3 perguntas para Gabriele Leite: violonista se apresenta em São Paulo
A instrumentista paulista sobe ao palco do Teatro Cultura Artística com o concerto 'Territórios', ao lado de Eduardo Gutterres
A violonista paulista Gabriele Leite apresenta o concerto Territórios neste domingo (1o), ao lado do gaúcho Eduardo Gutterres, no Teatro Cultura Artística.
O duo de violões apresentará peças de compositores brasileiros como Sérgio Assad, Paulo Bellinati, Marco Pereira, Radamés Gnatalli (1906-1988) e Tom Jobim (1927-1994), além de uma obra autoral de Gutterres.
Ambos os instrumentistas são ex-bolsistas da Cultura Artística, e cursaram juntos o mestrado em performance na Manhattan School of Music, em Nova York, onde residem hoje. Atualmente, os dois também são artistas da Augustine Strings.
A musicista nasceu em Cerquilho, interior de São Paulo, e é formada em música na Unesp. Nos Estados Unidos, onde atualmente cursa um doutorado na Stony Brook University, gravou o seu álbum de estreia, Territórios (2023).
Ela foi semifinalista do Concurso Internacional de Violão de Koblenz em 2019, e, em 2021, figurou na lista Under 30 da Forbes, como um dos talentos brasileiros com menos de trinta anos.
3 perguntas para Gabriele Leite
Como começou essa parceria com Eduardo Gutterres nos palcos?
Eu conheci o Edu em uma prova para a bolsa da Cultura Artística, isso foi em 2019. Desde então, a gente começou a fazer aula com o mesmo professor, e depois teve um programa com os bolsistas em que eles ofereceram para pagar as nossas inscrições para mestrados fora do Brasil. Nós dois aplicamos para a Manhattan, e combinamos que, se passarmos, iríamos formar um duo. Conseguimos as aprovações, mas a pandemia veio, e só em 2021 a gente conseguiu ir juntos, começando essa jornada em Nova York. Foi um encontro fenomenal, é uma pessoa muito querida. A gente tem a mesma idade e está fazendo a mesma correria na música clássica, ele é incrível, um super músico, e a gente trabalha muito bem juntos.
Qual a ideia por trás do repertório deste concerto?
É um repertório de música de câmara brasileira. O Brasil é conhecido pelos duos de violões, e essas peças mostram o que tem de melhor no violão brasileiro. Com o Edu a gente sempre pensa muito em tocar música brasileira, porque moramos em Nova York, então existe essa demanda assim, de estar levando o que a gente tem de melhor para lá. Tem isso de mostrar as nossas raízes, e o meu disco é muito sobre esses territórios que a gente vive. Ir para os Estados Unidos, e estando longe da família, é uma conexão que a gente precisa refazer com o país.
Como você entrou para a música, e mais especificamente o violão?
Meu pai e minha mãe sempre foram amantes de música, então eu lembro de, desde muito jovem, a gente alugar DVDs de shows e concertos na locadora, sempre muito variados, de rock a Pavarotti. Minha mãe ia fazer faxina e sempre colocava samba, pagode, e eu percebia que tinha um violão interessante. Nas minhas brincadeiras, eu pegava a vassoura e tocava como se fosse uma banda, e meus pais começaram a perceber isso. Com 6, 7 anos eu ganhei um violão, e minha mãe foi atrás de me inscrever em aulas no Projeto Guri. O legal é que você já aprendia a ler partitura, e sentava na posição de violão clássico, logo de cara. Me encantei com aquilo e as coisas foram só aumentando, a admiração pelo instrumento e, claro, a dedicação, paciência e resiliência para enfrentar todas as dificuldades.
Livre. Teatro Cultura Artística. Rua Nestor Pestana, 196, Conso- lação, ☎ 3256-0223 ♿ Dom. (1o), 11h. R$ 39,50. culturaartistica.org.