“Beyoncé é uma produtora incrível”, diz brasileiro envolvido em disco premiado
Confira a entrevista com o engenheiro de som Dani Pampuri, que contribuiu no álbum vencedor do Grammy 2025, 'Cowboy Carter'

O Grammy 2025 aconteceu neste domingo (2), e Beyoncé foi a grande vencedora, levando uma estatueta inédita na sua carreira: a categoria Álbum do Ano, por Cowboy Carter (2024).
O trabalho, um mergulho da estrela pop no gênero do country, reúne hits como 16 CARRIAGES e TEXAS HOLD ‘EM, e versões de clássicos como Blackbird, de Paul McCartney, e Jolene, de Dolly Parton.
E, na equipe que fez o álbum acontecer, estão dois engenheiros de som brasileiros: Dani Pampuri e Matheus Braz.
A Vejinha conversou com Pampuri, engenheiro-chefe do NRG Recording Studios, em Los Angeles, que colabora com Beyoncé desde 2019. Ele nasceu em Valença, no Rio de Janeiro, e foi criado em São Paulo. Confira o papo a seguir.
Entrevista com Dani Pampuri, engenheiro de som de Cowboy Carter
Como aconteceu sua primeira colaboração com a Beyoncé, em 2019?
Eu comecei a trabalhar com artistas que são assinadas por ela, e a partir daí uma coisa foi levando a outra, até eu começar a participar de trabalhos específicos dela, mais ou menos na época do álbum ao vivo Homecoming.
Como você começou a sua carreira na música, ainda no Brasil?
Comecei tocando bateria com 10 anos de idade, tive e participei de várias bandas, inclusive em L.A. Aos 16, já tentava gravar as músicas que fazia com o meu irmão, Filipe Pampuri, em um computador que meu pai tinha em casa. Fui aprendendo a gravar e assim comecei a produzir bandas de rock, que eram conhecidas na época. A partir daí, fui reformulando os estúdios de acordo com o volume de trabalho que chegava, crescendo, até chegar na última versão do estúdio C4. Esse estúdio existiu entre 2002 até 2009, e foi importante na cena de São Paulo na época, sendo um hub pra muitos artistas.
Por que você decidiu ir para Los Angeles?
Nessa caminhada de ter estúdios, gravar e produzir bandas, eu produzi um projeto que foi assinado por um selo em Los Angeles que era afiliado ao NRG Recording Studios (estúdio em Los Angeles). Viemos pra cá em 2009, pra mixar o trabalho no NRG em Los Angeles, e deu tão certo que o estúdio continua sendo a minha base de trabalho aqui até hoje. Além do meu próprio estúdio que fundei com meu irmão, que se chama The Hive.
Como foi o trabalho de engenharia de som de Cowboy Carter?
Engenharia de som é uma arte que envolve, acústica , eletrônica, música e psicologia. O trabalho em estúdio para fazer um disco é intenso e o engenheiro de som é a pessoa primordial pra fazer a sessão acontecer. Pode ser desde um coro ao vivo, com inúmeras vozes ou uma orquestra completa, como em American Requiem (faixa que abre o álbum), ou um trabalho minucioso de edição. O engenheiro de som cobre todas essas funções, das mais técnicas até as mais artísticas, trabalhando juntamente com produtores, músicos, artistas e outros engenheiros. Viajei bastante nesse projeto também, para gravar os artistas convidados, como Post Malone, Gary Clark Jr. e Linda Martell. Como engenheiro de som, você está presente desde a composição das músicas até a mixagem final.
Foi um trabalho desafiador?
Tudo relacionado ao universo da Beyoncé é sempre grandioso e reflete a expressão artística dela, e por isso a expectativa é sempre de excelência. É um grande desafio pra todos envolvidos. Uma equipe incrível de pessoas trabalharam juntas, cada uma trazendo o seu melhor. O círculo dela é formado por incríveis músicos, produtores e engenheiros. Então, além de desafiador, é um processo bastante gratificante e enriquecedor, participar dessa troca com pessoas extraordinárias.
Beyoncé também assina a produção das músicas. Como foi o contato com ela?
Ela sempre tem na mão a produção de tudo que faz e é uma produtora incrível. O som é trabalhado a todo momento durante o processo, detalhadamente e cuidadosamente construído pra chegar nesse resultado final. Ela é completamente envolvida em todo o processo.