha e vamos aos treinos! Estava feliz, só que tinha um porém: eu tinha que aprender, ou reaprender, a andar de bike. Essas speed têm sapatilha, em que o pé fica preso ao pedal. Uma freada, um vacilo, pode ser um tombo.

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Em outubro do ano passado, meu treinador Ricardo Hirsch, da Personal Life, começou a rotina desafiadora de treinos. Tive que aprender tudo mesmo, desde hidratação (morria de medo de largar o guidão e beber água), até saber quando trocar marcha (igual carro, você “sente” quando precisa trocar) e como parar a bicicleta só depois de soltar a sapatilha (a gente usa uma sapatilha que prende no pedal da bike, se não solta antes de parar, a gente cai. Eu caí vááárias vezes).

Andar com o selim na altura certa, tomar gel de carboidrato nos treinos mais longos (essenciais e importantes. Porém, é necessário ir em um nutricionista para saber o que e quanto você tem que tomar), prestar atenção nos carros, nos ciclistas e pedestres. Enfim, um mundo novo.

Ciclistas reunidos na largada da prova (Arquivo pessoal)
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Ciclistas reunidos na largada da prova (Arquivo pessoal)

Os primeiros meses de treino foram de adaptação. Não rola o charme da cestinha. É treino pra valer. Aos poucos, fui ganhando segurança. Eu fazia três treinamentos por semana, um de subida (a prova tem muita), um mais longo, que chegou a quatro horas, e um mais curto com um pouco mais de intensidade. Era chuva, sol, dia nublado e ventania. Não importava o que São Pedro mandava, estávamos lá, eu e o meu treinador, fazendo a preparação na USP.

Cada semana era uma comemoração. Ou porque tinham sido mais quilômetros rodados, ou porque tinha conseguido ultrapassar mais um desafio. Ou porque eu achava que ia virar “Panicat” de tanto que os músculos da coxa queimavam nos treinos de subida. Eu terminava sem falar, muda, e sem saber onde doía mais. Entretanto, depois de meses de preparação, chegou a semana da viagem. Malinha pronta, bicicleta desmontada e bem embalada no case. E vamos lá! O frio na barriga começa.

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Dois dias antes da prova, fui pegar o kit. Esse momento é muito legal, porque a gente já vai entrando no clima da prova. Na véspera, hora de deixar tudo separado e revisado, camiseta, número de inscrição afixado na bike e na camiseta, roupas extras, manguito, corta vento, suplementos, celular, documento. Tudo certinho, hora de dormir cedo.

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A largada acontece às 7h na Ponte George Washington. A organização fecha o acesso à ponte às 6h15. Por isso, é preciso madrugar. Estavam quase 5 000 pessoas no local para participar da prova. Uma energia incrível. E tinha de tudo: ciclista profissional, amador, aprendiz de ciclista (eu), gente de mountain bike, gente de speed, gente nova, gente não tão nova.

A sensação é fantástica a partir das primeiras pedaladas. O percurso é bem bacana. Lindo! Muitos quilômetros arborizados e com o Rio Hudson lá embaixo. O clima estava delicioso, nem frio, nem calor. Um solzinho gostoso que iluminava a paisagem nova iorquina. O percurso variava entre subidas e descidas (mais subidas do que descidas) e alguns trechos planos.

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Opa, esse era o momento pra hidratar, comer, suplementar. Tinham também as estações (Aid Station) com banheiro, água, isotônico, bagel, manteiga de amendoim, salgadinho. Esses espaços possuíam um clima de confraternização. As pessoas paravam e curtiam, demoravam por ali.

É uma prova, que lógico, tem de tudo, inclusive quem vai atrás de melhor tempo, bater seu record pessoal, essas coisas. Mas a maioria das pessoas vai participar, se divertir e aproveitar. E, por isso, a energia é contagiante, leve e gostosa.

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Vista da chegada na Mountain Bear (Arquivo pessoal)

Vista da chegada na Mountain Bear (Arquivo pessoal)

O final da prova, pra quem faz o percurso mais curto, é no topo da Mountain Bear. São 6 quilômetros seguidos de SU-BI-DA. Pensa: você já pedalou mais de 70 quilômetros e aí tem que encarar os últimos subindo. Um desafio e tanto! E o meu objetivo era terminar em cima da bike. Eu não queria finalizar a prova empurrando a bicicleta. No momento, eu só conseguia lembrar como os treinamentos específicos foram fundamentais.

Quando eu passei o pórtico de chegada, foi um misto de sensações: felicidade, missão cumprida, euforia. Tudo junto e misturado. A paisagem lá de cima é lindíssima. E o clima de confraternização entre as pessoas é grande. Valeu, e muito, todo o esforço, a dedicação, a abdicação e o compromisso ao longo desses meses de treino. Acreditei, me dediquei, fui lá e fiz.”

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Em tempo: a Erica Sanches se preparou para a prova com acompanhamento de nutricionista e de uma assessoria esportiva especializada. Estava plenamente saudável e apta para o desfio. Antes de iniciar uma atividade física, contate um profissional.

Em tempo 2: Se você quer me contar sua história, escreve pra mim chrismartinez@butiquedeletras.com.br (eu repondo todos, mas, calma, é no tempo que dá).

O meu Instagram é @canseidesergorda_

E temos também uma fanpage no Facebook: Cansei de Ser Gorda.

Um beijo, até mais

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