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Conheça a Txai Band, projeto musical com artistas do povo Huni Kuin

Álbum lançado nesta quarta-feira (4) estreia a colaboração de Luizga e Paulo Novaes com músicos indígenas da aldeia Chico Curumim, no Acre

Por Tomás Novaes
4 dez 2024, 16h16
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A jovem Maspã, tocando violão: projeto Txai Band lança primeiro disco (Txai Band/Divulgação)
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A Txai Band, projeto que nasceu do encontro dos músicos Luizga e Paulo Novaes com os artistas do povo Huni Kuin, da aldeia Chico Curumim, localizada no Acre, lança seu disco de estreia homônimo nesta quarta-feira (4). 

O trabalho de sete faixas reúne três vinhetas e quatro músicas que introduzem muito bem a colaboração entre artistas indígenas do Norte e dois músicos do Sudeste, com duas faixas com letra completa ou parte dela em português (Tamani e Buni Bimi) e outras duas na língua hatxa-kuin (Txai Puke Ruaken e Nai Mãpu Yubekã).

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Tuyn Kaya em still do documentário Txai Band: álbum inédito lançado nesta quarta-feira (4) (Txai Band/Divulgação)

Txai Puke Ruaken é assinada por Dua Ninawa e cantada por seu irmão Tuyn Kaya, enquanto Nai Mãpu Yubekã, também de Ninawa, traz outra irmã, Mística Samany, na voz.

“As duas composições em hatxa-kuin são do Dua Ninawa, que é o irmão mais velho deles, e um dos principais autores da aldeia. Todas as letras são milenares, que os jovens criam novas melodias”, conta Paulo.

O disco ainda conta com participações dos instrumentistas Kabé Pinheiro, Juninho Ibituruna, Nyroh Higor, Mestrinho e Breno Ruiz.

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O artista Dua Ninawa: compositor de ‘Txai Puke Ruaken’ e ‘Nai Mãpu Yubekã’ (Txai Band/Divulgação)

Colaboração intercultural

O projeto nasceu a partir das visitas do músico mineiro Luizga à região do Acre, em 2019. “Fui convidado para participar de uma residência artística no município do Jordão, junto com os artistas Huni Kuin, em um projeto do Itaú Cultural. Me apaixonei profundamente por aquele contexto, aquela musicalidade, aquelas pessoas, e voltei várias outras vezes”, diz o artista, que é um dos fundadores das bandas Graveola e Rosa Neon.

O paulistano Paulo Novaes, que venceu o Grammy Latino 2021 na categoria Melhor Canção em Língua Portuguesa, com a música Lisboa, entrou nessa história em janeiro de 2023, quando embarcou junto em uma viagem para a aldeia Chico Curumim.

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Mística Samany em gravação, e o produtor Paulo Novaes: colaboração e imersão (Txai Band/Divulgação)
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A imersão rendeu, além das gravações do disco, um documentário, já disponível no YouTube.

“Todos os passos desse projeto, desde a maneira de lançar, a escolha das músicas, está totalmente alinhado com a juventude e as lideranças do povo Huni Kuin, com o objetivo maior de fazer com que as pessoas reconheçam essa cultura”, diz Paulo.

Na viagem para a região, que fica entre o Acre e o sul do Amazonas, surgiram as duas parcerias de Luizga e Paulo que estão no álbum: Tamani — homenagem a uma das lideranças femininas da aldeia — e Buni Bimim — um tributo às crianças do povo, parceria também com Tuyn Kaya.

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“Às vezes, pela falta de informação, a gente tem uma tendência a homogeneizar e generalizar, dizer ‘os povos indígenas’, ‘os índios’. Mas não existe isso, porque os Huni Kuin, por exemplo, tem uma realidade, um idioma, uma cultura, uma medicina, uma tradição muito específica em comparação com outros povos, mesmo vizinhos”, pontua Luizga. “São várias culturas. A gente precisa começar a identificá-las individualmente, para assim protegê-las e fazer com que esses povos vivam de maneira mais digna”, completa Paulo.

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O músico Luizga: oficina musical na aldeia (Txai Band/Divulgação)

A ideia é que esse disco seja um primeiro passo de um projeto a longo prazo, com novos lançamentos e colaborações no futuro uma das novidades previstas é uma parceria com o conjunto Nova Orquestra, com versões orquestradas de faixas do álbum. 

“O que a gente está fazendo é um projeto de aliança, no sentido de entender que eles são artistas incríveis. Precisamos compreender eles como grandes artistas, que tem a arte, a estética, a sensibilidade, a música, as artes visuais no centro da sua organização social”, diz Luizga.

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“A nossa proposta é ser uma ponte de potencialização dessa cultura, o que acarreta em algo maior, que é uma maneira de protegê-los, também. Uma vez que a cultura de um povo é reconhecida, ele está mais protegido”, resume Paulo. O álbum Txai Band já está disponível em todas as plataformas digitais.

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