Luedji Luna mergulha no amor em novo álbum: “É o meu disco mais honesto”
À Vejinha, a cantora e compositora baiana deu detalhes sobre o trabalho e confirmou a data do primeiro show do projeto em São Paulo

Luedji Luna mergulha nas profundezas do amor — encontrando tudo de mais bonito e assustador — no seu novo disco, Um Mar pra Cada Um (2025), que será lançado na segunda-feira (26).
À Vejinha, ela deu detalhes sobre a novidade e confirmou a data do primeiro show do projeto em São Paulo: vai acontecer no dia 15 de agosto, no Espaço Unimed.
Entre as participações do álbum, destaques para a saxofonista britânica Nubya Garcia e o guitarrista americano Isaiah Sharkey, além de Liniker, Tali, Takuya Kuroda e Beatriz Nascimento.
O quarto trabalho de estúdio da cantora e compositora baiana segue a linha sonora e temática do antecessor, o excelente Bom Mesmo é Estar Debaixo d’Água Deluxe (2022), desta vez com o jazz mais aparente, para além do R&B sofisticado, além de letras mais densas.
O resultado só poderia ser incrível. Confira, a seguir, a entrevista com a artista sobre o trabalho inédito. Espaço Unimed. Rua Tagipuru, 795, Barra Funda. ♿ Sex. (15/8). Mais detalhes em breve no site da casa de shows.
No seu novo disco, você evoca de vez o jazz. Como foi a construção musical de Um Mar Pra Cada Um?
Desde o meu disco anterior, o que eu produzo está muito alinhado com o que escuto. Referências como Solange, Erykah Badu, Kamasi Washington, Robert Glasper, Miles Davis. Foi uma escolha proposital trazer essa pesquisa para as minhas criações. Desta vez com mais elementos de jazz, fui beber em A Love Supreme (disco de 1965), de John Coltrane, para amarrar o conceito do álbum — que ainda é sobre amor, mas sob uma perspectiva de busca.
E como essa busca se relaciona com o nome do álbum?
Percebo meus três discos mais recentes como a continuação de uma mesma história. Começo essa investigação em Bom Mesmo É Estar Debaixo d’Água (2020), a água sendo essa metáfora do amor, das emoções, do sensível. Desta vez, em cada letra estou entregando amor para uma pessoa, nessa dimensão oceânica, imensa e profunda. Mas o álbum fala mais sobre a minha necessidade de ser amada, minhas carências e questões. Aí entra a pesquisa do Alvaro Migotto, da USP, sobre microbiologia marinha. Não é esse mar bucólico, de areia branquinha e água cristalina. Entro no mar mais profundo, que não se vê a olho nu, com bichinhos estranhos. A capa do disco é uma hidromedusa, um ser microscópico. É um trabalho denso, sobre o amor em uma dimensão profunda e invisível.
O disco abre com um tema instrumental, e tem participações de músicos, além de cantores. Qual a proposta?
No ano passado, entrei em uma pesquisa de frequências sonoras e comecei a fazer sound healing com a Karina Siervi. Nas minhas pesquisas, descobri que o som é capaz de alterar a consciência, de curar e alinhar as nossas emoções. Compreendendo essa potência, prescinde a poesia, não preciso dela o tempo todo. O som em si já produz mudanças e toca as pessoas.
Qual a sua relação hoje com o universo pop, que você alcançou com o hit Banho de Folhas?
No meu primeiro disco, eu não tinha nada a perder, é um trabalho superdenso e também despreocupado. Veio essa canção, foi um hit orgânico, não esperava que iria me levar para tantos lugares. Lido muito bem com o fato de às vezes as pessoas conhecerem mais a música do que eu. Por não ser uma artista pop, não estou tão em evidência, não apareço nas revistas de fofoca, não é sobre a minha imagem. Não sou uma celebridade, sou uma artista a serviço da música. Não sou tão famosa quanto essa canção, mas pelo menos ganho meus direitos autorais direitinho (risos). O máximo do pop que consegui ser foi o BMDA Deluxe, com letras mais simples, e ainda assim foi muito custoso, um show superdesafiante. Tenho a consciência que o meu novo som não é a coisa mais mercadológica, está super na contramão. Mas é o meu disco mais honesto, e eu confio muito na música, afinal, foi ela que me trouxe até aqui.
Publicado em VEJA São Paulo de 23 de maio de 2025, edição nº 2945