Luiz Galvão, fundador dos Novos Baianos, morre aos 87 anos em São Paulo
Caetano Veloso, Baby do Brasil e o ator Lúcio Mauro Filho prestaram homenagens nas redes sociais
Luís Dias Galvão (1935-2022), conhecido como Luiz Galvão, faleceu na noite deste sábado (22), aos 87 anos. Galvão estava internado no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (InCor), na capital paulista. O poeta e letrista fundou os Novos Baianos, um dos grupos mais importantes da música brasileira, quando se uniu, em 1969, aos amigos Moraes Moreira (1947-2020) e Paulinho Boca de Cantor. Em seguida a banda incluiu Pepeu Gomes e Baby Consuelo — depois, Baby do Brasil.
O artista reúne mais de 470 composições catalogadas no Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB). Em parceria com Moraes Moreira, fez canções como Acabou Chorare, A Menina Dança, Dê Um Rolê, Preta Pretinha e Mistério do Planeta.
Nascido em Juazeiro, na Bahia, Galvão, que não teve a causa da morte divulgada, ainda adolescente conheceu João Gilberto, de quem fora amigo até o fim da vida. No livro “João Gilberto: a bossa”, lançado pela editora Lazuli, Galvão reconstrói a carreira genial do músico baiano através de memórias. Foi o primeiro livro sobre o bossanovista escrito por uma pessoa íntima do músico.
O falecimento foi confirmado pelo filho do artista, Lahirí Galvão, por Caetano Veloso, Baby do Brasil e o ator Lúcio Mauro Filho. No Instagram, a cantora Baby publicou: “Já imortalizado na arte por suas letras maravilhosas, suas identidade poética, seu estilo inconfundível, Luiz Galvão não apenas escreveu letras maravilhosas, mas escreveu uma das mais importantes páginas da nossa música brasileira: com o disco ‘Acabou Chorare‘.” Mais recentemente, todos os integrantes do coletivo estiveram presentes na turnê “Acabou Chorare e os Novos Baianos se Encontram”, de 2016. Galvão é o segundo integrante da banda a morrer, depois de Moraes Moreira, falecido em 2020.
A coletânea Acabou Chorare foi eleita, pela versão nacional da revista Rolling Stone, como a melhor da história da música brasileira, em outubro de 2007. A edição especial com os 100 maiores discos da música brasileira contou com 60 especialistas para a votação.
Caetano Veloso lamentou a morte e publicou: “Galvão criou e liderou o grupo Novos Baianos, acontecimento que se coloca entre os que mudaram o rumo da história do Brasil. Sendo de Juazeiro, atraiu João Gilberto para a casa coletiva em que viviam os membros do grupo. E isso definiu o caminho rico que se pode resumir no álbum Acabou Chorare mas que se desdobrou em muito mais”.
O ator Lúcio Mauro Filho contou que sua ligação com Galvão começou quando conheceu a banda e como ela o inspirou a escrever seu primeiro musical, “Novos Baianos”, que teve direção de Otávio Müller. O ator revelou, no Instagram, como recebeu a notícia, nesta madrugada: “Hoje, durante o show dos Gilsons, com o Bala Desejo, em pleno Circo Voador, pouco depois de Galvão ter sido homenageado com uma linda execução de ‘Suingue de Campo Grande‘, veio a notícia de sua partida. Eu caí num choro redentor que não sei nem explicar e cá estou sob esse efeito. E assim permanecerei até o fim da minha existência: Sob o efeito da poesia de Galvão. Minha gratidão eterna ao mestre”.
Após o fim do grupo Novos Baianos, em 1978, o baiano passou a se dedicar à carreira de escritor, sem deixar de lado as composições. Em 2021 escreveu com o amigo Paulinho Boca de Cantor as faixas O jogo é 90 minutos e Essa Patrícia, ambas presentes no disco Além da Boca, da gravadora Deck. Em 1997, lançou o livro “Anos 70: Novos e Baianos”, em 2014, divulgou a obra “Novos Baianos: A história do grupo que mudou a MPB”, e no ano passado o romance “Anos 80: A História de Uma Amizade na Década Perdida”.
A família do artista, torcedor do Vasco, realizou uma campanha, em prol da saúde de Luiz Galvão, para arrecadar dinheiro. As publicações passaram a ser feitas no mês de setembro, nas redes sociais, data em que ele foi internado. Ainda não há informações sobre o sepultamento.