Canções e desenhos: 3 perguntas para Kevin Johansen e Liniers
O cantor e o artista gráfico argentinos fazem show em São Paulo nesta sexta-feira (9), no Teatro Bradesco

Um show com ilustrações feitas ao vivo e belas canções. Assim é o encontro de Kevin Johansen e Liniers no palco, que chega a São Paulo nesta sexta-feira (9), no Teatro Bradesco.
O duo argentino, formado pelo cantor e compositor e o quadrinista, está celebrando quinze anos de parceria. Enquanto Kevin canta músicas do seu repertório, como o sucesso Anoche Soñhé Contigo, Liniers cria desenhos em tempo real, que são projetados em um telão no fundo do palco.
Esse encontro criativo, somado ao humor afiado dos dois, cria um espetáculo único, que está rodando o mundo. Depois da apresentação na capital paulista, a dupla segue para a Argentina, depois México, Holanda, Espanha, Suiça, Inglaterra e França.
Os ingressos para o show em São Paulo estão esgotados. A seguir, confira a entrevista com os artistas.
3 perguntas para Kevin Johansen
Você e Liniers se apresentam juntos há 15 anos. Por que você acredita que esse encontro é tão forte no palco, e dura tanto tempo?
Acho que Liniers faz uma coisa que não se escuta, e eu, uma coisa invisível, que você não pode olhar. Por isso é que somos assim como um Yin Yang interdisciplinário. Ademais e fundamental, temos essa cumplicidade da amizade.
A partir dos desenhos simultâneos de Liniers, você começou a enxergar as suas músicas de uma maneira diferente?
Muitos músicos querem ser observados o tempo todo, eu não. Então, fui relaxando da mirada exterior e me concentro mais no que vem do meu (e nosso) interior.
Nesta semana vocês estão estreando o show no Brasil. É especial trazer esse projeto para palcos brasileiros? Por quê?
Sim, porque, como diz o artista senegalês Youssum D’our, a música é a primeira língua. A gente não precisa entender todas as letras. E Liniers, com seus desenhos, completa a coisa.
3 perguntas para Liniers
Há quinze anos, como surgiu a ideia de você se apresentar junto de Kevin em um show?
Fomos amigos primeiro, por vários anos. Conheci Kevin quando ele chegou de Nova York com seu primeiro álbum. Com o tempo, surgiu a ideia de decorar o cenário de alguma forma, e foi assim que comecei. Timidamente, porque eu era tímido, escondido entre o engenheiro de som e o técnico de iluminação, desenhando no computador. Com o tempo, comecei a me aproximar do palco porque Kevin insistia que a festa era lá… e ele estava certo.
Como é exibir o seu processo artístico de uma maneira tão transparente no palco?
Há artistas que se incomodam em mostrar o processo da obra; eles só querem mostrar o resultado. Quando tudo já estiver resolvido. Sempre gostei de ver como esse resultado é alcançado. Como um artista que vai em busca e encontra algo. Então é isso que vocês podem ver no show. Quero que o trabalho tenha relação com as músicas do Kevin. Às vezes acaba sendo melhor ou pior, mas está tudo bem visível.
Nessa experiência em dupla no palco, que já dura 15 anos, você aprendeu algo novo sobre a sua arte?
Sim. Para começar, a maneira como trabalho é muito mais rápida, pois só tenho o tempo necessário para concluir o desenho. Três ou quatro minutos. E isso desencadeia algo diferente na minha criatividade. Algo mais expressionista. A presença do público também tem sua influência. A adrenalina do ao vivo também afeta. Então, em cada noite, tanto eu quanto os espectadores estamos interessados em ver o que vai acontecer.
Teatro Bradesco. Bourbon Shopping São Paulo, ☎ 3670-4100. ♿ Sex. (9), 20h. 14 anos. uhuu.com.