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5 a Seco volta inspirado em novo disco com participação de Chico Buarque

A banda paulistana retorna à cena, após uma pausa de cinco anos, com o álbum 'Sentido', lançado nesta quinta-feira (28); confira a entrevista com o quinteto

Por Tomás Novaes
28 nov 2024, 00h00
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5 a Seco lança 'Sentido': primeiro disco em cinco anos (Lorena Dini/Divulgação)
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A banda paulistana 5 a Seco está de volta, após um hiato de cinco anos, com o álbum Sentido (2024), lançado nesta quinta-feira (28), com participação luxuosa de Chico Buarque.

Com quinze faixas, das quais quatorze inéditas, o disco reúne mais uma safra inspirada de canções de Leo Bianchini, Pedro Altério, Pedro Viáfora, Tó Brandileone e Vinicius Calderoni.

A lista de compositores do disco ainda inclui Leo Versolato, Alfredo Del PenhoBeto Lemos, Paulo Novaes e Celso Viáfora, que aqui assina três faixas, incluindo A vida vi, parceria com seu filho, Pedro, e lançada antes em seu disco A Vida É (2021).

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A capa do álbum ‘Sentido’: lançado na madrugada desta quinta-feira (28) (Lorena Dini/Divulgação)

Cada um dos cinco integrantes traz novas pérolas dos seus baús de composições neste novo trabalho, com destaques como Plano A, A vida que pode ser, Deixa eu gostar de você, Ela Apareceu e Comédia de enganos, esta com aparição de Buarque.

A faixa, que abre o álbum, é a única do repertório cantada pelos cinco músicos. A sexta estrofe, que fecha o fonograma, é entoada pelo artista carioca de 80 anos, em participação gravada no estúdio da gravadora Biscoito Fino, no Rio de Janeiro, em outubro.

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Em entrevista à Vejinha, Vinicius Calderoni definiu bem a alma do 5 a Seco: “Somos devotos, aficcionados e militantes da canção, e, ao nos reunirmos, forma-se esse culto de buscar o lugar mais alto de excelência da canção”. Confira o papo a seguir.

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Pedro Altério, Vinicius Calderoni, Chico Buarque, Tó Brandileone e Pedro Viáfora: participação luxuosa no disco (Mario Canivello/Divulgação)

O álbum traz uma diversidade sonora grande e muito interessante nos arranjos. Como foi pensada essa produção?

ALTÉRIO Acho que a diversidade é uma das coisas bonitas desse disco.

Para além de gostar e celebrar a diversidade dentro do grupo, eu, de alguma forma comandando essa produção, tive a vontade de intensificar as diversidades, apostando que a força do coletivo vem daí. Tem coisas que você só pode falar sozinho, e outras que só fazem sentido ditas em grupo. É muito bonito, no mundo de hoje, tão atomizado, segregado, dividido, a gente estar em cinco compositores, com visões e gostos diferentes, um servindo o outro na sua própria canção. É um posicionamento político-social, sem ser panfletário: apostar na força do coletivo. Uma diferença brutal desse disco é essa, apostar e adensar mais na diversidade.

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Para vocês, como esse álbum se encaixa na discografia do 5 a Seco?

Os primeiros três são um pouco tese, antítese e síntese. A tese (o disco de estreia, Ao Vivo no Auditório Ibirapuera, de 2012) como a nossa junção, nós cinco tocando ao vivo no palco. O segundo (Policromo, de 2014), antítese: a gente vira pelo avesso o processo, tocando instrumento por instrumento, criando camada por camada no estúdio, de maneira mais fragmentada. Na síntese (o álbum Síntese, de 2018), voltamos a tocar juntos como no primeiro, mas com o cuidado, esmero e tratamento sônico do segundo. Depois vem o Pausa (de 2019), que é deslocado dos três porque é mais fragmentado ainda, com cada um cantando e tocando a sua própria canção quase solo, com pouco adereço. Só que com canções já mais maduras, bem estruturadas, com assuntos mais adensados. Então o quinto, para mim, tem o calor do primeiro, depois de cinco anos; o esmero de produção de estúdio do segundo e do terceiro; e a maturidade de repertório do quarto, juntando tudo isso com a nossa maturidade de cabeça, de levar o processo de um jeito saudável e tranquilo.

Como aconteceu essa participação de Chico Buarque?

Essa participação começa quando o Vini escreve essa música (Comédia de enganos) para uma peça chamada Museu Nacional [Todas as vozes do fogo]. É um número muito comovente, absurdo, que as pessoas cantam juntas. Lembro de achar a música um estrondo, linda, e fiquei com ela na cabeça. Passa um tempo, o Vini faz um show no Bona, toca essa música e lembro de ter uma sensação instantânea de pensar: “Essa é a música que todos nós vamos cantar juntos no disco”. Joguei isso para o grupo, eles toparam, e a primeira versão foi feita assim seis estrofes, com a sexta cantada por todos. Mas não ficou à altura do que é a conclusão da canção, então entrou a ideia mirabolante do Vini.

VINICIUS A gente já tinha gravado, e eu estava ouvindo em casa, quando me bateu isso: vamos chamar o Chico para cantar a última estrofe. Coincidentemente ou não, eu estava começando a escrever uma peça em homenagem aos seus 80 anos. Tentamos caminhos intermediários, até que em certo momento consegui o email pessoal dele, e enviei um texto dizendo: “Chico, temos essa ideia excêntrica, que seria a maior alegria das nossas vidas, se você cantasse essa estrofe dessa música”. E ele respondeu no dia seguinte: “Seria uma alegria me juntar ao 5 a Seco, embora esteja meio afastado da música”. Bom, todo mundo quase morreu, mas passou bem, até o momento da gravação. Mais um bastidor: ele chegou sabendo muito, tendo estudado a música, então foi meio rápido, durou cinquenta minutos.

Como vocês veem a safra de composições desse álbum, em especial sobre o tema do amor?

VINICIUS O amadurecimento, a gente estar mais velho, esse disco tem um lugar que contempla e celebra o tempo, também por ser essa reunião de amigos depois de cinco anos afastados. Isso adensa também o fato que cada um foi ter as suas buscas individuais, suas experiências, seus interesses, e na hora que a gente se reúne, estamos enriquecidos. E a expressão artística é a expressão da nossa subjetividade, do nosso enriquecimento pessoal, emocional e intelectual. Como cada disco é uma fotografia de momento, começou a surgir essa noção das canções de amor serem menos imediatistas, terem menos esse componente da paixão, que tem a ver com um certo ímpeto de juventude. As canções começam a falar um pouco do amor como construção diária, da lida do amor, um amor desidealizado de um lugar simplório, o amor falado na sua complexidade. Sai de uma perspectiva mais adolescente, e entra em uma perspectiva mais adulta. Todas as canções de amor desse disco trazem visões menos simplificadoras do amar.

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Quero perguntar sobre A Vida Vi, a única canção não inédita do álbum. Como foi a decisão de incluir ela no repertório?

VIÁFORA Tenho um apreço muito grande por ela, acho uma música maravilhosa. Me sinto contemplado ali na gravação do meu pai, mas com uma sensação de querer a minha voz de uma maneira mais presente. Ela foi composta quando o Davi (seu sobrinho), que hoje tem cinco anos, ainda nem tinha nascido. Vejo ela muito bem encaixada no disco, como algo que cultua o belo, esse lugar do amor que a gente tava falando, mas em outro lugar: o amor pela vida de uma outra pessoa, o amor pelo nascimento, o amor que não é necessariamente o amor romântico.

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