“Busquei meu lado mais atriz”, diz Julia Mestre sobre novo disco e turnê
Conheça o universo oitentista e cinematográfico da artista, que estreia show do álbum 'Maravilhosamente Bem' em São Paulo, no Sesc Belenzinho

A música-título do novo disco da cantora e compositora carioca Julia Mestre, 29, Maravilhosamente Bem (2025), resume bem o seu momento, e profetiza, logo no primeiro verso: “Cedo ou tarde, a tour vai chegar na sua cidade”. Está chegando. A artista escolheu São Paulo para estrear a turnê dessa sua fase mais atriz e oitentista do que nunca. Será no dia 19, no Sesc Belenzinho.
Quem explora a discografia de Julia ouve a direção apontada pelo som. Da nova MPB guiada pelo violão, no disco Geminis (2019), a cantora mergulhou cada vez mais nos sintetizadores que marcaram o melhor do pop nos anos 80, com um álbum de transição em 2022, Arrepiada, para aterrissar no capítulo atual. “Maravilhosamente Bem é uma celebração da minha trajetória, me sinto inteira e à frente de cada processo, madura como compositora e artista”, define.

O trabalho, produzido por ela própria ao lado de Gabriel Quirino, Gabriel Quinto e João Moreira, ainda tem participação de Marina Lima, na música-homenagem Marinou, Limou. “É um disco cheio de detalhes, com muitas riquezas e camadas, você precisa ouvir várias vezes para descobrir os segredos. Ele conversa bastante com dois universos, o pop e a MPB — me sinto trilhando um caminho do meio”, reflete.
Fera, vampira, serpente, sereia. São muitas as personas que Julia veste nas letras e no conteúdo visual do álbum, com clipes para cada música e direção criativa dividida com Gabriel Galvani. “Quis ter um personagem e roteiro diferentes para cada faixa, com essa magia colorida, porque o disco é uma explosão de sabor. Busquei meu lado mais atriz”, afirma Julia, que já atuava antes de se lançar na música, em carreira solo e com o quarteto Bala Desejo.

“Me apego a essas personas, essa feitiçaria que nós, mulheres, temos. Essas figuras femininas poderosas que me regem, e gosto de criar uma narrativa para construir composições e arranjos cinematográficos”, conta. As letras caminham entre a potência feminina e a vulnerabilidade. “Gosto de criar esses personagens para me empoderar. E sinto que o disco traz esses dois lados, uma força magnética de alegria, mas também um timbre mais aveludado, que te puxa para um momento introspectivo”, diz.
As inspirações em uma década passada não tornam o disco datado. “Esse álbum começa a firmar a minha personalidade musical. É um disco feito agora, com composições e músicos de agora, eu sou de agora, então é muito contemporâneo”, afirma Julia, ansiosa para cair na estrada com o novo repertório. “A melhor parte é ver uma canção que nasce dentro de um quarto sendo cantada mundo afora”, conta.
Curiosidade e potência criativa não faltam para a artista, neste momento de plenitude. “O futuro ainda é uma estrada cheia de névoa”, diz, sempre empolgada com o mistério. ■
Sesc Belenzinho. Rua Padre Adelino, 1000, Belenzinho, ☎ 2076-9700. ♿ Sáb. (19), 20h30. R$ 60,00. 14 anos. sescsp.org.br.

Publicado em VEJA São Paulo de 11 de julho de 2025, edição nº 2952