Tenet é o maior lançamento, mas tem filmes melhores chegando aos cinemas
O longa-metragem, estrelado por John David Washington e Robert Pattinson, é dirigido por Christopher Nolan
São dez estreias nesta quinta (29) e a maior e mais esperada é Tenet, o novo filme do diretor Christopher Nolan, o mesmo de Dunkirk, que é considerado “o filme” que pode levar o espectador de volta aos cinemas. Mas seria o novo trabalho do diretor Christopher Nolan a salvação da lavoura? Enquanto espetáculo visual, é bem provável. Já o boca a boca, que gera o burburinho entre amigos e familiares, talvez não garanta tantas recomendações ou entusiasmo. Ou você embarca ou não em Tenet. Embora com uma trama simples de acompanhar, o longa-metragem segue por caminhos complexos para, justamente, querer ser “difícil”. São artifícios narrativos adotados pelo diretor/roteirista que comprometem a fluência e deixam Tenet cada vez mais desinteressante. O início é espetacular e, numa trama de espionagem, lembra as aventuras de Ethan Hunt em Missão: Impossível. John David Washington (de Infiltrado na Klan) é um dos agentes que tentam impedir um atentado terrorista durante um concerto na Ucrânia. Em vão. A casa de espetáculos vai pelos ares, o protagonista é capturado pelos inimigos, mas consegue escapar. Conta, então, com a ajuda de um colega (Robert Pattinson) para impedir uma catástrofe ainda maior do que a III Guerra Mundial. Nolan tem uma obsessão com o tempo, desde Amnésia (contado de trás para a frente) até Dunkirk (narrado em três momentos distintos). Assim como o palíndromo tenet, o roteiro faz avançar e recuar situações-chave e, em uma de suas cenas mais espetaculares, traz uma perseguição de automóveis em marcha a ré. É uma fabulosa sequência como essa que resta na memória ao fim da sessão.
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Tem outros dois lançamentos que eu gosto mais. Tel Aviv em Chamas consegue um feito: abordar o conflito entre palestinos e israelenses de forma original e muito bem-humorada. Embora mostre a tensa relação entre eles, o diretor e roteirista Sameh Zoabi prefere acenar para a paz. Salam, papel de Kais Nashif, é o típico loser, o cara fracassado que não deu certo na vida, seja pelo comodismo, seja pelo jeito pasmado. Ele mora em Jerusalém e passa a trabalhar em Ramala, na Cisjordânia, quando seu tio o contrata como assistente de uma telenovela de sucesso. Salam fala hebraico perfeitamente e vai ajudar no sotaque da protagonista (Lubna Azabal). A simples tarefa de Salam, porém, vai se complicar. Ao passar diariamente pelos postos de controle do Exército de Israel, ele é interrogado pelo capitão Assi (Yaniv Biton), que, ao saber do seu trabalho, insiste em palpitar nos desdobramentos do folhetim.
Já lançado nas plataformas de aluguel, Aos Olhos de Ernesto é centrado no protagonista-título. Ernesto (Jorge Bolani) tem 78 anos, é uruguaio, fotógrafo aposentado e vive em Porto Alegre. Viúvo e enxergando pouco (seja de longe ou de perto), ele só tem a companhia do vizinho argentino. Seu filho (Julio Andrade) quer, portanto, vender o apartamento e levá-lo para morar com ele em São Paulo. Mas Ernesto é turrão. Recusa-se a usar óculos e quer ter uma vida independente. A entrada em cena de Bia (Gabriela Poester), uma passeadora de cães de 23 anos, dará novas perspectivas ao idoso. A história toca, é claro, em sentimentos e situações próprios do envelhecimento, mas o tom adotado escapa do baixo-astral. Em duas horas, a realizadora faz uma radiografia otimista da terceira idade, seja mostrando o rabugento Ernesto às turras com a faxineira ou redescobrindo o prazer de amar ao se corresponder com uma amiga da juventude. E quer acerto mais belo e emocionante do que terminar a trajetória de Ernesto com Caetano Veloso cantando Un Vestido y un Amor (Te Vi), de Fito Paez?
E tem a volta de Oito e Meio, o grande clássico de Fellini, que retorna em sessão única, às 18h, no CineSesc.
Segue abaixo as dez estreias desta quinta (29). Para ler a sinopse, basta clicar no nome do filme.
Alice Guy-Blaché – A História não Contada da Primeira Cineasta do Mundo
BTS – Break the Silence – The Movie
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