Destinos unidos: Renato Teixeira e Fagner lançam segundo disco em duo
Álbum lançado pela Kuarup tem gravação feita no endereço em Pinheiros onde o compositor paulista morou e compôs 'Romaria'
Uma amizade de mais de cinquenta anos ilumina cada acorde tocado no disco Destinos (2024), o segundo álbum em duo lançado por Renato Teixeira e Fagner.
Sucessor de Naturezas (2022), o trabalho reúne canções inéditas escritas pelos compositores e cantores, com arranjos de Maurício Novaes e participações de Zeca Baleiro, Roberta Campos, Evandro Mesquita, Roberta Spindel, Isabel Teixeira e Chico Teixeira.
A série de trabalhos em dupla é lançada pela gravadora Kuarup, e a faixa Dominguinhos, do segundo álbum, e todas as bases e algumas vozes do primeiro foram gravadas em sua sede, em Pinheiros.
Por obra do acaso, a casa geminada na Rua Alves Guimarães pertenceu à família de Teixeira, e o músico paulista viveu ali com seus pais por dez anos, entre 1970 e 1980.
“No porão, coloquei um gravador, então a gente ficava bastante lá. Naquela época era difícil, você tinha que andar com a fita, e quando o Fagner lançou o Manera Fru Fru, Manera (seu álbum de estreia, de 1973), ele foi algumas vezes lá para a gente ouvir. Foi bonito a gente se encontrar no mesmo local, tantos anos depois”, relembra Renato.
O sócio-proprietário da Kuarup, Alcides Ferreira, dá mais detalhes de como a casa voltou a cruzar o caminho da dupla. “Compramos a de número 307 em 2011, e depois a 309. Quando a reforma ficou pronta, convidamos o Renato, que é o principal artista do catálogo, para conhecer, e ele disse que havia morado ali”, conta — o estúdio da gravadora na casa, inaugurado em 2021, leva o nome de Renato.
Sob aquele mesmo teto, ele escreveu, há exatos cinquenta anos, Romaria, lançada por Elis Regina em 1977 e que abre o novo álbum na voz de Fagner. “É um hino, me sinto privilegiado de gravá-la. Tenho o sonho de um dia cantar ao vivo com Renato em Aparecida”, diz o cantor.
Apesar de o cearense viver no Rio de Janeiro e o paulista residir na Mooca, a distância não diz muita coisa em tempos de WhatsApp. As composições foram criadas em trocas virtuais de melodias, de Fagner, e letras, de Renato.
A conexão é tamanha que os dois já têm planos de um terceiro álbum. “A parceria não se encerra em um disco, ela é para sempre. O plano é não parar”, diz Teixeira.
“Além da amizade, o Renato é uma pessoa com que, em qualquer hora, você pode contar. A vida conspirou muito a nosso favor”, responde o parceiro. ■
Publicado em VEJA São Paulo de 22 de novembro de 2024, edição nº 2920