Prestes a ser pai, Thiaguinho lança EP: “Momento mais feliz da minha vida”
O pagodeiro fala à Vejinha sobre a edição da Tardezinha em Luanda e o novo projeto, 'Banjo e Boné', com shows intimistas de repertório nostálgico

Thiaguinho vive um momento iluminado. Prestes a ser pai pela primeira vez, à espera de Bento, fruto do seu relacionamento com a empresária e influenciadora Carol Peixinho, o pagodeiro lançou nesta quarta-feira (16) o EP Banjo e Boné (2025), registro ao vivo do seu novo projeto musical.
O nome é ilustrativo: o cantor e compositor paulista no palco, tocando o seu banjo, vestindo o seu boné. A ideia é um show intimista e despretensioso, em formato reduzido, em dia de semana, com músicas que costumam ficar de fora dos grandes shows do artista — a estreia aconteceu em São Paulo, com duas datas no Vila JK, em fevereiro. Daquelas apresentações foram retiradas as cinco faixas do novo disco, acompanhadas de gravação em vídeo.
O repertório é nostálgico, com versões de sucessos do pagode, em especial dos anos 2000, como História de Amor, do grupo Juventude S/A, Nos Pagodes da Vida, conhecida na voz de Reinaldo, e É Sempre Assim, do grupo Refla, além de uma inédita, Banjo e Boné, e um “lado B” do Exaltasamba, Graça, que tem Thiaguinho na composição, ao lado de Rodriguinho, Oscar Tintel e Bozo Baretti. As próximas edições do show acontecem nesta e nas outras duas quartas-feiras (16, 23 e 30), no Rio de Janeiro.
É mais um projeto na carreira do sambista, que segue com os shows do seu disco mais recente, Sorte (2024), e com a grande turnê da Tardezinha, que estreou em junho no continente africano, com apresentação na capital angolana, Luanda. Saiba mais sobre o novo momento de Thiaguinho na entrevista a seguir.
Thiaguinho, como nasceu o projeto Banjo e Boné?
O Banjo e Boné é uma reedição de algo que eu sempre fiz na minha vida, porque comecei a minha carreira tocando e cantando. No começo do Exaltasamba, a gente fazia uns pagodes durante a semana aqui em São Paulo que somavam muito, era importante ter esse contato mais próximo com o público, em casas menores, diferente do que estamos acostumados a fazer nos finais de semana. Para mim é muito gostoso, tenho a chance de cantar olhando bem de perto no olho das pessoas, e também de fazer músicas que não estão no meu show e acabaram virando lado B. A Tardezinha acabou ocupando esse espaço na minha vida durante um tempo, como um evento íntimo e menor, com liberdade no repertório, mas virou o projeto gigante que é hoje. É importante pra mim, enquanto artista, ter esse contato mais próximo do público. Não tenho muita chance de sair, de estar na noite, nos pagodes, tenho 42 anos, a geração da rua hoje tem 20 e poucos. Enquanto compositor e artista, é necessário entender o que está acontecendo.
Me fala sobre o repertório do EP Banjo e Boné. Qual a ideia?
Eu gravo todos os meus shows, gosto de me ouvir, até para análise. Comecei a ouvir o show que fizemos em São Paulo e estava muito gostoso. Tivemos a ideia de lançar porque gostei muito de ouvir, e espero que as pessoas que me acompanham gostem também. Se toca o meu coração, e sou muito pagodeiro, penso que pode tocar o coração de outras pessoas também. O Banjo e Boné é livre, um evento em que eu privilegio muito os anos 2000, a década em que comecei a cantar para o Brasil. Por isso tivemos a ideia de regravar algumas canções, como História de Amor e Graça, representando esse lado B da minha carreira, uma música muito querida pelos meus fãs. Nos Pagodes da Vida representa muito a minha fase banjo, porque, quando eu toco em casa, são esses pagodes que eu gosto, Reinaldo, Fundo de Quintal, Arlindo Cruz. E acabamos colocando uma música inédita também, Banjo e Boné.
Esse é mais um projeto, além da Tardezinha e da turnê Sorte. O que te motiva a lançar tantas novidades, nesse estágio da sua carreira?
Eu só penso em música, sou apaixonado, e amo a novidade. Se isso morresse dentro de mim, teria que parar de fazer o que faço, porque amo muito o palco. Estou com três projetos nesse momento, mas já pensando no próximo. A minha cabeça não para de funcionar música, componho muito, o que me move é essa paixão mesmo. Não tem outra explicação. Acho importante as pessoas que me acompanham saberem o que estou pensando musicalmente.
Você acaba de voltar de Luanda, na Angola, onde fez a primeira edição da Tardezinha no continente africano. Como foi a experiência?
Fazer a Tardezinha em Luanda é muito significativo, por motivos óbvios, pela raiz da minha música. O samba vem do semba, que é angolano. Para mim era muito importante levar de volta o samba para lá, em forma de retribuição mesmo. E eles têm um carinho muito grande por mim e pela minha carreira, me consomem muito lá. Eu sabia que seria um momento muito forte, mas foi ainda mais especial. Quando o show começou, o público cantando tudo, principalmente as minhas canções. Foi inevitável não chorar, me emocionei muito, passa muita coisa na cabeça. Tudo que a gente já viveu, enquanto preto, tudo que o meu povo passou. Foi muito importante ver aquelas pessoas que tenho certeza absoluta que compartilham o meu sangue, até porque eu fiz o teste de DNA e tenho um pouco de Angola. E o mais interessante de tudo é porque a gente fez Miami, Lisboa e vai fazer Sydney, mas nesses lugares os shows são para brasileiros que moram fora. Já em Luanda foi para o povo angolano, é literalmente internacional. Saí de lá mais apaixonado ainda por Angola.
Além da sua carreira, tem outro projeto importante começando na sua vida, que é o seu primeiro filho, o Bento. Como está sendo esse momento?
É o momento mais feliz da minha vida, em todos os sentidos. Poder viver o que eu vivo artisticamente, e, com 23 anos de carreira, olhar para trás e ver tudo que já passei e toda a história que construí, isso me enche de orgulho e felicidade. Mas agora tenho motivo para construir mais ainda, porque acabo de receber a melhor notícia da minha vida, que é ser pai. O Péricles falou isso para mim hoje, inclusive: “Se prepara para a maior aventura da sua vida”. Quero construir muito mais coisas para mostrar para o meu filho e orgulhá-lo. É um momento especial que já comecei a viver, porque, quando você recebe a notícia, sua cabeça vai para esse lugar, até musicalmente, você acaba pensando no que escrever e no que deixar de legado para esse menino. Vai ser muito interessante ser pai e, ao mesmo tempo, ser um artista pai. É uma nova fase da minha vida.