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Um papo com Nando Dale, guitarrista paulistano da banda Been Stellar

O músico, que vive nos Estados Unidos, faz show no restaurante Quattrino; o grupo de rock acaba de lançar o disco 'Scream from New York, NY' (2024)

Por Tomás Novaes
Atualizado em 6 ago 2024, 18h23 - Publicado em 6 ago 2024, 18h11
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O guitarrista Nando Dale: paulistano em Nova York (Kalisha Quinlan-Dave/Divulgação)
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Representante de uma nova geração do indie rock nova-iorquino, a banda Been Stellar tem um paulistano na guitarra. É Nando Dale, 25, que faz show no restaurante Quattrino, no Jardim Paulista, nesta quarta (7), às 20h30.

O grupo, formado também por Sam Slocum (vocais), Skyler Knapp (guitarra), Nico Brunstein (baixo) e Laila Wayans (bateria), lançou em junho o seu disco de estreia, Scream from New York, NY (2024).

Antes, em fevereiro, o quinteto rodou a Europa para abrir os shows da banda The 1975 em dezoito cidades. Interpol Shame são outros grupos cujos shows foram abertos pelos jovens músicos no último ano.

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A banda Been Stellar: rock nova-iorquino, e também brasileiro (Naz Kawakami/Divulgação)

O primeiro álbum ganhou uma avaliação positiva da conceituada revista americana Pitchfork, e a banda partirá em turnê pela América do Norte em setembro e outubro, acompanhando o grupo Fontaines D.C.

Nando, que morou em São Paulo até os quatorze anos, passou o último mês em sua cidade natal, com a família. E aproveitou para fazer uma série de três shows no estabelecimento italiano — o próximo será o último, pois o músico retorna ao solo americano em breve.

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O guitarrista é formado em música na New York University (NYU), onde conheceu os companheiros de banda, e atualmente mora no bairro de Bushwick, no Brooklyn.

Nando também canta e compõe algumas faixas autorais poderão ser ouvidas no show. À Vejinha, ele falou sobre a sua trajetória. Confira o papo a seguir.

Você viveu em São Paulo por quanto tempo?

Morei em São Paulo até os quatorze anos, quando fui fazer ensino médio na Austrália. De lá, entrei na NYU, mas antes passei um ano sabático aqui, em 2017. Nesse tempo, me apaixonei mais por música brasileira. Fui então para Nova York, e estou lá desde então.

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Como você começou a tocar guitarra?

Eu comecei pelo piano. Meu irmão é ator, estava estudando teatro musical e comprou um piano. Com cinco anos, comecei a ter aula, e meu professor, Leonardo Fernandes, me ensinou a cantar e tocar e me incentivou a compor também. Foi de uma maneira muito leve, ao mesmo tempo que ele me ensinava um pouquinho de Beethoven, me mostrava Elton John e Beatles. Ele me indicou um professor de guitarra e baixo, e comecei a aprender com uns nove ou dez anos.

Em Nova York, como você conheceu seus colegas da Been Stellar?

O Sam e o Skyler eram amigos de colegial, e viramos amigos na faculdade, onde conhecemos o Nico. Conhecemos a Laila em um show. A banda ficou séria mesmo quando todos nós nos formamos (2021), e, desde então, as coisas foram se desenvolvendo. Assinamos primeiro com uma gravadora do Reino Unido chamada SoYoung, e depois com a Dirty Hit, para o nosso primeiro disco.

Como foi o processo de produção do álbum de estreia de vocês, Scream from New York, NY (2024)?

Eles falam que você tem a sua vida inteira para fazer o seu primeiro disco, e seis meses para o segundo (risos). A gente começou a escrever muito intensamente, nos reuníamos cinco vezes por semana. Entramos com doze músicas e acabou saindo dez, a gente queria ter um disco compacto. Gravamos no Studio G, em Greenpoint, no Brooklyn, com produção de Dan Carey.

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Como foi a experiência de abrir a turnê da banda The 1975, na Europa?

O convite veio porque assinamos com a mesma gravadora deles, fomos sugeridos, eles gostaram da nossa música e quiseram nos chamar. Foi uma coisa muito bizarra, porque a gente tocou em estádios esgotados na Europa. Tocamos para umas oito mil pessoas em Berlim, era muita gente. Tocamos em Lisboa, Barcelona, Paris, umas cinco cidades na Alemanha, Praga, Milão, Amsterdã… muitas cidades. Foi uma escola enorme. E sinto que, quando você chega nesse nível, de tocar nessas arenas, você percebe o quão importante são os shows pequenos. Para mim, é isso que me fez apaixonar pela música. Claro, é um tesão diferente, é uma maravilha, mas foi uma turnê bizarra nesse sentido de ter muito mais luxo. Mas foi muito legal.

O que podemos esperar do seu show no Quattrino?

Vou começar com uns covers, e depois vou tocar algumas músicas minhas. Esse vai ser o terceiro dessa série de shows que eu fiz lá. Tem sido muito fundamental tocar essas músicas para as pessoas e ver a reação delas, tem canções que eu toquei nos últimos shows que eu tinha escrito há dois, três dias. Ter essa oportunidade é muito legal. O Brasil tem sido muito inspirador pra mim. Nesse show, quero muito tocar Neil Young, acho que vou cantar Heart of Gold.

Você vê semelhanças entre São Paulo e Nova York?

Eu me sinto em casa aqui em São Paulo, e aqui me inspira bastante, assim como Nova York. São lugares intensos, mas diferentes. O metrô paulistano é tão inspirador quanto o metrô nova-iorquino, na minha impressão. Mas aqui tem essa coisa mais chocante de desigualdade. E tem pessoas de todos os lados, é a cidade com a maior comunidade japonesa do mundo. É um lugar muito único.

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Quattrino. Rua Oscar Freire, 506, Jardim Paulista, 3068-0319. Qua. (7), 20h30. quattrino.com.br.

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