Netflix e Amazon Prime Video: o que vale a pena ver dos indicados ao Oscar 2021?
Entre os concorrentes aos prêmios principais estão Uma Noite em Miami e A Voz Suprema do Blues, com Chadwick Boseman
A entrega do Oscar será no dia 25 de abril. Ou seja: você tem pouco mais de um mês para ver os filmes que estão em competição, seja em categorias principais ou nas, digamos, menos prestigiadas. Eu fiz uma lista que traz 31 filmes que já estão disponíveis nas plataformas digitais, como Netflix e Amazon Prime Video.
Neste post, comento os oito longas-metragens que você já pode ver em casa e concorrem nas categorias de melhor filme, direção, ator, atriz e coadjuvantes. Ao final do texto, respondo à pergunta: vale a pena?
A Voz Suprema do Blues > Chadwick Boseman, que morreu de câncer em agosto de 2020, aos 43 anos, deve levar o Oscar (póstumo) de melhor ator por sua formidável interpretação como Levee, o trompetista que acompanha uma banda durante a gravação de um disco da temperamental Ma Rainey, papel de Viola Davis, indicada a melhor atriz. As performances da dupla são o grande trunfo do drama, ambientado em 1927 e baseado na peça de August Wilson. O filme ainda concorre a melhor desenho de produção, figurinos e maquiagem/cabelos. Vinda do sul dos Estados Unidos, Ma Rainey é a típica diva do blues. Cantora de voz potente, ela chega a Chicago, sob o verão de um calor escaldante, com sua entourage. A estrela é dada a chiliques caso seus pedidos não sejam atendidos. Ela e todos os músicos são negros, mas seu agente e o dono do estúdio têm a pele branca. Eis aí um dos embates de uma trama que não nega sua origem teatral (quase tudo se passa em um único ambiente) e ganha força nos grandes momentos dramáticos, carregados de diálogos duros e densos. Está na Netflix.
Vale a pena? É um filme teatral, pesado, quase claustrofóbico. Mas vale pena porque você verá duas magníficas interpretações, de Boseman e Viola – e tem uma direção de arte primorosa.
Uma Noite em Miami > A diretora e produtora Regina King deve ter ficado surpresa com as minguadas três indicações de seu filme, que apareceu com maior destaque em premiações como o Globo de Ouro. O drama, contudo, garantiu vaga em melhor roteiro adaptado, canção e ator coadjuvante, para Leslie Odom Jr. O ano é 1964 e a história traz o encontro fictício de quatro personalidades: o radical ativista Malcolm X (Kingsley Ben-Adir), o cantor Sam Cooke (Odom Jr.), o jogador de futebol americano Jim Brown (Aldis Hodge) e o pugilista Cassius Clay (Eli Goree). Numa noite em Miami, eles se reúnem no quarto do hotel onde Malcolm X está hospedado. Muçulmano e defensor dos direitos dos negros, ele se recusa a sair com os amigos, já que é casado e sua religião não permite bebida alcoólica. Aos 22 anos, Clay (que também se converteria ao islamismo e seria chamado de Muhammad Ali) tem o fogo dos jovens de 22 anos. Brown é favorável a uma noitada de sexo. Mas o maior conflito será com Cooke, que canta para plateias ricas (e brancas) para repúdio de Malcolm X. A realizadora não se permite voos tão altos nem ousadias e busca no texto teatral a essência de uma boa encenação movida a ótimos diálogos e pouca movimentação. Está no Amazon Prime Video.
Vale a pena? Assim como A Voz Suprema do Blues, tem origem teatral e se passa praticamente num único cenário. Vale a pena se você gosta do gênero “teatro filmado”, aliás, muito bem filmado e com atuações vigorosas.
Os 7 de Chicago > Aaron Sorkin foi esnobado no prêmio de melhor direção, mas garantiu indicação a melhor roteiro original, também escrito por ele. O drama sobre um julgamento, ocorrido em 1968, concorre também a melhor filme, montagem, fotografia, canção e ator coadjuvante, para Sacha Baron Cohen. Está na Netflix.
Vale a pena? Tem gente que achou aborrecido e lento. Eu, ao contrário, fiquei muito envolvido com essa história verídica que tem ótimas cenas no tribunal e um elenco afiadíssimo. Não gostei da indicação de Sacha. Acho que o ator dá um dispensável alívio cômico à trama, mas há coadjuvantes melhores. Vale a pena!
Mank > Ame-o ou odeio-o, o novo trabalho de David Fincher (A Rede Social) é o recordista de indicações neste ano e concorre a melhor filme, direção, ator (Gary Oldman), atriz coadjuvante (Amanda Seyfried), som, desenho de produção, trilha sonora, fotografia, figurinos e maquiagem/cabelos. Em sua produção mais luxuosa e com um roteiro complexo (com suas idas e vindas no tempo), Fincher traz à tona a trajetória de Herman Mankiewicz (Oldman), o roteirista do filme Cidadão Kane (1941). Não espere, porém, glamour nem bastidores da obra-prima de Orson Welles. A história mostra a clausura num rancho do beberrão Mank para escrever o roteiro e atravessa os meandros da política americana sendo influenciada pelos chefões do cinema. Grande diretor, Fincher preenche a tela com imagens grandiosas, mas peca por não ter uma narrativa fluida capaz de deixar seu filme mais “palatável” para o grande público. Está na Netflix.
Vale a pena? Esteticamente, o filme é um primor e tem tudo para garantir os prêmios de fotografia, desenho de produção e figurinos. Eu até gosto porque me interesso por bastidores do cinema, mas confesso que achei entediante em alguns momentos. Se for assistir, vá com tempo, calma, paciência e sem sono.
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Pieces of a Woman > É a primeira indicação de Vanessa Kirby ao Oscar de melhor atriz. A inglesa já tinha roubado a cena como a princesa Margaret nas duas primeiras temporadas de The Crown. Volta a brilhar no papel de Martha, uma mulher que, após um parto complicado, passa por um período de provações e resiliência. Está na Netflix.
Vale a pena? Achei até injusta a indicação solitária de melhor atriz. É um trabalho excelente que merecia maior reconhecimento. Além de uma direção de pulso firme (com um plano-sequência fabuloso no início), há dois coadjuvantes que foram esnobados: Shia LaBeouf, que faz o marido, e Ellen Burstyn, que interpreta a mãe da protagonista. Vale muito a pena!
O Som do Silêncio > A indicação de melhor ator para o inglês Riz Ahmed era esperada, mas o drama sobre uma baterista que perde a audição voou mais longe e conquistou vaga em outras cinco categorias: melhor filme, ator coadjuvante (para o excelente Paul Raci), som, roteiro original e montagem. Está no Amazon Prime Video.
Vale a pena? Muito! Se não fosse Chadwick Boseman, Riz Ahmed teria boa chance de levar o Oscar. O trabalho do ator é fabuloso – e muito difícil. Paul Raci também está excelente.
Era uma Vez um Sonho > Quando criança, J.D. foi criado por Bev (Amy Adams), mãe solteira que trabalhava como enfermeira. Adulto, J.D. (Gabriel Basso) conseguiu cursar direito na Universidade Yale, mas, sem ter dinheiro para pagar a faculdade, precisa ganhar uma vaga num estágio. E é nessa hora que sua irmã mais velha telefona pedindo ajuda: a mãe foi internada após uma overdose de heroína. A avó de J.D é interpretada pela grande Glenn Close, indicada a melhor atriz coadjuvante. O filme também está no páreo para melhor maquiagem/cabelos. Está na Netflix.
Vale a pena? Vale! Eu adoro dramas familiares e não me decepcionei. Fiquei até emocionado no final. A atuação de Glenn Close é duvidosa, tanto que a atriz também concorre ao Framboesa de Ouro, que é o “Oscar” dos piores do cinema. Prefiro o trabalho da (mais uma vez) esnobada Amy Adams.
Fita de Cinema Seguinte de Borat> Maria Bakalova está no páreo e é forte concorrente ao Oscar de melhor ator atriz coadjuvante. A comédia ainda concorre em melhor roteiro adaptado. Sacha Baron Cohen volta a interpretar o repórter do Cazaquistão que, após anos na prisão, retorna aos Estados Unidos para oferecer a Mike Pence, o vice-presidente de Donald Trump, um… macaco (!). Ao chegar ao Texas, Borat se surpreende ao ver que sua filha (Maria) ocupou o lugar do animal. Está no Amazon Prime Video.
Vale a pena? Vale! Estava com saudade de Borat e seu humor politicamente incorreto. Me diverti muito e acho uma das melhores (e mais inteligentes) comédias dos últimos anos.
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